Mostra coletiva "Histórias Brasileiras"
Exposição

Mostra coletiva "Histórias Brasileiras"

Exposição

  • Nome: Mostra coletiva "Histórias Brasileiras"
  • Abertura: 26 de agosto 2022
  • Visitação: até 30 de outubro 2022

Local

  • Local: MASP | Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand
  • Evento Online: Não
  • Endereço: Avenida Paulista, 1578 – Bela Vista

NO BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL, MASP APRESENTA A MOSTRA COLETIVA HISTÓRIAS BRASILEIRAS

A sexta mostra da série dedicada às Histórias, iniciada em 2016, propõe rever criticamente a história do país


MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, por ocasião do bicentenário da independência do Brasil, exibe, de 26 de agosto a 30 de outubro de 2022, a mostra coletiva Histórias brasileiras, que ocupa o 1º andar e 2º subsolo da instituição. A exposição tem direção curatorial de Adriano Pedrosa, diretor artístico, e Lilia Moritz Schwarcz, curadora convidada, e curadoria de Tomás Toledo, Clarissa Diniz e Sandra Benites, além de diversos curadores da instituição: Amanda Carneiro, curadora assistente, André Mesquita, curador, Fernando Oliva, curador, Glaucea Britto, curadora assistente, Guilherme Giufrida, curador assistente e Isabella Rjeille, curadora. Ao longo do período expositivo, todas as terças e quintas-feiras terão entrada gratuita.


Dando continuidade às exposições dedicadas às Histórias no MASP, que acontecem desde 2016, com Histórias da infância (2016), Histórias da sexualidade (2017), Histórias afro-atlânticas (2018), Histórias das mulheres, histórias feministas (2019) e Histórias da dança (2020), a mostra Histórias brasileiras oferece novas narrativas visuais, mais inclusivas, diversas e plurais, sobre a história do Brasil, refletindo, a própria abordagem da série, que traz uma diversidade de vozes não somente no corpo de artistas e de obras, como também em sua estrutura curatorial.


A mostra reúne cerca de 380 trabalhos – sendo 24 inéditos – de aproximadamente 250 artistas e coletivos que contemplam diferentes mídias, suportes, tipologias, origens, regiões e períodos, organizados em oito núcleos temáticos: Bandeiras e Mapas, Paisagens e trópicos, Terra e território, Retomadas, Retratos, Rebeliões e revoltas, Mitos e ritos e Festas. Nesse contexto, a perspectiva privilegiada não é tanto a da história da arte, mas a das histórias sociais ou políticas, íntimas ou privadas, dos costumes e do cotidiano, partindo da cultura visual e expressando um caráter mais polifônico e fragmentado, escapando de uma visão definitiva, canônica e totalizante.


Para compreender a exposição, é importante ressaltar o significado particular do termo “história” em português, que engloba tanto a ficção como a não ficção, relatos históricos e pessoais, de caráter público e privado, e que, portanto, possuem uma qualidade mais especulativa, aberta e processual do que a noção tradicional de história.


Dividida entre o 1° andar e 2° subsolo do museu, a exposição inicia-se no 1° andar com o núcleo Bandeiras e Mapas, com curadoria de Lilia Moritz Schwarcz e Tomás Toledo, que pretende “friccionar, contestar e investigar os emblemas pátrios, criando relações entre representações mais tradicionais e oficiais desses símbolos com apropriações críticas evidentes, sobretudo, na produção artística contemporânea”, afirmam os curadores. Na obra Bandeira afro-brasileira (2022), por exemplo, o artista Bruno Baptistelli (São Paulo, 1985) altera as tonalidades da flâmula nacional para convertê-la numa bandeira afro-brasileira, em oposição àquela elitizada e embranquecida, com o dístico “Ordem e progresso” e cujas cores aludem à casa imperial de Habsburgo e Bragança.


A paisagem, gênero destacado na hierarquia acadêmica e formulado no século 18 na Europa, serviu muitas vezes como representação da nacionalidade na tradição ocidental. “No Brasil, a pintura de paisagens converteu os trópicos num prolongamento da idealização europeia sobre a natureza, buscando demonstrar uma suposta pureza”, pontuam os curadores Guilherme Giufrida e Lilia Moritz Schwarcz do núcleo Paisagens e trópicos, que aborda certos temas e conceitos no interior desse gênero. Entre as obras da seleção, destacam-se as pinturas Paisagem com jiboia (1660), de Frans Post (Haarlem, Holanda, 1612-1680), que representa, a partir de referências e métodos de observação europeus, uma paisagem brasileira, e a fotografia Natureza morta 1 (2016), de Denilson Baniwa (Barcelos, Amazonas, 1984), que traz a silhueta de um indígena morto delineada sobre a floresta amazônica, explicitando a devastação da mata causada por gerações de invasores aos territórios indígenas.


