Artista

Claudio Barros

Nas deambulações pela cidade de São Paulo, Claudio Barros recolhe algumas cicatrizes do abandono, fenômeno esse que, para o artista, é dado pela própria metrópole, de urbanismo descuidado e, por isso mesmo, desacolhendo muitos moradores. O artista simboliza essa percepção apropriando-se de madeiras, algumas nobres,deixadas em cantos da metrópole. Carregando as cifras que guarda desse descaso, o artista trata o material com o esmero que faltou ao ser largado em algum lugar. A partir daí, o trabalho se desdobra: Claudio retorna aos seus percursos, pesquisa cores, fachadas, cortes e os fotografa querendo, com isso, construir uma expressão do que foi vivido e revisto. O que surge são camadas do presente sobre o passado, ou seja, camadas do tempo espacializadas nos recortes dos desobjetos pictóricos,instaurando um bricabraque, colorido e luminoso, de presenças e ausências vividas, de memórias, percepções e afetos.

Claudio Barros nasceu no Rio de Janeiro, em 1963. A pintura é a linguagem na qual guarda os indícios e restos dos diálogos estéticos feitos com seus mestres, como o artista Carlos Scliar, que conheceu em Ouro Preto, onde residiu entre 1982 e 1984. A partir de 1985, vem para São Paulo e atua como arte educador no Setor Educativo da Bienal Internacional de São Paulo, em projetos na Secretaria do Estado do Menor, em escolas municipais com oficinas e workshops. Como artista, participa de exposições

coletivas e individuais. Entre as mais recentes, destaca-se o 46º SARP, Salão de Arte de Ribeirão Preto, em 2022 e, em 2020, o Salão de Arte de Vinhedo, em 2020, onde recebeu o Prêmio Aquisição.

Entre as exposições individuais, Cláudio realizou, em 2017, Fachadas: uma geometria orgânica da pintura, em Ouro Preto, Minas Gerais e em 2015, Claudio Barros, pinturas, desenhos e gravuras, no Espaço Cultural do TRT da 15ª Região, em Campinas, além de outras mostras realizadas em São Paulo, no MuBE - MuseuBrasileiro de Escultura, em São Paulo; na Galeria Paulo Prado e na Galeria do SESC Paulista.

Em O gesto fugaz, exposição que inaugura, junto com Felipe Zorlini, na Casagaleria Oficina de Arte Loly Demercian, a partir de 24 de novembro, Cláudio nos oferece um encontro com reminiscências do ver, pré-histórias de lugares vividos e perdidos, carregados de manifestos visuais sobre os restos da cidade. Essa linguagem de recortes flui o olhar transcendente de

Claudio Barros que vê nas sombras da cultura uma denúncia para além dos limites de cada imagem.

Carmen Aranha

Por: Casagaleria e Oficina de Arte

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