Exposição individual "Vigília", Jorge Enciso
Exposição

Exposição individual "Vigília", Jorge Enciso

Exposição

  • Nome: Exposição individual "Vigília", Jorge Enciso
  • Abertura: 25 de outubro 2025
  • Visitação: até 18 de dezembro 2025

Local

  • Local: Galeria Leme
  • Evento Online: Não
  • Endereço: Av. Valdemar Ferreira, 130, Butantã - São Paulo, SP

Jorge Enciso | Vigília


25.10.2025 – 18.12.2025



A Galeria Leme tem o prazer de anunciar "Vigília", primeira exposição individual no Brasil do ceramista paraguaio Jorge Enciso. Com curadoria de Tiago Sant'Ana e abertura no dia 25 de outubro, a mostra segue em cartaz até dia 18 de dezembro de 2025. Apresentando 24 esculturas inéditas em cerâmica, Enciso aprofunda sua pesquisa sobre a própria identidade e o uso do material.


A obra de Enciso parte de um diálogo profundo com as tradições ancestrais da cerâmica pré-colombiana e guarani. Tendo treinado artisticamente por cinco anos ao lado da ceramista Julia Isídrez, que trabalha as técnicas transmitidas entre mulheres de geração em geração, Enciso adquiriu um conhecimento de caráter coletivo, que se manifesta pelo corpo e que resiste ao esquecimento. Esses métodos, enraizados no vocabulário e na cosmologia guarani, reconectaram o artista a uma parte silenciada de sua herança, abrindo espaço para que a memória ressurgisse através do barro.


Historicamente, o conhecimento sobre a cerâmica guarani é transmitido entre gerações pelas mulheres. Na contemporaneidade, a atividade é reduzida à uma "arte menor", por sua função utilitária. Ao se deparar com essa tensão entre tradição e transgressão, Enciso encontrou um caminho de investigação, optando por aprofundar-se na prática como uma maneira honrar sua origem e a herança artesã. Rejeitando os acabamentos esmaltados frequentemente associados à porcelana europeia, o artista preserva as superfícies opacas e terrosas dos recipientes tradicionais, transformando-as em esculturas abstratas que deslocam a cerâmica do campo doméstico para o escultórico.


A prática de Enciso não é só material, mas também narrativa. Suas esculturas falam de mitos, de silêncio e da violência, abordando processos de aculturação. Cada peça incorpora um tema – seja o tempo, que para ele se desenrola em espirais, ecoando concepções indígenas de temporalidade cíclica; ou a língua, apontando para a gramática guarani como forma de sobrevivência e reinvenção da memória cultural. Esses temas se materializam por meio de emblemas geométricos, que surgem como uma camada narrativa. Estes mesmos símbolos configuram uma linguagem cifrada pessoal do artista, uma espécie de reconto íntimo, estruturado, mas indecifrável.  


O título da exposição, "Vigília", que também do nome a uma das obras na mostra, refere-se ao ato de permanecer acordado, vigilante, em alerta, incapaz de descansar. Para Enciso, esse estado está ligado à memória ancestral: uma vigília em honra ao passado indígena que permanece silenciado. O artista diz que ele mesmo pode traçar sua linhagem europeia com facilidade, mas que a identidade indígena é muito mais obscura – uma ausência compartilhada por muitos outros na América Latina. Trata-se, portanto, de um gesto de respeito e de conexão com as tradições de culto aos mortos, no qual suas cerâmicas incorporam simultaneamente a vigília e a lembrança, situando o barro como um meio de identidade, história, cultura e resistência.

 

Sobre o artista

Asunção, Paraguai, 1972. Vive e trabalha em Asunção/Areguá.

 

Jorge Enciso nasceu em Assunção, Paraguai, em 18 de julho de 1972. Desde 2014, dedica-se exclusivamente à produção cerâmica, criando peças com as técnicas ancestrais guaranis, que lhe foram transmitidas por ceramistas de Itá, cidade onde trabalhou com cerâmica por mais de cinco anos. Posteriormente, passou a se dedicar à sua própria produção nas cidades de Areguá e Assunção. Sua obra parte das formas e bases da cerâmica utilitária guarani, transformando-as em esculturas cuja principal característica são as curvas e o esgrafiado geométrico e de linhas livres, em alto e baixo-relevo, com engobes e polimentos. Conceitualmente, aborda temas como a cerâmica mestiça, a identidade e o animismo. Trabalha com barro negro, vermelho e branco.


Sobre o curador

Tiago Sant'Ana, reconhecido como artista visual, curador e doutor em Cultura e Sociedade pela Universidade Federal da Bahia, tem sua prática artística marcada pela exploração das narrativas afro-diaspóricas, com foco em memória e história. Além disso, o artista utiliza diferentes linguagens, como fotografia, vídeo e pintura, para desenvolver uma investigação estética que combina abordagens conceituais e políticas, conectando identidade e fabulação.


Como curador, foi curador adjunto da 14a Bienal do Mercosul em 2024, entre 2019 e 2022 organizou o programa de exposições do Goethe-Institut Salvador, foi curador-assistente da 3a. Bienal da Bahia (2014), além de ter curado outras mostras como "Zonas limítrofes" (2020), "O espaço dividido" (2019), "Kaurís" (2019), "Concerto para pássaros" (2019), "Vamos de mãos dadas" (2018), "Campo de Batalha" (2017) e "Future Afro Brazil Visions in Time" (2017). Atuou como curador convidado do Pivô Pesquisa (2022). Foi professor substituto do Bacharelado Interdisciplinar em Artes na Universidade Federal da Bahia entre 2016 e 2017.


Serviço

Abertura: 25.10.2025 / 11h - 15h

Período da exposição: 25.10.2025 – 18.12.2025

Endereço: Av. Valdemar Ferreira, 130, Butantã - São Paulo, SP, Brasil

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