

Exposições "Maria Leontina – Gesto em suspensão + A criação do artista popular | Coleção Lélia Coelho Frota + Coleção no seu tempo | Coleção Roberto Marinho"
Exposição
- Nome: Exposições "Maria Leontina – Gesto em suspensão + A criação do artista popular | Coleção Lélia Coelho Frota + Coleção no seu tempo | Coleção Roberto Marinho"
- Abertura: 28 de abril 2023
- Visitação: até 16 de julho 2023
Local
- Local: Instituto Casa Roberto Marinho
- Evento Online: Não
- Endereço: Rua Cosme Velho, 1105 - Rio de Janeiro
Casa Roberto Marinho celebra cinco anos no dia
28 de abril e inaugura três exposições com obras do modernismo brasileiro
e de arte popular
Enquanto a produção de Maria Leontina é exaltada
na mostra "Gesto em suspensão", peças das coleções de Lélia Coelho
Frota e de Roberto Marinho são exibidas em
“A criação do artista popular” e “Coleção no seu tempo”
Inaugurado em
28 de abril de 2018, o Instituto Casa Roberto Marinho anuncia três novas
exposições em celebração aos seus cinco anos. Na mesma data (28/04) serão
abertas publicamente Gesto em suspensão, individual em torno da produção artística da paulistana
Maria Leontina (1917-1984), expoente do modernismo brasileiro; A
criação do artista popular, com peças do conjunto reunido pela
ensaísta, poeta, museóloga, historiadora da arte e antropóloga carioca Lélia
Coelho Frota (1938-2010); e
Coleção
no seu tempo, com obras do acervo do instituto.
Concebida para
promover o conhecimento através da arte, sob a direção do arquiteto,
antropólogo e curador Lauro Cavalcanti, a Casa Roberto Marinho se consolidou
como um centro cultural ativo de artes plásticas com foco em modernismo
brasileiro.
Ao longo desses
cinco anos, o instituto realizou 18 exposições e organizou diversas publicações
e palestras, além de oferecer programação regular e gratuita com visitas
mediadas, ateliês para crianças e famílias, e exibição de filmes de arte.
Destaca-se também a parceria com instituições de relevância nacional e
internacional, como Museu de Arte de São Paulo (MASP), Instituto Burle Marx,
Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP), Calder Foundation e Fundació Miró.
“Mesmo em meio
ao período de isolamento social, em decorrência da pandemia, a Casa se manteve
ativa ao promover um ciclo de conversas on-line com artistas, críticos e
curadores de relevo na cena brasileira, que posteriormente resultou numa
publicação”, relembra Cavalcanti.
Constituída no decorrer de seis
décadas, a Coleção Roberto Marinho soma cerca de 1.400 peças cadastradas,
incluindo pinturas, esculturas, gravuras, objetos e desenhos. A seleção reúne
grandes nomes da arte brasileira, como Alberto da Veiga Guignard, Anita
Malfatti, Antonio Bandeira, Candido Portinari, Di Cavalcanti, Djanira, Iberê
Camargo, Ismael Nery, José Pancetti, Lasar Segall, Maria Martins e Tarsila do
Amaral. Expoentes
estrangeiros como Giorgio De Chirico, Marc Chagall, Salvador Dalí e Vieira da
Silva também fazem parte do acervo.
MARIA LEONTINA – GESTO EM SUSPENSÃO
Curadoria: Alexandre Dacosta
Na celebração
do seu quinto aniversário, a Casa Roberto Marinho apresenta, no piso superior,
um encontro entre Maria Leontina e Lélia Coelho Frota, ao evocar os quase 30
anos de convivência poética e afetiva destas duas figuras da arte brasileira,
grandes amigas e cúmplices em vida. Para Lauro Cavalcanti, associar a pintora e
a escritora no mesmo tempo e espaço faz sentido pela "liberdade que
exerciam" e pela "coincidência de seus repertórios que mesclavam, sem
distinção, passado e contemporaneidade".
A exposição Gesto em suspensão reúne cerca de cem pinturas, desenhos e
gravuras de Maria Leontina (São Paulo, 1917 - Rio de Janeiro, 1984) em um
recorte inédito, afetuoso e sensível de sua obra. Trabalhos raramente exibidos
de diversas fases das décadas de 1940 a 1980, pertencentes à família da
artista, a coleções particulares e a instituições, fazem parte da seleção de
Alexandre Franco Dacosta, filho da pintora, também artista visual, compositor e
cineasta.
