Exposição individual "Tudo o que é frágil brilha sem medo do esplendor", de Renato Bezerra de Mello
Exposição

Exposição individual "Tudo o que é frágil brilha sem medo do esplendor", de Renato Bezerra de Mello

Exposição

  • Nome: Exposição individual "Tudo o que é frágil brilha sem medo do esplendor", de Renato Bezerra de Mello
  • Abertura: 09 de dezembro 2025
  • Visitação: até 01 de março 2026

Local

  • Local: Centro Cultural do Patrimônio Paço Imperial
  • Evento Online: Não
  • Endereço: Praça Quinze de Novembro, 48, Centro – Rio de Janeiro, RJ

Tudo o que é frágil brilha sem medo do esplendor


O palimpsesto de Renato Bezerra de Mello


A partir de memórias, sentimentos e materiais revisitados, o artista inaugura nova exposição com obras inéditas no Paço Imperial, no Rio



A palavra grega palimpsesto significa "papiro ou pergaminho cujo texto foi raspado para dar lugar a outro”. De modo figurativo, seria um espaço que abriga memórias sobrepostas – onde o novo surge sobre o que já existia, ou ainda, uma sucessão de diferentes camadas de experiências. Qualquer dessas metáforas encontra lugar na poética dos novos trabalhos de Renato Bezerra de Mello, que comemora 25 anos de produção artística em exposição no Paço Imperial, no Rio de Janeiro, a partir de 9 de dezembro.


Milhares de cacos de taças e copos de cristal, colecionados pelo artista ao longo de duas décadas e quebrados por ele na instalação que criou para sua primeira coletiva no Rio de Janeiro – Memórias Heterogêneas –, no Castelinho do Flamengo, em 2004 –, constituem o fio condutor da nova exposição, que contém uma série de sete trabalhos realizados a partir do vidro: Vidro como vídeo; Vidro como bordado; Vidro como desenho; Vidro amalgamado; Vidro como fotografia; Vidro como pó; Vidro como instalação sonora. 


– Renato recupera, nos novos trabalhos, os cacos da obra de 2004 – e os versos de Antonio Cícero, cantados na voz de sua irmã, Marina Lima – que o inspiraram à época: “Quem vai colar os tais caquinhos do velho mundo?” – comenta a curadora Paula Terra-Neale.


– Cada nova obra guarda algo de obras anteriores, diz o artista – cujas obras carregam, em seu DNA, o universo das memórias.  – Sempre relacionei a quebra dos copos no Castelinho à demolição da casa dos meus pais, no Recife, e às ruínas da fábrica de tecidos do meu avô – também em Pernambuco –, registradas em vídeos que fazem parte da mostra. Mas sem nostalgia; ao contrário, como um momento de ruptura, de transformação. Assim como eu estou ressignificando o vidro, a natureza se encarregou de mudar a configuração arquitetônica da fábrica, por exemplo, com a mata “invadindo” o espaço – e criando uma nova imagem belíssima – conta Renato. 


– Colecionador de destroços e apreciador do frágil, Renato transforma cacos e ruínas em preciosidades, desafiando a nostalgia e sustentando valores existenciais e humanistas permanentes, ao apontar para a poesia de Armando Freitas Filho – tudo o que é frágil brilha sem medo do esplendor. O que nos oferece é o espetáculo esplendoroso do acontecimento da arte. Imagens, vídeos, instalações sonoras, bordados, desenhos e objetos compõem um espaço para a imaginação criativa e afirmam as liberdades pessoais e políticas como antídotos à distopia – destaca a curadora. 


A EXPOSIÇÃO

Um tablado central, paralelo ao chão, ocupa quase todo o espaço da Galeria Terreirinho, no térreo do Paço Imperial. Num jogo harmonioso de cores e formas, desenhos em cacos de vidro, construções lúdico-espaciais e círculos de vidro amalgamados por fusão em alta temperatura misturam-se a objetos/esculturas e composições com várias gramaturas de pó de vidro, como um grande e instigante quebra-cabeças.


Paula Terra-Neale explica que, nos desenhos atuais, Renato elabora uma soma matemática e intuitiva das pequenas peças de cristais, compondo-as livremente, porém alinhadas por suas arestas. – Os cacos são agrupados a partir de suas cores originais. Não é mais a beleza da forma do objeto utilitário, já destruído, mas a beleza que existe na materialidade do fragmento, na redução da matéria ao universo das coisas mínimas, na fluidez do processo compositivo, na ênfase nas possibilidades infinitas, na liberdade das escolhas, no jogo de peças de encaixe; enfim, na potência da criatividade humana face à fragilidade – afirma.


O bordado, que perpassa a produção do artista, também marca presença na exposição. Uma das obras é composta por três lenços que pertenceram a seu pai, nos quais Renato desenvolveu um bordado delicado. São percursos de ponto e linha que acompanham o nome do pai – já gravado no lenço, como se fazia antigamente – conta Renato.   


