

Exposição "Mentes em transe, O Surrealismo no Brasil"
Exposição
- Nome: Exposição "Mentes em transe, O Surrealismo no Brasil"
- Abertura: 16 de novembro 2024
- Visitação: até 20 de dezembro 2024
Local
- Local: Biblioteca Mário de Andrade
- Evento Online: Não
- Endereço: R. da Consolação, 94 - República, São Paulo
Mentes em transe
O Surrealismo no Brasil
Os surrealistas acreditavam no subconsciente como um verdadeiro champ magnétic [campo magnético], e após lançarem o Manifesto em 1924, põem em prática os modos de acessar as areias movediças, desse campo: força criativa, propulsora de mudanças, erosões mentais, geralmente subestimada. Desconhecida e fértil, essa geografia do subconsciente precisa alçar a ponte levadiça do maravilhoso, desde estados hipnóticos, a poesia, o acaso, ou registrando, quanto possível os desejos e o imago vívido de alguns sonhos.
Por isso, longe de ser um movimento ou prática passiva, é às vezes uma invocação ao desconcertante conceito da beleza convulsiva, que se faz maior apelo. “A beleza tem que ser convulsiva o não será” – com a máxima enumerava três estágios possíveis: “beleza explosivo-fixa“, “erótico velada” ou “mágico-circunstancial”.
E destas figuras, a “beleza explosivo-fixa” foi exemplificada com a floresta cujos pêndulos são capazes de suspender a razão. Permeando com ápice uma obra pânica e transbordante de paradoxos. É com a descrição de “uma locomotiva veloz abandonada durante anos ao delírio de uma selva virgem” que Breton exemplifica essa” beleza explosivo-fixa”. O progresso literalmente descontinuado pelo emaranhado da intrincada vegetação que trouxe à tona a obra de Maria Martins, a primeira artista brasileira a frequentar o grupo de Breton. A força criativa de suas esculturas eram não só ativantes, senão que nelas se dava a captura dos espíritos amazônicos, as sombras, os véus, como parte de um vocabulário que era o elã direto com a beleza convulsiva. Em um trecho das palavras que Breton lhe dedica: “Maria, e atrás dela, - que digo nela - o Brasil maravilhoso onde nos mais vastos espaços [...] plana ainda a asa do irrevelado. A porta imensa, apenas entreaberta, sobre as regiões virgens [em sua escultura] não é a cera perdida, são AS SEIVAS”. Obras como “Uirapuru” e ainda “ A Cobra Grande”, “O impossível” e seu recado exponencial em suas obras ao surrealismo francês, na sua frase: “Não se esqueça que eu venho dos trópicos”, são expressões do “mata-virgismo”.
Pouco depois orquestrado pelo poeta e artista Sérgio Lima, surge um grupo de surrealistas em São Paulo. Esperava que os “acasos objetivos” testemunhados ao longo da sua vida continuassem a lhe apresentar “a mais realidade” contra “a pouca realidade dada”. Nos encontros, nas reuniões, na XIII Exposição Surrealista exibida em 1967, que teve por tema o Androgíno Primordial e a Mão Mágica, ambas fontes de onde emana a criação. Desde esse momento o surrealismo continuou a ser, apesar dos céticos, uma presença alquímica, e esse olho entreaberto, palpável e revelado nos frondosos mitos. A magia trazia seu poder de transformação e decantação do mundo e potencialidade ritual. A ela se somaram os mais diversos tipos de subjetividades. Nomes como Walter Lewy, Niobe Xandó, Ismênia Coaracy, Bernardo Cid, Flávio de Carvalho, Eva Soban e Macaparana. Neles inúmeras descobertas sucedem-se mediante esse estado mental aberto ao transe. O absurdo fecha um novo ciclo e uma nova razão.
Xenia Bergman, curadora
Local : Biblioteca Mário de Andrade
ABERTURA, Sábado, 16/11
de 16 de Novembro à 20 de Dezembro de 2024
das 9h30 > 20h30