Nome de
destaque do modernismo brasileiro, Leontina explorou o figurativismo de cunho
expressionista, como se vê na obra "Retrato de mulher", 1949, e na
série "As Orantes", 1966-1967. A partir da década de 1950, passa para
o abstracionismo, representado na mostra pela pintura "Da paisagem e do
tempo", 1950, bem como pela série "Os jogos e os enigmas".
Na década de
1960, realizou um painel de azulejos para o Edifício Copan e vitrais para a
Igreja Episcopal Brasileira da Santíssima Trindade, ambos em São Paulo. Apesar
de sua relevância, há muito tempo não se realizava uma exposição extensa
dedicada à obra de Leontina e Gesto em
suspensão cobre esta lacuna.
“Minha mãe
realizou uma pintura entre linhas, entre versos. No hiato, no espaço entre,
onde o gesto tinge com leveza a superfície preenchida e aprofunda a percepção
de um olhar ampliado pela poesia. Se o ar se refaz líquido, se a matéria se
reduz a pó, há algo de imaterial na sua pintura que emana de suas pinceladas e
que estão em constante levitação, como se uma brisa contínua soprasse sua
forma, sua cor. Uma pintura flutuante, liberta, sem linha do horizonte para
sustentar seu voo”, escreve o curador no texto de apresentação.
A montagem
inclui comentários críticos de Ferreira Gullar, Frederico Morais, Mario
Pedrosa, Paulo Herkenhoff e Paulo Venancio Filho:
“O desenho foi
o jogo deflagrador do imaginário de Maria Leontina, o campo de inflexão da
linguagem em etapa prospectiva e experimental. ‘Sempre é uma temática que eu
sinto surgir quando vou desenhar. Às vezes estudando o desenho saem outras
coisas. De repente, percebo um tema. Tenho que explodir’. (...) O desenho foi
quase o pouso manso da matéria sobre o suporte e o método de transformação do
espaço em estrutura. A mansidão da arte de Leontina não foi só a forma, mas
também o modo como a vontade material articulou o mecanismo gráfico.” (Paulo
Herkenhoff, 2010)
“(...) Ela dá a
seus trabalhos títulos aparentemente literários: sua pintura se aproxima do
tipo de formulação da linguagem poética, e esses títulos, mais sugestivos que
determinantes, chamam a atenção do espectador para o caráter alusivo das
obras”. (Ferreira Gullar, 1959)
A CRIAÇÃO DO
ARTISTA POPULAR
Curadoria: João Emanuel Carneiro
Uma das salas
no mesmo andar é dedicada à mostra A Criação do artista popular, que
pela primeira vez exibe a coleção de Lélia Coelho Frota (1938-2010). Poeta,
ensaísta, museóloga, historiadora da arte e antropóloga carioca, Lélia foi responsável
por trazer à luz trabalhos de artistas populares, genericamente referidos como
artesãos do folclore popular, através da publicação de sua autoria “Mitopoética
de 9 Artistas Brasileiros” (Funarte, 1978).
Para o autor de
teledramaturgia João Emanuel Carneiro, filho da colecionadora e curador da
mostra, a mãe foi muito precursora ao legitimar esses artistas que eram
invisibilizados. Ao longo dos anos, Lélia fez verdadeiras expedições ao
interior do Brasil em busca da arte desenvolvida longe do academicismo, baseada
no saber popular e autodidata.
“Era final da
década de 1970. Eu, uma criança pequena, acompanhava minha mãe na peregrinação
à casa de um dos artistas populares que ela elegera para participar do livro
‘Mitopoética’. A casa ficava no Vale do Jequitinhonha, no meio do mato, sem
endereço certo. Seguíamos um guia. Era preciso atravessar uma pinguela num rio,
com medo de picada do barbeiro, até finalmente chegarmos na casa de pau a
pique, sem luz e chão de terra batida aonde minha mãe iria entrevistar o
artista.”
"Deve-se a
ela, nesse sentido, a personalização do criador popular no vasto campo da arte
brasileira, sem os congelar como seres sem faces, personagens quase anônimos de
manifestações coletivas", reitera Lauro Cavalcanti.
“A formação do artista popular sempre foi diferente à de outro; ele
é autodidata a partir de um certo momento de sua vida, vem de um
fundo comum, às vezes do meio rural, sempre levando à arte que
elabora uma técnica própria de seu trabalho original.”
(Lélia Coelho Frota)
Serão exibidas
cerca de 40 peças desta coleção, iniciada na década de 1970, em que os gostos
de Lélia se refletem em muitas camadas. A espiritualidade, por exemplo, pode
ser vista em algumas das 12 obras de Júlio Martins da Silva (1893-1978), seu
pintor favorito de acordo com João Emanuel.