A partir do entendimento de que as Histórias brasileiras se passaram e se passam em território indígena, o núcleo Terra e território, com curadoria de Adriano Pedrosa e Isabella Rjeille, aborda algumas das diferentes formas de relação com a terra e as disputas por território desde a invasão portuguesa em 1500 e seus impactos humanos, climáticos, econômicos, cosmológicos e culturais. Na carta escrita ao rei de Portugal, Dom Manuel (1469-1521), datada do século 16, Pero Vaz de Caminha (1450-1500) fez esta afirmação acerca da riqueza das águas e do clima desta terra: “querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo”. “A missiva prenuncia a exploração de culturas agrícolas como as do açúcar, do tabaco, do café, do algodão, entre tantas outras, pelo sistema escravista, e é evocada neste núcleo pela obra de Jaime Lauriano (São Paulo, 1985), Nessa terra, em se plantando, tudo dá (2015). A ficção colonial que imaginou esta terra como uma “tabula rasa” e sua natureza como a “virgem” à espera da exploração comercial é questionada pelos trabalhos aqui reunidos”, explicita Isabella Rjeille.


O núcleo Retomadas, com curadoria de Clarissa Diniz e Sandra Benites, lança luz sobre o processo histórico das retomadas físicas, como a reintegração de territórios por parte dos povos indígenas e dos movimentos sociais, mas também retomadas políticas, simbólicas, ontológicas e espirituais, destacando o tempo presente como o momento da restituição, da reparação e, principalmente, da recriação de direitos, valores e sentidos. “O prefixo ‘re-’, que ética e politicamente demarca as retomadas, não indica um resgate ou um retorno a um ponto supostamente anterior à invasão colonial. Distante da dimensão nostálgica e fetichista da própria colonialidade, retomar é também criar, ficcionalizar, transformar”, afirmam as curadoras. A exemplo dessa ressignificação, destaca-se no núcleo a obra Monumento à voz de Anastácia (2019), de Yhuri Cruz (Rio de Janeiro, 1991), que se apropria da representação colonial de Anastácia — uma mulher escravizada e torturada, obrigada a utilizar um grilhão e uma máscara de flandres até sua morte — ao restituir-lhe uma boca.


Acompanham também o núcleo as seguintes ações: a ampliação dos dias de gratuidade de acesso ao museu, incluindo uma quinta-feira adicional à semana, além do dia de gratuidade semanal (terça-feira) durante o período de duração da exposição; a impressão e distribuição gratuita ao público de seis fotografias de autoria de João Zinclar, André Vilaron e Edgar Kanaykõ; a realização de um seminário online que será transmitido através do canal de YouTube do MASP e na plataforma do MST – se assim desejado pelo Movimento – com tradução em libras; garantia às curadoras da titularidade única dos direitos autorais da obra curatorial do núcleo permitindo seu livre uso por qualquer pessoa em paralelo e posteriormente à exposição. Tal situação, no entanto, não envolve os direitos autorais incidentes sobre as obras de arte que integram o núcleo ou quaisquer outros direitos, bem como a exposição como um todo.


A coletiva continua no 2° subsolo do MASP com Retratos, núcleo com curadoria de Adriano Pedrosa e Lilia Moritz Schwarcz. Nele são justapostas representações de vozes não notabilizadas, como as indígenas, negras e ativistas, e retratos icônicos da história brasileira, através de autorretratos ou representações de figuras de poder de diferentes períodos. “A partir das dimensões identitárias contemporâneas, o núcleo pretende explorar a possibilidade de reler a tradição de uma forma mais viva e diversa”, afirmam os curadores.


Representações visuais de insurreições, levantes e movimentos contestatórios, produzidas ao longo da história nacional, ganham destaque no núcleo Rebeliões e revoltas. O conjunto de obras, de curadoria de André Mesquita e Lilia Moritz Schwarcz, “pretende revisar e questionar as narrativas oficiais da arte e da política, opondo-se ao mito de um país pacífico e livre de guerras. Seu objetivo é apresentar uma contra-história”, elucidam os curadores. A palavra “Lute” aparece de forma reiterada neste núcleo. Ela surge, por exemplo, na impressão serigráfica A Luta (2018-19), de Santarosa Barreto (São Paulo, 1986), que reitera incansavelmente a necessidade urgente de criar estratégias de militância a partir dos feminismos e do engajamento de artistas contra o silenciamento diante desses ativismos.


