Exposições-manifesto na Referência Galeria de Arte
Exposição

Exposições-manifesto na Referência Galeria de Arte

Exposição

  • Nome: Exposições-manifesto na Referência Galeria de Arte
  • Abertura: 01 de outubro 2025
  • Visitação: até 15 de novembro 2025

Local

  • Local: Referência Galeria de Arte
  • Evento Online: Não
  • Endereço: 202 Norte Bloco B Loja 11, Subsolo | Asa Norte – Brasília-DF

Exposições-manifesto ocupam a Referência Galeria de Arte com fotografia, pintura e instalação



No dia 1º de outubro, às 18h, a Referência Galeria de Arte inaugura simultaneamente duas exposições que abordam as relações entre arte, produção, economia e suas repercussões na sociedade. Na Sala Principal, o premiado fotógrafo Rodrigo Zeferino apresenta "Veia Aberta – à margem da estrada do ferro", com curadoria de Eder Chiodetto, em que o artista apresenta o inédito ensaio fotográfico agraciado pela Funarte com o Prêmio Marc Ferrez de Fotografia. Na Sala Acervo, a curadora Samantha Canovas apresenta "Fofoca", uma reflexão sobre a inserção da produção de artistas visuais mulheres no sistema da arte contemporânea. Com obras de| Bárbara Paz, Camila Soato, Clarice Gonçalves, Courinos, Fernanda Azou, Pamella Anderson, Raquel Nava e Veridiana Leite. A visitação segue até 15 de novembro, de segunda a sexta, das 10h às 19h, e sábado, das 10h às 15h. A Referência fica na 202 Norte, Bloco B, Sala 11, Subsolo, Asa Norte, Brasília-DF. Telefone (61) 3963-3501 e Wpp (55 61) 98162-3111. No Instagram @referenciagaleria.


Veia Aberta – à margem da estrada do ferro


De | Rodrigo Zeferino

Curadoria | Eder Chiodetto

Onde | Sala Principal


"Uma rua começa em Itabira e vai dar em qualquer ponto da Terra."

América, de Carlos Drummond de Andrade (1945)


A mostra que entra em cartaz de 1 de outubro a 15 de novembro na Referência Galeria de Arte é a primeira individual do artista mineiro Rodrigo Zeferino. Ele traça um paralelo entre as questões geoeconômicas e a forma como nos relacionamos como sociedade ao longo de décadas de exploração das riquezas minerais e o que resta para as comunidades que vivem à margem. Entre os anos 2020 e 2022, o fotógrafo mineiro Rodrigo Zeferino percorreu os 892 quilômetros da Estrada de Ferro Carajás (EFC) que liga a Serra dos Carajás, no Pará, ao Porto de Ponta da Madeira, em São Luís, no Maranhão, construída para escoar a produção de minério de ferro e, outros minerais, das jazidas do complexo de Carajás (PA). Seu objetivo era produzir um ensaio fotográfico para abordar o universo social onde estão inseridas dezenas de comunidades localizadas às margens da EFC.


Para o projeto "Veia Aberta – à margem da estrada do ferro", Zeferino se inseriu nos recônditos de vilas e assentamentos para dialogar com os representantes locais de modo a levantar questões caras a eles, como as questões ambientais e sociais que envolvem a estrutura logística que atende as demandas da mineração. "Era notório o modus operandi adotado pelas mineradoras com inegável descaso acerca dos impactos causados pela atividade, haja vista o rastro de consequências trágicas e criminosas envolvendo o setor, alguns dos quais de proporções calamitosas como os episódios de Mariana, em 2015, e Brumadinho, em 2019, ambos em Minas Gerais", explica o fotógrafo.


O projeto é atravessado por essa complexa rede de acontecimentos históricos, amalgamados em uma relação paradoxal de geração de riqueza e de abastecimento de todo o sistema econômico mundial em contraponto com a natureza insustentável da atividade e o desprezo pelas desigualdades e pelos desequilíbrios gerados. 