Ao longo de alguns pontos do trajeto expositivo, a poética do artista se completa pela sinfonia sutil do tilintar de cristais, do som da chuva caindo nas ruínas e pelo ruído do mar – uma gravação em slow motion que integra a obra.


SOBRE O ARTISTA

Nascido no Recife, Renato Bezerra de Mello migrou, inicialmente, para o Rio de Janeiro – e, mais tarde, da arquitetura para as artes visuais, quando iniciou, em 2000, sua atuação como trabalhador de arte (expressão cunhada por Cildo Meireles), depois de 16 anos dedicados ao restauro de bens tombados pelo Patrimônio Histórico. 


Essa virada aconteceu quando Renato participou de um programa de intercâmbio entre a Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, e a École Nationale Supérieure des Beaux Arts, em Paris. A partir daí, decidiu que, tal como na arquitetura, iria trabalhar com questões relacionadas à memória das pessoas, dos lugares e das coisas que as cercavam. Sua formação passou por artistas como João Magalhães (nos anos 1990, no Parque Lage), além de Annette Messager e Christian Boltanski (nos anos 2000, na ENSBA), em Paris.


Na primeira coletiva da qual participou, na capital francesa, o artista apresentou uma instalação que reunia memória familiar e coletiva, ao resgatar antigas fotografias abandonadas em armários e gavetas, além de um pequeno objeto popular: o monóculo de plástico colorido, tão popular no Nordeste de sua infância – usado para enxergar, com um olho só, imagens que o artista reproduziu num diapositivo em preto e branco, cuja produção estava sendo descontinuada.


Em sua pesquisa artística, Renato lançou mão de cartas de família e de folhas de papel-carbono, sobre as quais escreveu e desenhou incansavelmente. Decidiu também bordar, usando tecidos e linhas que já não eram mais fabricadas; destruiu linhas de seda, que transformou em quase pó, para depois criar minúsculas bolinhas coloridas. Quebrou uma coleção de copos e taças de cristal, colecionadas ao longo de vinte anos; desgastou, com lixa d’água, pequenos cubos de giz, para recriar uma coleção de bolas de gude perdida na infância. E ainda inventou um diário em cartões-postais, que enviava a si mesmo pelo correio, ao longo de muitos anos.


Dentre as suas mostras mais recentes, vale destacar Delírio tropical, Pinacoteca do Ceará, 2024-25; Que o nosso nome não caia no esquecimento, Galeria Anita Schwartz, Rio de Janeiro, 2021-22; Entre céu e água, Paço Imperial, Rio de Janeiro, 2016; e De onde os rios se encontram para inventar o mar, Carpe Diem, Lisboa, 2014. Muitas de suas obras figuram em importantes coleções de museus como MAR/RJ, FUNDAJ/PE, CNAP/França e MOOLA/EUA – e também em outras coleções institucionais e particulares no Brasil, na França e na Inglaterra. https://renatobezerrademello.art.br  – @renatobezerrademello


SOBRE A CURADORA

Paula Terra-Neale é historiadora da arte (PhD em História e Teoria da Arte, Essex University), pesquisadora e curadora independente. Lançou em 2016 a Terra-arte, sua plataforma de projetos curatoriais transnacionais, independentes e sem fins lucrativos, que apoia artistas contemporâneos, além de explorar teorias e práticas de arte e de curadoria, com ênfase em abordagens socialmente inclusivas.


Em 30 anos de curadoria, trabalhou com projetos culturais e mostras em relevantes instituições culturais internacionais,  entre as quais o British Council, The National Trust Waddesdon Manor, The Modern Art Oxford, ESCALA (Coleção de Arte Latino-Americana da Universidade de Essex), Fistsite, Paço Imperial e Casa França-Brasil. Foi também professora e pesquisadora nos departamentos de História da Arte da EBA – UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio).  Vive e trabalha na Inglaterra.



SERVIÇO 


Renato Bezerra de Mello – Tudo o que é frágil brilha sem medo do esplendor

Abertura: 9 de dezembro, das 15h às 19h | Visitação: até 1º de março de 2026

Centro Cultural do Patrimônio Paço Imperial

Praça Quinze de Novembro, 48, Centro, Rio de Janeiro/RJ

Tel.: (21) 2215-2093 / (21) 2215-2622 | E-mail: diretoria@pacoimperial.org.br

Dias/Horários: terça a domingo e feriados, das 12h às 18h

Entrada gratuita

www.amigosdopacoimperial.org.br


Assessoria de Imprensa 

Meio e Imagem Comunicação

Vera Matagueira: (21) 3807-6497 | 97326-6868

Ana Ligia Petrone: (21) 99985-7744

meioeimagem@gmail.com


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