Também fazem parte das histórias brasileiras aquelas histórias pautadas pelas práticas religiosas que se desenvolveram no país desde o século 16, a partir do contato e cruzamento entre os sistemas cosmológicos dos povos tradicionais indígenas, dos povos tradicionais africanos e do catolicismo popular. Essa multiplicidade ganha corpo no núcleo Mitos e ritos, com obras selecionadas pelos curadores Fernando Oliva, Glaucea Britto e Tomás Toledo. “O núcleo não se propõe a apresentar a totalidade das manifestações relacionadas às religiosidades brasileiras através da arte, dadas a sua diversidade e suas complexidades, mas lançar luz sobre certos aspectos de ordem formal, filosófica e social, que conectam tais práticas no tempo e no espaço, seja pela história, pela forma, ou pelo fundamento”, explicam os curadores.


Tradição e inovação, afetividades e performatividade de gênero, disputas e contradições, massa e multidão constituem tema das representações e dos significados das celebrações brasileiras, presentes no núcleo Festas, que encerra a exposição. Para os curadores do núcleo Amanda Carneiro e Adriano Pedrosa, “os trabalhos apresentados oferecem possibilidades de adentrar as amplas, diversas e contraditórias maneiras de celebrar de distintos grupos, territórios e gerações”. Destaque para a navalha da Madame Satã (Pernambuco, 1900 – Rio de Janeiro, 1976), símbolo da boemia aprisionado pelo acervo da polícia civil, e a obra Sem título (1968), de Maria Auxiliadora (Campo Belo, Minas Gerais, 1935 – São Paulo, 1974), que representa um baile black privado, com encontros amorosos e afetivos, bem como danças em pares.


A programação ao longo da exibição da mostra inclui ainda encontros voltados para a formação de educadores e interessados, com os temas Educação para a diversidade e O futuro é indígena e palestras com Kássia Borges, Paulo César Garcez Marins e Arissana Pataxó. Também serão propostos diálogos no acervo entre artistas e obras, com pelo menos um artista brasileiro, como Victor Meirelles (Florianópolis, Santa Catarina, 1832 – Rio de Janeiro, 1903) e sua obra Moema (1866) + Denilson Baniwa e sua obra Natureza Morta 1 (2016), e entre as obras de Ismael Nery (Belém, Pará, 1900 – Campo Grande, Rio de Janeiro, 1934), Desejo de amor (1932) + Autorretrato Rio / Paris (1927). Ainda como parte da programação serão desenvolvidos vídeos comentados das obras de Flávio Cerqueira (São Paulo, 1983) e Judith Lauand (Pontal, São Paulo, 1922).



Confira a programação completa que acompanha a mostra:

Encontros do MASP Professores3.9: Educação para a diversidade5.11: O futuro é indígena

MASP Palestras27.8: Kássia Borges24.9: Paulo César Garcez Marins22.10: Arissana Pataxó

Diálogos no acervo9.8: Victor Meirelles, Moema (1866) + Denilson Baniwa, Natureza Morta 1 (2016)13.9: Edgar Degas, Bailarina de catorze anos (1880) + Sofia Borges, La Petite Danseuse #11 (2020) e Sofia Borges, La Petite Danseuse #12 (2020)11.10: Leonilson, Agora e as oportunidades (1991) + Cindy Sherman, Untitled #137 (1984)8.11: Rembrandt van Rijn e Ateliê, Retrato de jovem com corrente de ouro (autorretrato com corrente de ouro) (circa 1635) + Valeska Soares, Duplaface (Branco de titânio) (2017)13.12: Ismael Nery, Desejo de amor (1932) e Autorretrato Rio / Paris (1927)


PUBLICAÇÕES

Por ocasião da mostra, duas publicações serão editadas pelo MASP. A primeira é um catálogo bilíngue ilustrado com reproduções de todas as obras em exposição e textos dos curadores. A segunda é a antologia, voltada para estudantes, especialistas e interessados, que reúne textos fundamentais para a compreensão das histórias brasileiras, incluindo textos provenientes de seminários, e apresentada no mesmo formato das antologias que o museu publica a cada ano. As publicações da série dedicada às Histórias propõem despertar discussões e dúvidas que poderão, elas mesmas, serem reconsideradas, revistas e reescritas futuramente.


SERVIÇO

HISTÓRIAS BRASILEIRAS

Direção curatorial: Adriano Pedrosa, diretor artístico, Lilia Moritz Schwarcz, curadora convidadaCuradores: Amanda Carneiro, André Mesquita, Clarissa Diniz, Fernando Oliva, Glaucea Britto, Guilherme Giufrida, Isabella Rjeille, Sandra Benites e Tomás Toledo

26.08 — 30.10.22MASP — Museu de Arte de São Paulo Assis ChateaubriandAvenida Paulista, 1578 – Bela Vista 01310-200 São Paulo, SPTelefone: (11) 3149-5959Horários: terça e quinta grátis. Terça, das 10h às 20h (entrada até as 19h); quarta a domingo, das 10h às 18h (entrada até as 17h); fechado às segundasAgendamento on-line obrigatório pelo link masp.org.br/ingressosIngressos: R$ 50 (entrada); R$ 25 (meia-entrada)

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