Eder Chidetto, o curador da mostra, ressalta que em "Veia Aberta – à margem da estrada do ferro", assim como em "Terra Cortada" e "O Grande Vizinho", projetos de igual envergadura realizados anteriormente, Zeferino critica iniciativas institucionalizadas que transformam territórios naturais em commodities. Ele compõe um ensaio fotográfico contundente, que une a tradição da fotografia documental à liberdade experimental".


As imagens dos trens abarrotados de minério cruzando o país em direção ao litoral são profundamente simbólicas: cada vagão leva mais do que ferro — carrega também pedaços de paisagens, traços de memórias culturais e identidades locais. O que se envia ao exterior não se resume à matéria-prima; junto dela vai o próprio futuro do território, comprometido em nome de um progresso que raramente alcança a maioria da população. Zeferino destaca essa realidade ao reunir, em suas imagens, montes de rejeitos e grãos de minério — vestígios que se espalham ao longo dos trilhos, derramados por vagões quase sempre além de sua capacidade.


O curador completa: "Grande parte do ensaio resulta em panorâmicas construídas pela junção de várias imagens. Esse formato, ao mesmo tempo em que emula o movimento dos vagões que rasgam a paisagem horizontalmente, à revelia das ondulações naturais do território, também remete ao achatamento da topografia provocado pela subtração das montanhas".


Sobre o artista

A fotografia e o vídeo são a base instrumental para a construção dos trabalhos de Rodrigo Zeferino, tendo a paisagem como principal tema. Começou a fotografar na Faculdade de Comunicação e Artes da PUC Minas em 1998. Em 2006 realiza sua primeira individual. Recorrendo frequentemente à técnica de fotografia de longa exposição, seus trabalhos discutem questões contemporâneas diversas, mas está no cerne de todos eles o propósito de evidenciar como a geoeconomia mundial – e suas reverberações na industrialização, urbanização e exploração ambiental – impõe situações de condicionamento a várias camadas da sociedade, que são forçadas a se submeter a circunstâncias pouco favoráveis à existência humana e do ambiente como um todo. Já realizou exposições no Brasil e no exterior e tem obras em acervos de museus como o Masp e o MAM-RJ. Em 2020 publica seu primeiro livro de fotografias, a partir do projeto O Grande Vizinho. Entre os prêmios recebidos estão o Prêmio Mostras de Artistas no Exterior (Fundação Bienal de São Paulo 2010) o Prêmio FCW de Arte 2016 e o Prêmio Foto em Pauta 2019.


Sobre o curador

Eder Chiodetto [São Paulo, SP, 1965] é mestre em Comunicação pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo. Foi repórter fotográfico, editor e crítico de fotografia da Folha de S.Paulo. Hoje, reúne as funções de editor, professor e curador de fotografia. Ministrou aulas na Universidade Metodista de São Paulo e na Faculdade de Fotografia do Senac-SP. Como curador independente, realizou, desde 2004, mais de 180 exposições no Brasil e no exterior. Foi curador do Clube de Colecionadores de Fotografia do MAM-SP entre 2006 e 2021. Em 2011, fundou o Ateliê Fotô, que coordena Grupos de Estudos e Criação em Fotografia. presenciais e online, para fotógrafos que queiram desenvolver trabalho autoral. Em 2016 fundou a Fotô Editoral, editora voltada para a produção de livros de fotografia autoral e de reflexão acerca do estatuto da imagem contemporânea.


Fofoca


Obras de | Bárbara Paz, Camila Soato, Clarice Gonçalves, Courinos, Fernanda Azou, Pamella Anderson, Raquel Nava e Veridiana Leite

Curadoria | Samantha Canovas

Pinturas, objetos e instalação

Onde | Sala Acervo


"Menina, nem te conto..."


