Exposição "Judith Lauand: desvio concreto"
Exposição
- Nome: Exposição "Judith Lauand: desvio concreto"
- Abertura: 25 de novembro 2022
- Visitação: até 02 de abril 2023
Local
- Local: MASP — Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand
- Evento Online: Não
- Endereço: Avenida Paulista, 1578 – Bela Vista
MASP APRESENTA A MAIOR EXPOSIÇÃO DEDICADA À PRODUÇÃO
DE JUDITH LAUAND NO ANO DO CENTENÁRIO DA ARTISTA
Com 124 obras, mostra propõe uma revisão da trajetória
de mais de sete décadas da primeira artista concreta do Brasil
O MASP — Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand apresenta, de 25 de novembro de 2022 a 2 de abril de 2023, a mostra individual Judith Lauand: desvio concreto, que ocupa o 1º andar do museu. Com curadoria de Adriano Pedrosa, diretor artístico do MASP, e Fernando Oliva, curador do MASP, e assistência de Matheus de Andrade, assistente curatorial do MASP, a exposição é a maior já dedicada à obra da artista concreta, que neste ano completou 100 anos de vida e mais de sete décadas de produção.
Judith Lauand (1922, Pontal, SP) graduou-se em Artes Plásticas pela Escola de Belas Artes de Araraquara, em São Paulo, cidade que integrava importante polo econômico e cultural da época. O ambiente progressista da faculdade mostrou-se decisivo para o seu momento de abandono da figuração, em direção ao abstracionismo e à geometria, como revela este trecho extraído de um manuscrito de sua autoria:
"Pintei uma natureza-morta. Então eu me levantei e me distanciei da tela para ver o que havia feito. Vi um quadro abstrato. O prato eram vários círculos, a garrafa um retângulo, a mesa, triângulos e no fundo sinais de objetos. Procurando depurar os traços, buscando só o essencial, realizei uma pintura abstrata com base em formas da natureza."
Em 1952, Lauand mudou-se para São Paulo com a família. Em 1954, foi monitora na 2ª Bienal Internacional de São Paulo, momento em que entrou em contato com a obra de artistas como Alexandre Wollner (1928-2018) e Geraldo de Barros (1923-1998). No ano seguinte, recebeu um convite de Waldemar Cordeiro (1925-1973) para fazer parte do Grupo Ruptura, sendo a única mulher a participar ativamente desse movimento histórico que reuniu, de modo pioneiro, artistas interessados em desenvolver a arte concreta no Brasil. Lauand fez parte também da 1ª Exposição Nacional de Arte Concreta, realizada primeiro no Museu de Arte Moderna de São Paulo, em 1956, e depois no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 1957.
"Tanto a narrativa da exposição quanto os ensaios de seu respectivo catálogo apontam para o fato de haver, desde cedo em seu percurso, uma propensão à geometria e ao abstracionismo", analisa Fernando Oliva. "Mesmo em suas primeiras produções, nota-se que, apesar de figurativa, ela já fugia dos maneirismos acadêmicos mais tradicionais e das repetições estilísticas."
Para além dos dogmas do concretismo em que havia se iniciado, a artista concebeu um dinamismo muito próprio, criando novas relações entre formas, linhas e cores, transcendendo regras e convenções da época. "Apesar do rigor formal que empregou em suas composições, o ritmo e o movimento nunca desapareceram de seus trabalhos, que contrapõem os elementos por meio de um equilíbrio dinâmico, gerando tensões e rupturas, outra marca de sua singularidade artística que será explorada por esta exposição", pontua Oliva.
A mostra Judith Lauand: desvio concreto pretende fomentar novas pesquisas e debates em torno do seu trabalho, por meio de 124 obras e dezenas de documentos de seu arquivo pessoal, colocando em perspectiva a decisiva transição – um desvio –, operada por ela em meados dos anos 1950, do figurativismo para a geometria abstrata. Ganha destaque na mostra a obra Acervo 29, Concreto 33 (1956), uma das mais emblemáticas em sua trajetória e que acaba de ser doada pela família da artista ao MASP no contexto desta mostra, sendo a primeira de sua autoria a integrar a coleção da instituição.
