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Dan Fialdini 1

O lúdico e o construtivismo se encontram no trabalho do artista plástico Dan Fialdini em suas obras esculpidas em mármore. Seu trabalho revela diversidade e dedicação a um trabalho artesanal e solitário. São peças elegantes e delicadas, caso da “Know-a-bit”, feita em mármore de Carrara e da contrastante “Ra”, feita com base em arenito do Paraná e folha de ouro, que homenageia o deus do Sol egípcio.

 

Dan Fialdini foi assessor de Pietro Maria Bardi, o mítico diretor do Museu de Arte de São Paulo (Masp) por duas décadas, de 1970 ao início dos anos 90, onde também foi curador de exposições e montagens. Em seguida, passou a se dedicar primordialmente à escultura, um ofício em que completa um ciclo de 30 anos de atividade.

 

Em um processo lento, o artista trabalha em blocos maciços de mármore em tons claros, que ressaltam as sombras, dando maior dramaticidade às peças. Sem o auxílio de assistentes, é ele quem esculpe a pedra bruta em um trabalho integralmente artesanal e de imersão.

 

Esculpidas na dureza do mármore, muitas de suas esculturas lembram cenários mediterrâneos, paisagens imaginárias e cidades mitológicas. Vistas em conjunto transmitem uma aura de tranquilidade, que remete a um eloquente e sereno silêncio.

 

As esculturas de Dan Fialdini despertam uma nostalgia de um tempo e um lugar indefinidos. São casas, fachadas, barcos ou estranhos cenários imaginários, esculpidos no mármore, que parecem saídos de alguma paisagem mediterrânea. Há uma certa teatralidade em sua obra, reforçada pelo uso da luz como elemento central da escultura.

 

Dan não gosta de atribuir referências regionais a seu trabalho. “Eu não penso em nada”, diz ele, realçando a importância da liberdade criativa, inconsciente, em seu trabalho. E conta que já destruiu várias coisas a marteladas por julgar que havia forçado demais em alguma direção. Mas se diverte lembrando que alguns o relacionam com Israel, outros com a Itália, outros ainda com a Grécia. Para ele isso não importa. Mas concorda que talvez o material seja parcialmente responsável pelo clima mediterrâneo, berço da civilização ocidental, identificado no trabalho. Afinal, o mármore é a matéria-prima por excelência da escultura, e em sua obra tudo começa com a pedra. É o mármore que indica os caminhos a serem tomados. em seus diferentes diálogos travados com a pedra, Dan não teme a figura como no início. Se for preciso traçar algum tipo de árvore genealógica, ela seguramente pertence à família metafísica dos Morandis e De Chiricos, que estão entre os artistas que Fialdini aprendeu a admirar nos 30 anos que já dedicou à arte. Afinal, ele começou a trabalhar no Masp em 1970, onde permaneceu por 21 anos tornando-se um dos principais auxiliares de Pietro Maria Bardi. Se essa experiência foi muito importante para sua formação como artista, ela também serviu para retardar a evolução da carreira de Fialdini.

 

Como pondera Cacilda Teixeira da Costa, a museologia fez com que ele não assumisse por vários anos “a aspiração secreta” de escultor, talvez intimidado pelo convívio com tantas obras-primas, “que constituíam ao mesmo tempo estímulo e bloqueio”. A lentidão do processo, no entanto, acabou contribuindo para o amadurecimento do trabalho. Figuração – “A minha primeira escultura não tinha nada de figurativo”, conta ele, afirmando que havia tentado fazer algo totalmente formal com aquelas caixinhas empilhadas. Mas as pessoas diziam: “bonitinho esse prédio”, conta ele. A escultura é de 1986. Não é a primeira de sua carreira, mas a que considera o ponto de partida de uma longa pesquisa que culminou com sua obra atual. “Continuo fazendo as mesmas coisas, mas fui amadurecendo no processo”, explica Fialdini. Esse desenvolvimento passou também por uma evolução técnica. Após ter aprendido a lidar com o mármore da maneira tradicional, Fialdini foi à Itália fazer um curso de aperfeiçoamento, aprendendo novas e mais rápidas maneiras de trabalhar a pedra. Dentre os vários tipos de mármore, ele prefere o travertino romano, uma pedra porosa, bem menos nobre do que o de Carrara, mas que garante uma maior dramaticidade à escultura. Mesmo não havendo nada de catártico ou de compulsivo na obra de Fialdini – “esculpir é algo lento, que requer disciplina” -, ela é totalmente feita de sentimento. É possível perceber em cada escultura um esforço em traduzir em formas um certo pensamento e uma certa emoção perante o mundo.

Por: AM Galeria de Arte

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