"Fofoca" nasce do desejo de expandir o diálogo entre as obras de artistas mulheres, em sua maioria de Brasília. Para tanto, a curadora Samantha Canovas selecionou quatro obras de artistas representadas pela Referência e quatro obras de artistas não representadas pela galeria. A curadoria considerou também a inserção mercadológica dessas artistas, que abordam temas que se complementam. "Fofoca" surge das questões emergentes sobre a inserção da obra de artistas mulheres no mercado de arte, seja local, nacional ou mundial, e fortemente influenciada pela leitura de "Um Teto Todo Seu", ensaio da escritora britânica Virginia Woolf publicado em 1929 que aborda a dificuldade enfrentada por artistas mulheres em encontrar espaço para a produção criativa. 


"A intenção é ampliar a discussão sobre essas temáticas presentes em seus trabalhos e apresentar artistas mais jovens a este espaço, com foco na relação mercadológica", explica a curadora. "Embora o contexto contemporâneo apresente nuances, as artistas não representadas pela galeria são aquelas cujas produções desejo acompanhar e divulgar. A exposição busca, portanto, impulsionar e celebrar a continuidade de suas pesquisas e trabalhos.


Ao longo do processo curatorial, Samantha Canovas observou o surgimento de um diálogo abrangente entre as obras de todas as artistas convidadas para a mostra. A exposição, que inicialmente foi pensada como um conjunto de duplas, evoluiu para uma interação mais fluida, na qual os temas se conectam e se complementam, resultando em um grupo de obras que se relacionam de forma coesa. As temáticas se interligam: a dimensão do corpo, proposto a Clarice Gonçalves e a Fernanda Azou, dialoga com sua pesquisa sobre paisagem, questionando a relação entre corpo e ambiente. Essa abordagem ressoa nas obras de Courinos e de Veridiana Leite, influenciando o uso de cores e a representação da paisagem, muitas vezes com ironia e humor. A presença do corpo também é notável na obra de Camila Soato, e a liberdade poética na de Pamella Anderson. A dimensão animalística, presente nos trabalhos de Raquel Nava e Bárbara Paz, com esta última explorando a paisagem de maneira distinta, evidencia a interconexão das obras.


"Os trabalhos de Camila Soato e Pamella Anderson exploram a contemporaneidade sob a perspectiva do humor, com foco na experiência da mulher lésbica e artista. Suas obras abordam questões relevantes com uma consciência crítica e lúdica, que considero fundamental para a compreensão da contemporaneidade."


"Clarice Gonçalves e Fernanda Azou, por sua vez, investigam a representação do corpo, apresentando-o não sob um olhar voyeurístico, mas como um corpo feminino universal, inserido em um contexto íntimo e ao mesmo tempo amplo. Elas abordam as experiências do corpo e a naturalização de aspectos que, por vezes, podem parecer grotescos. Essa abordagem se manifesta inclusive na exploração da eroticidade, que, embora incomum, é intrínseca à condição humana feminina."


"Raquel Nava e Bárbara Paz, por sua vez, dialogam por meio de linguagens distintas. Bárbara utiliza materiais como pelúcia, com uma materialidade têxtil, enquanto Raquel explora a temática animal. Ambas estabelecem uma relação entre o humano e o animal, destacando a organicidade e a interdependência entre as formas."


"É importante falar do trabalho de Veridiana Leite e de Courinos", duas pintoras que abordam a paisagem. Essa temática, tradicionalmente associada a artistas homens, ganha novas perspectivas com a visão dessas artistas. Elas reinterpretam o cânone da pintura de paisagem, explorando novas formas de produção, transcendendo as expectativas associadas ao feminino e ampliando as possibilidades artísticas. A paisagem de Courinos e Veridiana se manifesta em uma dimensão mais onírica, com uma dinâmica fluida e, por vezes, abstrata, assemelhando-se a um jogo de cores e formas. A abordagem de Veridiana, com o uso do rosa e a representação das flores, aproxima-se da abstração e da beleza presente no macro, o que também é perceptível nas obras de Camila."


