

Exposição individual "Re-Utopya", de Hal Wildson
Exposição
- Nome: Exposição individual "Re-Utopya", de Hal Wildson
- Abertura: 15 de março 2025
- Visitação: até 26 de abril 2025
- Galeria: Galeria Lume
Local
- Local: Galeria Lume
- Evento Online: Não
- Endereço: Rua Gumercindo Saraiva, 54 – Jardim Europa
Galeria Lume | Exposição "Re-Utopya", de Hal Wildson
Identidade. Memória. Esquecimento. Quais histórias escolhemos lembrar e quais preferimos esquecer? Esse é o ponto de partida da exposição “Re-Utopya”, primeira individual de Hal Wildson em São Paulo, que entra em cartaz no dia 15 de março na Galeria Lume. Com texto curatorial de Lucas Albuquerque, a mostra tem origem no Prêmio Breeze, no qual Wildson foi contemplado em 2024, e cuja exposição homônima foi apresentada na Embaixada do Brasil em Londres. Agora, na Galeria Lume, “Re-Utopya” ganha novas obras e expografia, enquanto o artista constrói narrativas que questionam os projetos de identidade e apagamento que moldam a história oficial do Brasil, dissolvendo as fronteiras entre arquivo e memória.
A Re-Utopya de Wildson pode ser interpretada como a capacidade de recriar, redesenhar e reestruturar o desejo de sonhar. As obras da exposição convidam o visitante a olhar para o passado e refletir sobre os caminhos que não desejamos mais seguir, ao mesmo tempo em que evocam o potencial de imaginar futuros mais justos. É um convite a revisitar nossas memórias, reavaliar nossos esquecimentos e reimaginar nossas utopias. Citando o artista, “é na memória que plantamos a semente do futuro”.
De quantas palavras, imagens, digitais e símbolos se fazem uma identidade? É na aposta da singularidade humana, subjetiva, que o artista Hal Wildson propõe uma nova utopia para o Brasil. Mais um exercício de fabulação que um norte a ser seguido, a proposta do artista é promover a criação de uma memória coletiva mirando os saberes oriundos de diferentes ancestralidades que compõem a malha social brasileira.
Fazendo parte de uma geração de artistas cujos trabalhos políticos propõem uma descentralização do discurso histórico, Wildson o revisiona, de modo a recuperar a memória de rostos invisibilizados pelo discurso oficial. É neste sentido que elementos associados à ideia do arquivo, como a máquina de escrever, o carimbo e o cartão de identidade nacional, se tornam ferramentas fundamentais para a reparação de um sistema de discursividade que determina as possibilidades de enunciação, o direito à posteridade e a regulação da formação de um país.
É, contudo, através de sua história pessoal que irradia o chamariz por onde são conduzidas as questões que permeiam a sua prática. Wildson é natural do Vale do Araguaia, território indígena Xavante situado na divisa entre Goiânia e Mato Grosso que desde o século XVII fora invadido por bandeirantes paulistas. A cidade foi erguida um século mais tarde, em 1872, por garimpeiros do Mato Grosso. É no rastro da história dos conflitos entre a imposição da civilização branca e as resistências indígenas locais contra o avanço do garimpo que se formula a consciência crítica do artista: partilhada através da autonomia do objeto artístico, que ora convoca da denúncia à ação, ora enuncia novos horizontes políticos e sociais, travados a partir de levantes sociais.
Conhecido por seus desenhos em datilografia, técnica de escrita que utiliza máquinas de escrever analógicas, o artista brasileiro Hal Wildson cria composições de caráter figurativo em grandes escalas. Ele descende de uma linhagem de artistas da década de 1950, como Augusto de Campos, Mira Schendel e Ruth Rehfeldt, para os quem os usos dessa tecnologia possibilitaram a experimentação simbólica intercambiante entre imagem, palavra e significado. Agora, Wildson enxerga no índice da obsolescência tecnológica a possibilidade de uma reescrita da história, borrando as fronteiras entre arquivo e memória, oficialidade e discurso, e, portanto, entre passado e presente. É nesse sentido que as matrizes das máquinas encharcam o papel, letra por letra, de tinta preta e vermelha, que não só referenciam a especificidade técnica do seu meio, como também aludem às pinturas em vermelho-urucum e preto-carvão dos povos indígenas latino-americanos, que frequentemente figuram os seus trabalhos.
Esta exposição se abre, contudo, para desdobramentos recentes dos processos investigativos do artista: a borracha surge como elemento simbólico para a compreensão dos apagamentos históricos, fragmenta uma história que não desapareceu; e a impressão digital, por sua vez, age como elemento metonímico daquilo que é único e, ao mesmo tempo, indissociável, na formação gestaltiana da composição. Em um contexto britânico, a história latino-americana convoca, ainda, a se pensar paralelos entre outras histórias de imigrantes dentro da malha social britânica,
entendendo os pontos de contato e de diferença das conquistas e resistências desenhadas em torno de outras colônias europeias ao redor do mundo. Afluente, tal como as ramificações do Rio Araguaia: é assim que Hal Wildson traça a história de seu povo.
Lucas Albuquerque
Serviço
Exposição “Re-Utopya”, individual de Hal Wildson
15/03/25 à 26/04/25
Abertura: 15/03/25 às 11:00h - 17:00h
Segunda-feira, Terça-feira, Quarta-feira, Quinta-feira, Sexta-feira das 10:00h às 19:00h
Sábados das 11h às 15h
Galeria Lume
Rua Gumercindo Saraiva, 54
Jardim Europa | São Paulo | Brasil
galerialume.com