

Exposição individual “Beira do tempo”, de Thiago Hattnher
Exposição
- Nome: Exposição individual “Beira do tempo”, de Thiago Hattnher
- Abertura: 05 de abril 2025
- Visitação: até 31 de maio 2025
Local
- Local: Almeida & Dale
- Evento Online: Não
- Endereço: R. Caconde, 152 - Jardim Paulista
“Beira do tempo” de Thiago Hattnher na Almeida & Dale
Beira do tempo, a primeira individual de Thiago Hattnher no Brasil, é resultado de uma relação persistente e meticulosa com a pintura.
O artista propõe uma construção vagarosa, atenta. Tem por hábito trabalhar muitas telas simultaneamente, sem saber de antemão como o trabalho vai ser. Utilizando tinta a óleo, cuja secagem é lenta, ele sobrepõe camadas, criando campos de cor e de forma que oscilam entre harmonias e desequilíbrios, articulando-se em um jogo provocativo entre zonas neutras, áreas que sugerem jogos abstratos ou paisagens imaginárias, linhas que simulam horizontes, citações que remetem à paisagem ou ao gênero da natureza morta, evocando assim a história da pintura.
São trabalhos, como diz Hattnher, muito mais motivados por atmosferas do que por narrativas. Aspecto que o artista reforça ao optar por não dar título às obras, nem as isolar por meio de molduras. Ao deixar a lateral visível, ele dá visibilidade às camadas de cores (verde limão, laranja florescente…) que, juntas, criam uma aparência brumosa, difícil de definir.
“Trata-se de um pensamento que reluta em fixar-se em ideia e em alcançar sua forma final”, sintetiza Julia de Souza no texto crítico da mostra Beira do tempo. “A cogitação de Hattnher se aproxima mais do pensamento, da meditação e da preparação do que do cálculo”, acrescenta ela. Longe de ser um instrumento para contar histórias, demonstrar virtuosismos ou construir lógicas precisas, a técnica torna-se uma investigação persistente e diária, que cria como que uma temporalidade alargada. “Isso traz uma lentidão na leitura que eu gosto que o trabalho tenha”, afirma Hattnher.
Essa desaceleração temporal vai de encontro ao imediatismo contemporâneo. Remete à memória, como uma lembrança borrada, diz ele. Vistas em conjunto, as telas desafiam o espectador, convidando-o a descobrir elos e particularidades no interior de cada uma delas e também nos diálogos entre as várias obras, num movimento incessante de aproximação e afastamento, autonomia e síntese.
A exposição estabelece um diálogo profundo com a tradição pictórica, mas ao mesmo tempo a subverte, transformando a técnica em campo de experimentação e reflexão. Os formatos são normalmente pequenos e modulares. Há apenas uma tela um pouco maior, com 1,4 metro de largura, de um azul profundo, atmosférico, na qual “o impasse entre figura e fundo se exacerba”, como enfatiza Julia de Souza. O tipo de tinta usada é o mesmo, mas os materiais, técnicas e superfícies são diversos. Madeira, linho ou juta mais rústica absorvem a luz e a tinta de forma diferente, jogando com a percepção.
“Cada superfície me permite convocar uma imagem diferente”, destaca. Essas variações de ritmo, intensidade, duração – esse desenvolvimento errante, como ele diz – dão à obra algo de “notação musical”, como observa Mateus Nunes, atual curador do MASP, em seu texto crítico para a exposição que Hattnher realizou em Londres, no ano passado. Não por acaso, a dissertação de mestrado do artista na ECA-USP intitula-se, sugestivamente, Pintura, Silêncio e outros ruídos e trata das aproximações entre a produção de John Cage e Cy Twombly e sua própria investigação.
Há uma inquietação permanente na forma como Hattnher constrói sua obra. A pintura desde sempre foi sua linguagem, desde antes de deixar São José do Rio Preto para estudar artes visuais em São Paulo, em 2009. “Nunca tinha sido apresentado a outras práticas, era o que eu conhecia”, brinca.
Serviço
Início: 5 abril -10:00
Final: 31 maio -19:00
Local: Almeida & Dale
R. Caconde, 152 - Jardim Paulista
São Paulo, SP Brasil + Google Map