

Exposição "Quando deixou de ser", individual das Irmãs Gelli
Exposição
- Nome: Exposição "Quando deixou de ser", individual das Irmãs Gelli
- Abertura: 15 de setembro 2023
- Visitação: até 27 de outubro 2023
Local
- Local: Lurixs: Arte Contemporânea
- Evento Online: Não
- Endereço: Rua Dias Ferreira, 214
IRMÃS GELLI
QUANDO DEIXOU DE SER
Curadoria Daniela Mattos
Abertura Quinta-feira, 14 set 2023
Exposição 15 set — 27 out 2023
A LURIXS: Arte Contemporânea tem o prazer de apresentar “Quando deixou de ser” das Irmãs Gelli, com curadoria de Daniela Mattos. A abertura acontecerá na quinta-feira 14 de Setembro, a partir das 18h, na rua Dias Ferreira 214.
A exposição reúne, nos vinte e cinco trabalhos, a produção artística recente das Irmãs Gelli. As obras, moldadas em cera e outros materiais orgânicos, se materializam na presente mostra como objetos de parede, esculturas ou mesmo em outras linguagens artísticas como o vídeo e a performance.
Os trabalhos apresentados articulam-se com elementos da arte concreta e neoconcreta brasileira e seus desdobramentos posteriores, seja pelas questões formais, conceituais, ou mesmo na importância da medida relacional entre obra e espectadores, conjugando aspectos constitutivos da arte contemporânea de modo ímpar. A geometria sensível desenvolvida pelas artistas está presente em cada peça desta mostra, sendo resultante de um processo profundamente dialógico que combina repetições e desvios ao longo do percurso de criação.
Que canto há de cantar o indefinível?
O toque sem tocar, o olhar sem ver
A alma, amor, entrelaçada dos indescritíveis.
(Hilda Hilst, Do Desejo, 2001)
Entre. Pegue um dos pequenos cubos empilhados – azul ou branco, à sua escolha. Antes, ou mesmo depois de percorrer a exposição, leia esse texto com o cubo em suas mãos. Perceba lenta e calmamente sua forma, matéria, textura, temperatura, tamanho. Deixe que esta espécie de prova do real seja sua companhia na experiência da visita.
A exposição Quando deixou de ser reúne obras recentes das Irmãs Gelli e trata, entre tantos outros conceitos, de um conjugar de dualidades. Há, neste movimento, algo que excede o que seria um contraste, ou seja, não percebemos nas obras elementos que possam ser apontados como ambivalentes ou excludentes entre si. Diferente disso, notam-se coexistências e passagens que acontecem desde o processo de realização das peças, na matéria que é trabalhada entre os estados sólido e líquido, até a obtenção de uma geometria particular criada pelas artistas. Os trabalhos aqui exibidos, são moldados com estruturas e ferramental de criação cuidadosamente desenvolvido pelas autoras, numa plural manufatura, onde ambas compõem conceitual, formal, cromática e espacialmente cada etapa, combinando repetições e desvios ao longo do percurso.
A prática das artistas busca sucessivamente sublinhar, seja no incansável processo de realização das peças, seja no que se apresenta como obra final, a importância da presença, do que está diante de nós, do que vemos como matéria transformada e manejada no fazer (em duo, em diálogo). Deste modo, é especialmente pela presença conjugada, a nossa e a das obras, que algo importante acontece: é aí onde o que as artistas nos apresentam pode efetivamente ser corporalizado por nós. Portanto, o espaço do encontro conosco é um local intransponível para os trabalhos das Irmãs Gelli, nos permitindo questionar e, de certo modo, desfazer algo da crescente tendência global à virtualidade das relações, tanto no âmbito da arte quanto no da vida.
Caetano Veloso, na canção if you hold a stone (se você segura a pedra, em tradução livre), nos diz: se você segura a pedra, segure em sua mão, se você sentir o peso, você logo irá entender – numa aparente alusão à “prova do real”, pequena pedra que Lygia Clark dava aos participantes dos settings que realizava com seus objetos relacionais. Deixe que este cubo seja a sua pedra, olhe para o que está aqui apresentado e busque atravessar tal experiência considerando que, em todos os trabalhos, temos camadas invisíveis aos olhos, mas perceptíveis nas sensações. Cada etapa que deixou de ser nestas obras também nos dá a ver o que aqui está, mesmo que por uma indefinível e ressonante ausência.
A estrofe do poema de Hilda Hilst, acima em epígrafe, inspiração para o título deste texto curatorial, ensina: cantar o indefinível, tocar com os olhos, entrelaçar os indescritíveis. Possível partitura, caros leitores-espectadores, para nosso mergulho na dialética visual e sensível que as Irmãs Gelli apresentam aqui.
Sobre as artistas
Alice e Gabi Gelli são irmãs, artistas e cariocas. A pesquisa da dupla se debruça sobre a perspectiva do encontro, da troca e do tempo. A busca pela materialidade corpórea lhes interessa muito diante da digitalização excessiva dos espaços. Há um desejo em direção a um resgate das trocas físicas, o olho no olho e o impacto da obra sobre o corpo. Das escalas mais variadas - da delicadeza dos miúdos até a extravagância dos monumentais - as artistas têm um fascínio pela repetição, pelo macro e pelo micro.
O ritmo do trabalho vai na contramão da urgência do mundo. Apesar de serem extremamente aceleradas, a dupla procura tempo, calma e respiro. A escolha dos materiais impacta diretamente nesse tempo. Trabalhar com papel requer presença, senão suja, rasga, corta. Trabalhar com cera requer atenção, senão queima, derrete demais, seca. Respeitar o desejo dos materiais e sobretudo o tempo de cada um. A pressão constante pela produtividade dificulta a espera que é desafiadora porém constituinte do trabalho. O compromisso com o fazer artístico resgata o tempoespaço necessário da obra.
As artistas já participaram de algumas das maiores feiras de arte do Brasil como Sp-Arte e ArtRio, assim como várias exposições, no eixo Rio e São Paulo. Em 2021, as Irmãs Gelli fizeram uma residência artística no espaço Oasis no centro do Rio, que resultou em uma exposição individual da dupla. Em 2022, além de exporem em uma coletiva no Centro Cultural dos Correios, a dupla participou do Jaguar Parade, que ganhou as ruas de São Paulo e Nova York, dando início a carreira internacional das artistas. Em setembro de 2023, as irmãs inauguram a exposição individual “Quando deixou de ser” na galeria Lurixs, no Rio de Janeiro, e a coletiva “Bleu” em Paris a convite da Bianca Boeckel Galeria. Brasilea Stiftung–CH; Fundo BGA–BR, entre outras.
Serviço
IRMÃS GELLI QUANDO DEIXOU DE SER
Abertura: Quinta-feira 14 de setembro, das 18h às 21h
Exposição: 15 de setembro a 27 de outubro de 2023
Local
LURIXS: Arte Contemporânea
Rua Dias Ferreira, 214 – Leblon
Rio de Janeiro, Brasil – 22431-010
Horário
De segunda à sexta: das 11h às 19h
Sábados sob ag