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Exposição "Gapoiando em águas ribeiras", do artista visual Osvaldo Gaia
Exposição

Exposição "Gapoiando em águas ribeiras", do artista visual Osvaldo Gaia

Exposição

  • Nome: Exposição "Gapoiando em águas ribeiras", do artista visual Osvaldo Gaia
  • Abertura: 06 de setembro 2024
  • Visitação: até 05 de outubro 2024

Local

  • Local: Salas Principal e Acervo - Referência Galeria de Arte
  • Evento Online: Não
  • Endereço: 202 Norte Bloco B Loja 11, Subsolo Asa Norte – Brasília-DF

Gapoiando em águas ribeiras |De Osvaldo Gaia



 No dia 6 de setembro, das 17h às 21h, a Referência Galeria de Arte inaugura a mostra "Gapoiando em águas ribeiras", do artista visual Osvaldo Gaia, com curadoria de Paulo Vega Jr.  Em sua primeira individual em Brasília, o artista paraense radicado no Rio de Janeiro apresenta obras inéditas em madeira, metal, linha e acetato para abordar a ancestralidade indígena e cabocla dos povos amazônicos, a lida com a água, a floresta, o alimento, o conhecimento passado de pai para filho. No dia da abertura, o artista e o curador realizam uma visita guiada à mostra que ocupará as salas Principal e Acervo. Visitação até 5 de outubro, de segunda a sexta, das 10h às 19h, sábado, das 10h às 15h. A Referência Galeria de Arte fica na 202 Norte Bloco B Loja 11, Subsolo, Brasília - DF. Telefone: +55 (61) 3963-3501; WhatsApp: +55 (61) 981-623-111. No Instagram @referenciagaleria.


 "Os trabalhos que o artista apresenta na Referência podem ser vistos pela lente da síntese", afirma o curador. "A produção do artista parte de experiências, objetos e situações reais e de seu contexto de origem para, então, em seu método particular, do insight aos projetos detalhados em seus cadernos de anotações e dos cadernos de anotações à execução de suas obras, resultando no amálgama de elementos de origem intangível e de origem tangível, da imaterialidade e da subjetividade da memória à concretude e fisicalidade da matéria", continua Paulo Vega Jr.


 "Gapoiando" é um termo do caboclo amazônico que se refere ao ato de adentrar no igapó e com as mãos espantar os peixes que se escondem debaixo de mururás, aguapés e vitórias-régias e assim capturá-los com mais facilidade.  A palavra deriva de igapó, que significa "Rio de raízes". Essa prática é bastante comum na região Amazônica e tem forte influência nas comunidades caboclas ribeirinhas, onde muitos encontram sustento na pesca.


 Pra onde vão os trens, meu pai? Para Mahal Tamí, Camiri, espaços no mapa, e depois o pai ria: também pra lugar algum meu filho, tu podes ir e ainda que se mova o trem tu não te moves de ti.


Tu não te moves de ti, de Hilda Hilst


A mostra é composta por três instalações distribuídas pelos dois andares da Referência. "Mariscando no remanso das escamas" é uma instalação de piso, feita com madeira de demolição, chumbo de tarrafa, acetato, linha e manta.  No centro, um círculo simboliza o curral, enquanto na extremidade há uma cortina de chumbo, representando o paradouro de sombra e uma corrente de escamas - camadas que desempenham diversas funções - que protegem e alertam sobre o perigo. "Garateia" é uma instalação de teto, com um tridente de anzóis de madeira de demolição, suspenso por fios e roldanas que sustentam a garateia. Abaixo, uma cúpula de chumbo de tarrafa funciona como uma espécie de armadilha de espera. "Descanso das Chumbadas" é uma instalação de parede, feita de madeira de demolição com chumbadas de chumbo, conectadas por linha em um círculo de madeira, em alusão a um estojo onde os pescadores cuidam de seus apetrechos.


"É como eu estivesse tateando esses saberes", diz Gaia. "Nesta exposição, o observador terá que ficar atento aos sinais e símbolos que ela carrega. O foco da mostra é revelar alguns desses sinais: a ancestralidade, costumes e saberes, que já fazem parte das minhas pesquisas. Observando os desenhos e a dinâmica dos currais de pesca, percebi que envolvem certa complexidade na sua elaboração e uso; possuem seções, salas, rebatedores e guias que direcionam os peixes. Alguns são construídos por uma família, enquanto outros são erguidos pelas comunidades, com o objetivo comum de obter seu sustento. A atividade pesqueira ainda é uma das maiores fontes de renda dessas comunidades", completa o artista.


Paulo Vega Jr. afirma que "na produção artística de Gaia, os marcadores da arte popular e da artesania amazônicas têm origem em sua biografia, em sua vivência pessoal como uma criança paraense que cresceu vendo seu avô criando e desenvolvendo utensílios característicos e tradicionais tanto da cultura quanto do modo de vida da região em que ele nasceu e cresceu".


