Exposição "Multidões e Silêncios", de Inácio Rodrigues
Exposição
- Nome: Exposição "Multidões e Silêncios", de Inácio Rodrigues
- Abertura: 30 de outubro 2024
- Visitação: até 02 de dezembro 2024
Local
- Local: Galeria Bereni Cearvani
- Evento Online: Não
- Endereço: Rua Oscar Freire, nº 540 | Jardins - São Paulo
Inácio Rodrigues: Multidões e Silêncios
Inácio Rodrigues (1946, Acaraú, CE) nasceu artista e construiu, a partir desta certeza, um currículo vasto, sólido e coerente, onde se destacam três Bienais de São Paulo (1973, 1977 e 1989), mostra Panorama(1979), várias edições do Salão Nacional de Arte Moderna, dezenas de prêmios Brasil afora e a inclusão em diversas coleções públicas de prestígio.
Seu talento e dedicação renderam ainda ao artista uma fortuna crítica invejável, assinada por críticos, jornalistas, curadores e amigos, como Abdias do Nascimento, Ferreira Gullar, Antonio Bento, Roberto Pontual, Fernando Pinto, Clarival do Prado Valladares, Juvenal Pereira, Jaime Maurício, Geraldo Edson de Andrade, Walmir Ayala, Frederico Morais, José Roberto Teixeira Leite, Jacob Klintowitz e outros.
Sobre a série “Encarcerados”, Abdias Nascimento escreveu: “Patéticos prisioneiros da miséria nordestina”. Também colecionador ecurador, Abdias adquiriu obras de Inácio e expôs duas delas na coletiva “13Brazilian Artists”, no Center for the Humanities da Weisleyan University, em Middetown (Connecticut, EUA), em 1970.
Os “encarcerados” compõem o “núcleo duro” desta mostra “Inácio Rodrigues: Multidões e Silêncio”, na Galeria Berenice Arvani, sendo algumas inéditas e outras exibidas nas primeiras individuais do artista, nas cariocas galerias Giro (1968) e Goeldi (1969). Esses homens cerceados de sua liberdade marcam o início da profissionalização do artista. “Partindo do retrato individual, já corroído por amargura talvez atávica, restos da origem e infância no Nordeste, Inácio chegou então a registrar as prisões contemporâneas do homem-multidão”, registrou Roberto Pontual em 1972. São retratos de dor, violência e repressão sob grades que delimitam espaços e que servem ainda para criar perspectiva e profundidade.
Antes disso, amante das artes desde a pré-adolescência, Inácio perpetuava em retratos e paisagens suas visões a bordo do Tarcísio, o barco de duas velas de seu tio, no qual ele percorreu Norte e Nordeste, entregando cargas e coletando observações e lembranças, em lápis, aquarela e guache. “Somos dois sobreviventes”, pontuou certa vez Ferreira Gullar.
A partir dos anos 70, um novo turning point em sua carreira desloca seu olhar para o futuro, aquele de “2001 – Uma Odisseia no Espaço”, de Stanley Kubrick; da viagem da Apollo 11 e do alunissar de Neil Armstrong e Buzz Aldrin; da chegada da televisão a cores no Brasil. Em suas “Paisagens Espaciais” as multidões desaparecem e dão lugar a paisagens oníricas repletas de forma, cor e espaço. São constelações de ideias em que reina um silêncio cósmico. É com esta nova produção que Inácio se apresenta nas 12ª e14ª Bienais de São Paulo (1973 e 1977), quando exibe pinturas em grandes dimensões com referências à arte pop e à segunda geração de surrealistas no Brasil, mas onde a junção de planos antagônicos e complementares, o recorte geométrico, e a exuberância da cor ainda são protagonistas. Três delas retornam nesta exposição na Galeria Berenice Arvani.
Inácio Rodrigues permanece hoje em plena atividade, criando variações, novas propostas e releituras de sua série “Ecológicas”, protagonista a partir dos anos 80. O artista critica a destruição do planeta sem ser panfletário. Sonha que a beleza vai vencer... “Inácio volta-se para o seu planeta, que analisa amorosa, mas criticamente, preocupado com a poluição que lhe ameaça fauna e flora, atmosfera e recursos, rios, mares, florestas e montanhas”, escreveu José Roberto Teixeira Leite. Suas pinturas recentes transitam de cores vibrantes a visões obscuras de tragédias iminentes.
No centro de sua nova constelação, a Terra, azul, centro radiante de sua produção, idealizada como uma musa. “Andarilho no cosmos. Artista visual, antes e depois de tudo”, como descreveu Jacob Klintowitz.
Celso Fioravante
Inácio Rodrigues: Multidões e Silêncios
Galeria Bereni Cearvani
Rua Oscar Freire, nº 540 | Jardins - São Paulo - SP
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