Dentre os
trabalhos de outros talentos revelados pela antropóloga, ganha destaque
"Central do Brasil", de Manuel Faria Leal, que pintava espaços
urbanos e faz uma interessante interpretação popular da vida do carioca no
século 20, nesta tela de grande dimensão.
O curador
aponta também para o bordado de Madalena dos Santos Reinbolt (1919-1977): “Ela
trabalha a tapeçaria com fios coloridos, entrelaçando-os como se fossem uma
pintura", descreve. Nascida em Vitória da Conquista, Bahia, Reinbolt foi
uma mulher preta que não teve acesso à educação formal, tendo contato com as
expressões artísticas através de sua mãe, ainda na infância. Na década de 1940,
mudou-se para o Rio de Janeiro para trabalhar como empregada doméstica e foi
cozinheira na casa da arquiteta e urbanista Lota de Macedo Soares e da poeta norte-americana Elizabeth
Bishop, em Petrópolis.
“A criação
desses artistas populares brasileiros do século XX, genuína, telúrica, às vezes
também metafísica, sem filtro nem superego, dando vazão diretamente ao fluxo do
inconsciente, era para Lélia como uma descoberta de um tesouro escondido”,
analisa João Emanuel.
COLEÇÃO NO SEU
TEMPO
Curadoria: Lauro Cavalcanti
No térreo da
Casa Roberto Marinho, o público encontrará a exposição Coleção no seu tempo, com
44 obras do acervo, de vertentes e períodos variados, escolhidas por Lauro
Cavalcanti para a ocasião celebrativa. Há trabalhos de Anna Bella Geiger,
Antonio Bandeira, Carlos Vergara, Frans Krajcberg, Iberê
Camargo, Luiz Aquila, Mira Schendel, Rubem Valentim, Wanda Pimentel e Yolanda Mohalyi, entre outros nomes consagrados.
A seleção inclui
também aquisições recentes da coleção e trabalhos que serão exibidos pela
primeira vez, como Cosmos jaune, 1972, de
Arthur Piza; Paisagem, de Manuel
Messias, e uma serigrafia sem título, de 1977, de Emanoel Araújo.
Em destaque
pinturas de grande formato, como as de Di Cavalcanti, Ingeborg ten Haeff, Jorge
Guinle Filho, Manabu Mabe, Raul Mourão e Tomie Ohtake, além de obras atípicas
de estrelas do modernismo brasileiro, como as de José Pancetti. Há, ainda,
gravuras concebidas especialmente para mostras anteriores da Casa Roberto
Marinho por Angelo Venosa, Beatriz Milhazes, Carlito Carvalhosa, Luiz Zerbini,
Paulo Climachauska, Regina Silveira e Vania Mignone.
A exposição se encerra com uma cronologia (imagem abaixo) que apresenta
a sequência de ações do instituto, desde a sua fundação em 2018, com acesso a
informações por meio de QR Code.
“Através de
mostras de acervo periódicas, a Casa Roberto Marinho reafirma-se como um centro
ativo de referência em artes plásticas e cumpre um importante papel, permitindo
ao público reconhecer a diversidade de repertório de alguns dos nomes mais
relevantes da arte brasileira”, diz Cavalcanti.
SERVIÇO:
Maria Leontina – Gesto em suspensão
+
A criação do artista popular | Coleção Lélia Coelho Frota
+
Coleção no seu tempo | Coleção Roberto
Marinho
Aberturas:
28 de abril de 2023, sexta-feira, a partir das 12h
Encerramentos:
16 de julho de 2023
Instituto Casa
Roberto Marinho
Rua Cosme
Velho, 1105 - Rio de Janeiro
Tel: (21)
3298-9449
https://casarobertomarinho.org.br/
Instagram:
@casarobertomarinho
Visitação:
terça a domingo, das 12h às 18h (entrada até às 17h15)
(Aos
sábados, domingos e feriados, a Casa Roberto Marinho abre a área verde e a
cafeteria a partir das 9h.)
Ingressos: R$ 10 (inteira) / R$ 5 (meia entrada)
Às
quartas-feiras, a entrada é franca
Aos
domingos, “ingresso família” a R$ 10 para grupos
de quatro pessoas
A
CRM respeita todas as gratuidades previstas por lei
Estacionamento
gratuito para visitantes, em frente ao local, com capacidade para 30 carros.
A Casa Roberto
Marinho é acessível a pessoas com deficiência.