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Exposição “Auroras” de Thalita Hamaoui
Exposição

Exposição “Auroras” de Thalita Hamaoui

Exposição

  • Nome: Exposição “Auroras” de Thalita Hamaoui
  • Abertura: 11 de maio 2024
  • Visitação: até 06 de julho 2024

Local

  • Local: Simões de Assis Balneário Camboriú
  • Evento Online: Não
  • Endereço: 3ª avenida, esquina c/ 3150, S 4 centro - Balneário Camboriú - SC

No dia 11 de maio, "Auroras", a mais recente exposição solo de Thalita Hamaoui (São Paulo, 1981) inaugura na Simões de Assis de Balneário Camboriú.

A mostra conta com treze trabalhos inéditos que demonstram a poética da artista, em que blocos de cor tangenciam vazios em meio a biomas construídos completamente repletos de pigmentação.


No constructo da história da visualidade, no entrelaçamento da tecnologia, percepção e sociedade, os dispositivos ópticos modernos influenciaram a visão e impactaram a contemporaneidade. Aparelhos como o caleidoscópio - que deriva das palavras belo, imagem, figura, olhar, observar -, revelam elementos da assimilação imagética humana. Este é composto por um tubo pequeno de cartão ou de metal com pequenos fragmentos de vidro colorido, que se ativam através do reflexo da luz em pequenos espelhos inclinados, culminando em uma série de combinações visuais variadas, gerando padrões de desenho.

A exposição de Thalita Hamaoui, “Auroras”, nos demonstra o devaneio do olhar, elaborando no espaço quase como a entrada em um caleidoscópio de padrões botânicos, carregados de brotamentos cromáticos substancialmente vívidos, da investigação da luminosidade sobre os pigmentos, com paisagens que circundam a suspensão do clarear da aurora até a luz solar refletida sobre a lua. O espaço expositivo é ocupado com texturas e uma apreciação vegetal que aflora de modo inigualável na poética desenvolvida pela artista.

O gênero da paisagem em muito se transformou ao longo da história da arte, costumeiramente associado a desenhos de observação e da busca pela representação da natureza, vem sendo resgatado e aclamado como pesquisa diante de sua feitura contemporânea, se expandindo enquanto produção plástica. Realizando uma breve digressão à história dos gêneros pictóricos (esforço árduo, haja vista a compactação de centenas de anos em poucas linhas), pontua-se como a historiografia da arte se demonstra como um reflexo político/social. Circulando o recorte da presença das artistas mulheres no sistema artístico, verifica-se uma exclusão sistemática, ocasionada pelas limitações ao acesso às academias e liceus de artes.

A falta de acesso às aulas de anatomia não as impediu de produzirem, mas recorreram a outros artifícios, como pintarem a si mesmas ou amigos e familiares. Em uma leitura mais prática, isso significou que as artistas se dedicaram menos aos gêneros mais consagrados e quiçá mais cobiçados, tais como a pintura histórica ou a pintura mitológica, devido a esta hierarquia. Eram, portanto, condensadas a cultivar outros gêneros considerados menores, como retratos, paisagens e as naturezas-mortas.

Evidentemente que os contextos sociais se transfiguraram com o passar dos séculos e a presença das mulheres artistas na contemporaneidade é devidamente marcante, e Hamaoui contribui para ressaltar a potência da paisagem no campo da arte. Recuando temporalmente, relembremos das naturezas-mortas da pintora holandesa Rachel Ruysch (1664 – 1750), que impressionam por suas representações sofisticadas e detalhadas da flora e da fauna. A artista produziu ativamente até seus oitenta anos e obteve pareamento com artistas homens de seu período, apesar de pouco inserida/reconhecida nos manuais e livros de história da arte posteriores.

Ruysch e Hamaoui, apartadas por uma lacuna temporal, refletem modos processuais diversos acerca da investigação temática análoga. Notem que a primeira se debruçou sobre a apuração botânica nas naturezas-mortas na era de ouro holandesa, e Hamaoui, alcança a natureza sob uma perspectiva absolutamente vívida e em movimento, suas paisagens são fabulosas, caleidoscópicas, arrebatadoras aos olhos de quem se depara com a composição de cores áureas, em contraponto com matizes taciturnas. Flores e folhagens surgem e ressurgem, atribuindo novos significados ao gênero da paisagem, intensamente dinâmica e enérgica, com cores e formas que se amalgamam em composições singulares e que ativam o sensorial, decantando um quase aroma terroso.

Blocos de cor tangenciam vazios em meio a biomas construídos completamente repletos de pigmentação, criando uma atmosfera inebriante que nos afunda em uma densidade visual, como percebido no trabalho “O Mergulho” (2023) que inaugura a exposição. Outro procedimento utilizado pela artista é o estabelecimento de padrões, camadas de tinta sincronicamente marcadas pelo bastão oleoso, formulando estampas absortas em uma trama repleta de texturas.

Manifesta uma capacidade de navegar em composições que variam entre o diminuto e a dimensão monumental, absolutamente tenazes. Notadamente, destaca-se no espaço expositivo o trabalho “Janela” (2024) pela experimentação com lápis de cor e bastão oleoso. Em formato diverso do retângulo ou quadrado típico da paisagem acadêmica, a obra se torna praticamente um portal, uma fenda no espaço, uma suspensão entre a realidade e um vislumbre de um universo espiritual, de um simbolismo ornamentado.     

