Exposição individual "Os trabalhos e os dias", de Marilá Dardot
Exposição

Exposição individual "Os trabalhos e os dias", de Marilá Dardot

Exposição

  • Nome: Exposição individual "Os trabalhos e os dias", de Marilá Dardot
  • Abertura: 03 de setembro 2025
  • Visitação: até 11 de outubro 2025
  • Galeria: Galeria Lume

Local

  • Local: Galeria Lume
  • Evento Online: Não
  • Endereço: R. Gumercindo Saraiva, 54, Jardim Europa – São Paulo

Marilá Dardot aborda trabalho, sonhos e desigualdade em nova exposição 


Sua primeira individual na Galeria Lume reúne pinturas, fotografias e instalações que refletem sobre as realidades de detentas no México e trabalhadores no Brasil



Partindo de diferentes perspectivas acerca do sonho e das formas como o desejo se manifesta na literatura e no dia a dia da classe trabalhadora, Marilá Dardot inaugura sua primeira individual na Galeria Lume, no dia 3 de setembro de 2025, com texto crítico de Maria Angélica Melendi. A mostra Os trabalhos e os dias reúne obras recentes e colaborativas que aprofundam sua pesquisa sobre o futuro, em meio a emergência climática e a disfunção do sistema capitalista. Dardot, conhecida por seu trabalho que dialoga com o conceitualismo latino-americano, usa a palavra como um elemento central em sua obra, retirando-a de seu contexto original e ressignificando-a em diferentes mídias e suportes.


A colaboração com outras pessoas é um ponto central da exposição. Em Sueño despierto (2024), a artista trabalhou com 14 detentas de uma penitenciária feminina no México. Juntas, elas bordaram, com fios dourados e prateados, versos do poeta cubano José Martí e acrescentaram seus próprios sonhos, como "voar" e "ter uma vida mais livre". O trabalho reflete a realidade de mulheres que, segundo a artista, raramente recebem visitas, como se o fato de estarem presas fosse fonte de desonra para seus familiares e amigos. Parte da venda desta obra será revertida para o projeto Llegamos a Creer, que busca gerar trabalho, recursos, ocupação, aprendizado e criação na mesma penitenciária.


Outro trabalho colaborativo, Ainda temos desejo (2025) apresenta seis polípticos com fotos das mãos de trabalhadores de diferentes profissões – de funcionários de hotéis a trabalhadores da Fundação Bienal de São Paulo. A obra é um desdobramento de um projeto que a artista realizou em uma residência artística num hotel de luxo na Baja Califórnia, no México, em 2024, motivado a partir da pergunta de um garçom no seu primeiro dia: O que você deseja?. Ao lado das imagens, estão os desejos escritos pelos próprios fotografados, revelando aspirações simples e diretas, como "ter férias coletivas em junho" ou "ser motorista profissional de caminhão". A obra provoca uma reflexão sobre as condições de trabalho e as necessidades básicas de pessoas anônimas.


Ao levantar reflexões acerca de sonhos e, portanto, de projeções do futuro, a artista se depara com a questão incontornável do aquecimento global em curso. Foguetex do futuro (2025) na qual picolés em quatro cores e sabores diferentes em formato de foguete – inspirados em um produto tradicional de Guadalajara – são distribuídos ao público. Cada picolé vem acompanhado de um guardanapo com informações sobre o aquecimento global, unindo uma experiência sensorial a uma mensagem de alerta. A obra ironiza a disparidade entre as altas emissões de carbono dos mais ricos, que investem em foguetes para uma possível fuga ao espaço, e a ameaça de extinção da espécie humana diante do aumento da temperatura do planeta. A distribuição dos picolés acontece na abertura e no dia 13 de setembro.


A exposição marca ainda a retomada da artista ao fazer manual, com destaque para a pintura. Na série Sonho encarnado (2025), versos com a palavra "sonho", emprestados de autores renomados, são pintados sobre telas de linho colorido. Tradicionalmente usada como suporte em pinturas a óleo, as telas são usadas aqui como linguagem da própria pintura, considerando suas cores industriais, trama e plasticidade.


O Brasil lidera a América Latina em número de milionários em dólares — são cerca de 433 mil pessoas — e, ao mesmo tempo, é o mais desigual, segundo o Relatório Global de Riqueza 2025, do banco suíço UBS. Sob este contexto, a artista apresenta Seu tempo nas suas mãos (2025) que relata sua experiência, motivada pelo convite de uma empresa de transporte aéreo, ao percorrer o trajeto de sua ex-diarista até Francisco Morato, na Grande São Paulo. O percurso, feito primeiro por transporte público (metrô, trem e ônibus, em 2h30) e depois de helicóptero (em 20 minutos), reafirma a distância social e econômica entre a elite e a classe trabalhadora.


Em formato de publicação editada pela Parêntesis, a obra traz, além do relato, citações de Anne Sibran, o poema Mapa de Ana Martins Marques, a fotografia Pega de banco de Metrô ou escultura para o herói desconhecido (1977) de Carlos Zilio, e um mapa do trajeto pelo transporte metropolitano. A mesma será lançada no dia 6 de setembro de 2025, com período dedicado à assinatura de exemplares pela artista.


SOBRE A ARTISTA

Marilá Dardot (Belo Horizonte, 1973) é artista visual e Mestre em Artes Visuais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Vive e trabalha entre Cidade do México e São Paulo. O trabalho da artista atravessa, entre outros pontos, a memória constituída pela cultura. Desde os trabalhos que lidam com livros, literatura e linguagem, até os que tratam de temas apagados da história por posições políticas, censura, gênero ou pelo tempo. Nos últimos anos, Dardot tem constituído um grupo de trabalhos a partir da observação de narrativas históricas que passam por recorrências, sobreposições ou pela efemeridade das notícias.


SOBRE GALERIA LUME

Fundada em 2011, a Galeria Lume tem como proposta fomentar o desenvolvimento de processos criativos contemporâneos em diálogo próximo com artistas cuja produção se concentra, em especial, na cena latino-americana. Sob a direção de Paulo Kassab Jr. e Victoria Zuffo, se dedica a romper fronteiras entre disciplinas e linguagens, com especial interesse pela confluência entre literatura, música, fotografia e práticas manuais. A galeria representa um grupo seleto de artistas, tanto emergentes quanto consolidados, que exploram a arte em suas múltiplas mídias e formas de expressão. 


Por meio de um programa expositivo plural e comprometido com ideias que refletem o espírito do tempo, a Galeria Lume busca provocar diálogo e reflexão. Atuando de forma ativa e orgânica no circuito artístico, a galeria participa de importantes feiras nacionais e internacionais, além de colaborar com instituições, museus e coleções de relevância. Também investe na produção de publicações, catálogos e materiais de pesquisa, contribuindo para a difusão e o registro crítico da obra de seus artistas. Mais do que um espaço expositivo, se configura como um campo expandido de experimentação, pensamento e troca. Recebe palestras, seminários, performances e apresentações diversas, promovendo encontros que atravessam linguagens e intensificam os sentidos da criação contemporânea.


SERVIÇO

Os trabalhos e os dias, de Marilá Dardot


Galeria Lume 

R. Gumercindo Saraiva, 54 – Jardim Europa, São Paulo


Abertura: 3 de setembro de 2025, quarta-feira, das 18h às 21h

Visitação: até 11 de outubro de 2025


Segunda a sexta, das 10h às 19h; sábados, das 11h às 15h


Entrada gratuita

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