Esse universo de pertencimento, onde até os cânticos dos pássaros, direcionam e avisam das intempéries, só um conhecedor das matas e um observador, consegue decifrar esses códigos e símbolos. Para sobreviver, é necessário interagir e tratar com respeito a mãe natureza e seus recursos, como um ciclo da vida (metamorfose) constante. Este caminhar nos leva a aguçar os sentidos.  "São lembranças afetivas quando meu pai me levava para o sítio do meu avô. Nesse local ele e alguns amigos saiam para caçar. Eu ficava observando o meu avô fazendo e tecendo paneiro, rede de pesca, fazendo canoa, remo... não sabia que aquele universo faria parte do meu aprendizado com artista mais tarde", completa o artista.


Fazem parte da exposição um conjunto de trinta esculturas e objetos de base e parede que fazem parte desse universo, como Ferroada (madeira e chumbo incrustado, esporão de arraias e ferrões de alguns peixes), Na Luz da Espera (madeira, linha e chumbada, lamparina guia na escuridão da mata), Série Tramas (pranchas de madeiras com adornos e rede de chumbo, tipo rede de pesca, tarrafa) e Tracejado dos Currais (desenhos dos currais feitos com chumbo incrustado na madeira, com silhueta de animais marinhos), entre outros.


Para compreender e se conectar com a obra de Gaia não é necessário ter as "chaves" de um determinado conhecimento nem seguir pistas. Mas os trabalhos guardam visões cosmogônicas que remontam gerações e tradições. "A impermanência e a transitoriedade são dois conceitos que permeiam a poética de Gaia de uma maneira curiosa e interessantemente paradoxal, pois, de certa forma, é contraditório ou impossível materializar algo constante e duradouro sobre exatamente o oposto desses dois conceitos. Assim, o que a obra de Gaia faz, e faz muito bem, é evocar e, talvez, dedilhar a impossibilidade de tratarmos sobre algo que já não é mais o mesmo no instante em que tentamos abordá-lo. Afinal, tudo está em fluxo, em perpétua transformação e, no final das contas, não podemos nos agarrar a nada. Quero dizer, apenas, talvez, às nossas memórias e a nós mesmos" sentencia o curador.


Sobre o artista


Natural de Belém (PA), Osvaldo Gaia (1961), vive e trabalha no Rio de Janeiro. Escultor e pintor, sua formação artística constitui-se através de pesquisas e experimentações dentro do universo amazônico com elementos que se identificam como estruturas escultóricas, porém em um escopo abrangente e perceptível da forma, em relevos, texturas e transparências. Detém-se conceitualmente em questões sociais, arquitetônicas, econômicas e relacionadas a fluxos, origens, identidades e ferramentas ligadas à vida ribeirinha, de onde tirar sua inspiração sua produção tem forte recorte orgânico, porém de extremo rigor construtivista e grande teor simbólico. Expõe desde 1975, participando de mostras coletivas, individuais no Brasil e exterior, sua produção artística abrange desde pequenos objetos, instalações e intervenções urbanas.


 Sobre o curador


Artista, curador, pesquisador e professor, natural de Rio Grande/RS, Paulo Vega Jr. é licenciado em Educação Artística – Habilitação em Artes Plásticas pela Universidade de Caxias do Sul (2008), Mestre em Artes pela Universidade de Brasília (2013) e Doutor em Artes pela Universidade de Brasília (2018). Fez seu Estágio Doutoral na Universidade de Varsóvia, no Instituto de Estudos Ibéricos e Ibero-americanos. Pesquisador-membro do GEPPA – Grupo de Estudos e Pesquisas em Práticas Artísticas da Universidade de Brasília, seus principais temas de interesse são: Arte Conceitual – anos 1960/1970; Arte Contemporânea; Arte Neoconceitual/Pós-conceitual; Autobiografia; Conceitualismo Romântico; Cotidiano; Identidade; Memória; Relação Arte/Vida.


 


Serviço:


Gapoiando em águas ribeiras

De | Osvaldo Gaia

Instalações, objetos e desenhos

Curadoria | Paulo Vega Jr.

Abertura | 06/09, das 17h às 21h

Visitação | Até 05/10

                    De segunda a sexta, das 10h às 19h

                    Sábado, das 10h às 15h

 

Onde | Salas Principal e Acervo

              Referência Galeria de Arte

Entrada | Gratuita

Classificação indicativa | Livre para todos os públicos

Endereço | 202 Norte Bloco B Loja 11, Subsolo

                   Asa Norte – Brasília-DF

Telefone | (+55 61) 3963-3501

Wpp | (+55 61) 98162-3111

E-mail | referenciagaleria@gmail.com

Facebook | @referenciagaleria

Instagram | @referenciagaleria

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