O que Hamaoui projeta em sua poética é a concepção de um universo botânico que evoca elementos reconhecíveis, mas que de seu modo, dobram a realidade, criando uma flora imaginária, tipicamente Hamaouiana, em que a percepção do olhar se torna ritmada. Com influências, contaminações e prolongações de um trabalho no outro, a artista trilha um percurso potente consolidando a paisagem em um delicado diálogo de elementos que incidem em aplicações cromáticas e infusões de luz, ressaltando o resplendor de tantas auroras - físicas e simbólicas -, que antes vieram e que ainda hão de vir.

Mariane Beline

Sobre a artista
Thalita Hamaoui (São Paulo, 1981) formou-se em artes plásticas na Fundação Armando Alvares Penteado, em 2006, sob a orientação de Sandra Cinto, com pesquisa no campo da escultura. Integrou grupos de estudos e acompanhamento com artistas como Bruno Dunley, Marco Gianotti, Rodolpho Parigi e Regina Parra, além de ter participado, em 2018, do programa de residência artística do Pivô. No início de sua trajetória, dedicou-se longamente à estamparia, atividade que sempre a influenciaria. Foi com o design têxtil que suas formas orgânicas começaram a surgir, sendo seu principal interesse a dedicação demorada ao desenho e às cores dos tingimentos.

Em 2013, Hamaoui passou a focar mais sua pesquisa na pintura, por meio da aquarela e do guache. Todavia, foi na experimentação com tinta a óleo que a artista atingiu a potência de sua gestualidade. Em seus primeiros trabalhos no meio, elementos como casas e pessoas ainda habitavam formalmente as composições, mas sempre de maneira secundária – a paisagem completamente tomada pela natureza já era sua personagem central. Essas paisagens que ainda hoje constrói são fantásticas, quase delirantes, nas quais formas orgânicas se apresentam em cores intensas e camadas de diferentes texturas, criando uma atmosfera inebriante.

Suas telas são normalmente produzidas de maneira simultânea, tomando por completo as paredes do ateliê. Algumas demoram meses até serem resolvidas, enquanto outras são finalizadas com muita urgência e imediatez. Hamaoui nunca abandona um trabalho. Ao iniciar duas ou três pinturas ao mesmo tempo, cria um diálogo formal entre elas, que se tornam paralelamente singulares e integrantes de um todo. Dessa forma, a artista vai elaborando um repertório imagético que se repete, mas também se renova, como quem cria um vocabulário próprio dentro das paisagens internas que se erguem pela tinta. Essas formas também são vivas, sempre na iminência da transformação, e provocam movimentos constantes do olhar, que passeia e circula de maneira fluida pela superfície, sem muito distinguir figura e fundo.

Thalita Hamaoui foi selecionada pelo edital do Centro Cultural São Paulo de 2017, realizando “Um Passo Irreparável”, sua primeira exposição individual. Entre outras mostras solo estão “A terra e o devaneio da vontade” (2023), Museu de Arte Contemporânea do Paraná, Curitiba; “Virá” (2022), Simões de Assis, Curitiba; “A Borda do Mundo” (2020), Galeria Nave, e “Oferenda” (2019) no ateliê Marilá Dardot, com acompanhamento crítico da artista e de Cristiana Tejo – ambas em Lisboa, Portugal. Dentre participações em coletivas destacam-se “O mar que eu sou” (2023), Simões de Assis, Balneário Camboriú; “Mãe”, 55 SP Espaço Cama, São Paulo; “Mothering” (2022), Kupfer Project, Londres; “Emotional Landscapes” (2021) com curadoria de Gisela Gueiros; “Um retrato para um novo mundo” (2021), Casa da Luz, São Paulo; “Mutirão”, Now here (2021), Lisboa; “The Land of no evil” (2019), Off Shoot Gallery, Londres; Infinitess (2019), Lazy Susan Gallery, Nova York; “Zona de coexistência” (2019), um diálogo com a coleção de Duda Miranda, “Áurea” (2018), LÁFF, Hamburgo e “Procession” (2016), Folley Gallery, Nova York. Possui trabalhos nas coleções: Museu Nacional de Belas Artes – MNBA e Coleção Ricardo Britto.

SERVIÇO
Exposição “Auroras” de Thalita Hamaoui
Simões de Assis
abertura: sábado, 11 de maio, 11h às 15h
período: 11.05 - 06.07.2024
segunda a sexta, 10h às 19h
sábado, 10h às 15h
Balneário Camboriú
3ª avenida, esquina c/ 3150, S 4
88330-260 SC- BRASIL
@simoesdeassis_

IMAGENS
Buquê de Flores, 2023, óleo e bastão oleoso sobre tela, 120 x 200cm
O Mergulho, 2023, óleo e bastão oleoso sobre tela, 140 x 200cm
Saíras e Sanhaçus, 2023, óleo e bastão oleoso sobre algodão, 35 x 40cm
Flor roxa é céu dourado, 2023, óleo e bastão oleoso sobre tela, 50 x 40cm
Janela, 2024, lápis de cor e apstel oleoso sobre linho, 158 x 134cm




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