No começo da década de 1960, a artista experimentou novas técnicas sobre o plano, que incluíam diálogos entre imagem e palavra, e mais tarde partiria para a materialidade de objetos sobre a superfície, a partir da aplicação de grampos, clipes, tachinhas e outros elementos, como objetos industrializados e tecnológicos. Nas palavras de Lauand: "Na arte concreta o espaço foi vivificado, tomou corpo e importância — as cores puras, a superfície bidimensional — o uso do revólver ao invés do pincel para obter uma pintura despersonalizada e parecida com aquela utilizada pela indústria, sem as marcas do pincel".
Entre a segunda metade dos anos 1960 até o início deste século, as produções de Lauand passaram por outros desvios, envolvendo o retorno à figuração e mais tarde novamente à abstração. "Faltam, no entanto, estudos e exposições que possam se aprofundar sobre esses outros momentos de sua trajetória, articulando-os com os períodos mais conhecidos e celebrados, os anos 1950 e 1960. O que esperamos que aconteça a partir do impulso fornecido por esta exposição e catálogo", finaliza Oliva.
A exposição pretende ainda abordar novas perspectivas em sua obra, reforçando a presença de questões políticas como a repressão da ditadura militar no Brasil, a guerra do Vietnã e a condição da mulher na sociedade brasileira, quando a artista atravessa temas como violência, sexualidade, submissão e liberdade feminina.
A exposição Judith Lauand: desvio concreto integra a programação bienal do MASP dedicada às Histórias brasileiras (2021-22), por ocasião do bicentenário da independência do Brasil, que este ano inclui ainda exposições de Madalena Santos Reinbolt e Cinthia Marcelle.
SOBRE JUDITH LAUAND
Judith Lauand nasceu em 1922 em Pontal, interior de São Paulo. Em 1950, forma-se pela Escola de Belas Artes de Araraquara. Em 1952, muda-se para São Paulo com a família e, em 1954, torna-se monitora na 2ª Bienal Internacional de São Paulo. No ano seguinte, recebe um convite de Waldemar Cordeiro (1925-1973) para fazer parte do Grupo Ruptura, sendo a única mulher a participar ativamente desse movimento histórico. Lauand fez parte da 1ª Exposição Nacional de Arte Concreta, realizada primeiro no Museu de Arte Moderna de São Paulo, em 1956, e depois no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 1957. Sua primeira individual em um museu no país se deu em 1977, no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP). Depois de 15 anos, o MAC-USP sedia, em 1992, uma nova exposição monográfica em torno de sua produção. Até esta retrospectiva do MASP, em 2022, a mais recente individual de Lauand em uma instituição museológica relevante havia acontecido apenas em 2011, no MAM-SP. Obras da artista fazem parte do acervo do MAC-USP, da Pinacoteca de São Paulo, do Museu de Arte Contemporânea de Niterói, do MAM-SP, do MAM Rio e, recentemente, do MASP. No exterior, seus trabalhos integram os acervos do Museum of Fine Arts, de Houston, nos Estados Unidos, e do Musée de Grenoble, na França, entre outras instituições.
CATÁLOGO
Acompanhando a mostra, será publicado um catálogo que reúne imagens e ensaios inéditos, em português e inglês, de Aliza Edelman, Eva Froitzheim, Fernando Oliva, Heloisa Espada, Paulo Herkenhoff, Talita Trizoli e uma nota biográfica escrita por Matheus de Andrade. Com design de Paula Tinoco e Roderico Souza do Estúdio Campo, ganha impressão em capa dura, vendida no MASP Loja, online ou física.
SERVIÇO
JUDITH LAUAND: DESVIO CONCRETO
Curadoria de Adriano Pedrosa, diretor artístico, MASP e Fernando Oliva, curador, MASP, com assistência de Matheus de Andrade, assistente curatorial, MASP
1º andar
25.11.22 — 2.4.23
MASP — Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand
Avenida Paulista, 1578 – Bela Vista
01310-200 São Paulo, SP
Telefone: (11) 3149-5959
Horários: terça grátis, das 10h às 20h (entrada até as 19h); quarta a domingo, das 10h às 18h (entrada até as 17h); fechado às segundas
Agendamento on-line obrigatório pelo link https://masp.org.br/ingressos
Ingressos: R$ 50 (entrada); R$ 25 (meia-entrada)