Sobre a curadora

De Brasília – DF (1990), Samantha Canovas é artista plástica, têxtil, arte-educadora e escritora. Iniciou sua trajetória artística pesquisando os limites da materialidade da pintura, e atualmente investiga o têxtil enquanto campo escultórico e os vestíveis, visando a diluição da fronteira arte/artesanato. Mestra em Poéticas Visuais pela ECA/USP e bacharela em Artes Plásticas pela UnB, participa de exposições coletivas desde 2010. Participou das residências artísticas NES, na Islândia e na SVA, em NY. Em 2016 realizou sua primeira exposição solo "Lembrar que a água circula por debaixo das ondas", em Brasília. Artista vencedora do Prêmio PIPA Online 2022. Em março de 2024, apresentou na SP-Arte a performance "Enquanto caminha carrega a pedra 2", em que atravessou o pavilhão da Bienal de São Paulo arrastando duas pedras de cerca de 20 kg cada, na cauda de um vestido de linho branco, construído pela artista.


Referência 30 anos  

No dia 9 de novembro de 1995, Onice Moraes e José Rosildete de Oliveira inauguraram a Referência Galeria de Arte. Em sua primeira mostra, a galeria abriu ao público com uma exposição icônica que trouxe para Brasília uma exposição inédita de Amilcar de Castro. A essa, seguiram-se várias exposições importantes como individuais de Athos Bulcão, Carlos Vergara, Claudio Tozzi, e de jovens artistas que hoje são destaque na cena das artes. Em 2004, junta-se à sociedade Paulo Moraes de Oliveira, filho do casal, que passa a administrar e tomar parte nas decisões estratégicas da empresa.  Com 30 anos de atuação no mercado de arte, a Referência traz para o ambiente da galeria e para espaços institucionais artistas com trajetórias consolidadas, em meio de carreira e iniciantes, em especial de Brasília e do Centro-Oeste.


A galerista Onice Moraes ressalta a importância de apresentar e dar visibilidade aos artistas visuais e curadores da região central do Brasil e de outras regiões fora dos eixos hegemônicos do sistema da arte brasileiro como forma de oferecer ao artista a oportunidade de ter seus trabalhos adquiridos pelo público e pelas instituições.


"As coleções de arte, sejam de colecionadores iniciados ou de iniciantes, precisam incluir os artistas de sua região e de seu tempo. Arte é investimento, é decoração e, acima de tudo, é um registro da história e da reflexão sobre um momento específico dessa construção histórica", diz Onice Moraes. "Um dos papéis do galerista é orientar a mirada dos colecionadores para esses artistas que produzem em sua vizinhança. Todos podem se beneficiar com a inclusão de artistas da região nas coleções privadas: as coleções ganham importância, ficam mais representativas e diversas", afirma a galerista.


Serviço


Veia Aberta – à margem da estrada do ferro

De | Rodrigo Zeferino

Curadoria | Eder Chiodetto

Onde | Sala Principal


Fofoca

Obras de | Bárbara Paz, Camila Soato, Clarice Gonçalves, Courinos, Fernanda Azou, Pamella Anderson, Raquel Nava e Veridiana Leite

Curadoria | Samantha Canovas

Pinturas, objetos e instalação

Onde | Sala Acervo


Abertura | 01/10, das 18h às 20h

Visitação | Até 15/11


                    De segunda a sexta, das 10h às 19h

                    Sábado, das 10h às 15h


Entrada | Gratuita


Classificação indicativa | Livre para todos os públicos


Endereço | 202 Norte Bloco B Loja 11, Subsolo

                   Asa Norte – Brasília-DF


Telefone | (+55 61) 3963-3501

Wpp | (+55 61) 98162-3111

E-mail | referenciagaleria@gmail.com

Facebook | @referenciagaleria

Instagram | @referenciagaleria

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