RIO DE JANEIRO
/2022
As Insubordinadas #4 (60x60x3cm)
R$ 7.760,00
Ficha Técnica
Ano: 2022
Outra Técnica
Técnica Mista
Abstrato Conceitual Contemporâneo
Colorido
60 cm 60 cm 3 cm
Descrição
AS INSUBORDINADAS #4
Mixed media (2022)
60 x 60 x 4 cm
Oxidação em latão
Moldura em madeira natural tom tabaco, com verso em vidro.
**Não há vidro na frente da obra**
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Meu crescente interesse pelos estados transitivos, pela passagem entre as coisas e processos ambíguos de construção; me conduziu à oxidação da matéria. AS INSUBORDINADAS surgem da própria vibração do metal, a investigação não parte de um programa formal previamente estabelecido. É negociação com o tempo, com o ar e a umidade. É resistir à frustração de sucessos efêmeros, a melancolia de ver uma cor ou uma textura desaparecer.
Me interessam os dilemas sobre a irreversibilidade do tempo, a complexidade da vida. Tento explorar a possibilidade de existir no limite. Onde de certa forma, o acúmulo é também ausência. Quanto mais a chapa oxida, menos resiste e mais espessa torna-se. O resultado carcomido que o trabalho possui foi alcançado de forma lenta, sem pressa. Há na desesperada fragilidade dos fragmentos e pingos que se descolam e caem do metal, a certeza que estávamos enganados; que a inteireza era apenas aparente. Temos a nostalgia da continuidade perdida. Existe algo de brutal, algo de doloroso em avistar o fim. Suportamos mal a individualidade perecível que somos. E essa dinâmica pode ser aplicada à arte. Se não há uma permanência associada com uma dada obra, continuamos soprando vida.
A chapa metálica foi submetida a sucessivos processos de corrosão com óxidos férricos. Cada obra leva em torno de cem dias para ganhar sua caixa de madeira e deixar o ateliê. Trata-se de um organismo vivo, que seguirá em lento desgaste, conforme condições climáticas às quais for exposto. Estar atento à passagem do tempo, é assistir a transformação do trabalho em sua natureza “sempre desaparecendo”. É treinar o olhar de espera, sem antecipação. Resistir à curiosidade de acelerar a oxidação natural da matéria em excesso, abreviando sua existência e perdendo a beleza alquímica do processo.
Patricia Borges
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