Exposição individual "Três Casas", de Nuno Ramos
Exposição

Exposição individual "Três Casas", de Nuno Ramos

Exposição

  • Nome: Exposição individual "Três Casas", de Nuno Ramos
  • Abertura: 11 de agosto 2025
  • Visitação: até 11 de janeiro 2026

Local

  • Local: MAC RS 4º Distrito
  • Evento Online: Não
  • Endereço: Rua Comendador Azevedo, nº 256 – Floresta

Nuno Ramos no MACRS 4D

 

O Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MACRS), instituição vinculada à Secretaria de Estado da Cultura, inaugura sua nova sede no 4º Distrito de Porto Alegre com a exposição Três Casas, do artista Nuno Ramos.


Abertura: 11 de agosto de 2025 às 14h



Instalado em um antigo galpão industrial reconfigurado para abrigar práticas artísticas e reflexões sobre o presente, o MACRS 4D nasce como uma plataforma pública voltada à experiência estética e à produção de sentido em um momento de transformação profunda — tanto para a cidade quanto para o imaginário coletivo.


A escolha de Nuno Ramos para essa abertura não é casual: seu trabalho, reconhecido pela força poética e política, tensiona fronteiras entre memória individual e história coletiva. Três Casas ocupa integralmente o espaço expositivo e propõe uma imersão no tempo da matéria e na fragilidade das formas, num diálogo que ganha densidade particular após as enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul em 2024.


Com curadoria de André Severo, a mostra apresenta uma grande instalação que ocupará todo o espaço do novo museu, instalado no coração do 4º Distrito de Porto Alegre — uma região histórica em plena transformação cultural e urbana.


A obra, intitulada Três Casas, mergulha o visitante em uma experiência sensorial e emocional única, combinando a memória pessoal do artista com um comentário contundente sobre a fragilidade da existência humana diante da força devastadora da natureza.


No centro da instalação, três réplicas em tamanho real das casas onde Nuno Ramos viveu ao longo da vida emergem como espectros de um passado que, embora familiar, está sendo implacavelmente devorado pelo tempo e pelos elementos. Cada casa, meticulosamente reconstruída, submerge em uma piscina de lama instalada no interior da galeria. Essas piscinas — uma branca, outra preta e a terceira marrom — evocam camadas complexas de significado, materialidade e simbolismo.


A escolha das cores e texturas não é casual: representam as fases da vida e as emoções contrastantes que as acompanham. As casas, afundadas nesse ambiente inóspito, parecem resistir à aniquilação, simbolizando a persistência da memória e a inevitável transformação.


Três Casas já foi apresentada em 2012, na Galeria Celma Albuquerque, em Belo Horizonte, mas aqui, adquire ressonância ainda mais urgente. Ao ecoar as enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul em maio de 2024 — a maior tragédia climática da história do estado — a obra se converte em metáfora coletiva para a vulnerabilidade e o luto. As casas submersas tornam-se monumentos de memória, não apenas pessoal, mas também social e política.


Ao atravessar a instalação, o público é convidado a refletir sobre a impermanência, o sentido de pertencimento e a relação entre arte e vida num mundo em que a natureza, imprevisível, transforma o conhecido em ameaça.



Segundo o curador André Severo:


"Em Três lamas – Morte das Casas, Nuno Ramos articula com rara intensidade os vínculos entre a memória íntima e os abalos do mundo, propondo uma experiência em que a dimensão subjetiva se entrelaça à devastação coletiva. A instalação opera como um espaço de reverberação simbólica, onde o lar — lugar arquetípico da proteção, da identidade e da permanência — é confrontado com sua ruína iminente. As casas, moldadas a partir das lembranças do próprio artista, deixam de ser apenas reminiscências pessoais para se tornarem arquétipos universais da fragilidade e do desamparo."


"Penso que a escolha da lama como elemento central da instalação carrega uma polissemia densa e desconcertante. Fluido espesso, que não é nem terra nem água, a lama representa o limiar da forma, o lugar onde tudo pode afundar, desaparecer ou ser reconfigurado. Ao submergir as casas em três lamas de cores distintas, Nuno Ramos aciona camadas simbólicas que vão da dor à fertilidade, do luto ao renascimento, em uma alegoria das forças que nos arrastam e nos moldam. As cores — branca, preta e marrom — não são apenas opções cromáticas, mas metáforas emocionais e temporais: que podem tanto falar da infância, da morte, ou da degradação da matéria, quanto da constante luta por permanência."


"Ao ser reapresentada no contexto pós-tragédia das enchentes de 2024 no Rio Grande do Sul, esta obra ganha uma ressonância ainda mais urgente. A tragédia, que transformou milhares de casas reais em espectros, ecoa de forma pungente nas formas encobertas e ameaçadas da instalação. As casas imersas deixam de ser apenas as do artista e tornam-se as de todos: as que vimos nas imagens da catástrofe, as que conhecemos ou perdemos, as que carregamos em nós como promessa ou ausência. O gesto de Nuno Ramos não é meramente descritivo ou documental — é, de certa forma, um gesto ritual, que transforma a galeria em um espaço de projeção, testemunho, luto e transfiguração."


"Acredito que Três Lamas – Morte das Casas é, antes de tudo, uma instalação que nos convoca a pensar sobre o modo como a arte pode mediar o inominável, não como consolo, mas como enfrentamento. É na força da imagem que persiste — ainda que submersa — que a obra nos lembra da potência da memória e da necessidade de reconhecer, na lama, tanto a perda quanto a semente de um possível porvir."

 


Para o artista Nuno Ramos:


"A escolha de Três Lamas - Morte das Casas para a inauguração da nova sede do MAC-RS no 4º Distrito coloca em diapasão a arte contemporânea e a vida pública da cidade, em sua dimensão política e ecológica. Com isto, sinto que a instituição abre suas portas já sinalizando sua vocação principal: que é a de refletir as grandes questões nacionais e urbanas a partir do território livre da arte, com suas estranhezas, deslocamentos e promessas."


"Às vezes pode parecer demagógico dizer que é uma honra inaugurar um museu, mas neste caso é absolutamente verdadeiro. Porto Alegre acompanhou de perto minha trajetória — foi aí que realizei a primeira versão do 111, do 24 Horas, do Dito e Feito, fiz performances marcantes, participei de bienais, apresentei Cinema ao Vivo, Ensaio sobre a Dádiva... É uma cidade que acolheu o melhor de mim ao longo dos anos, com generosidade e liberdade. Quando vieram as enchentes de 2024, senti que precisava estar mais perto, me mobilizei imediatamente e fui até a cidade. O impacto que tive com o que vi nesse momento foi profundo, epidérmico. Por tudo isso, inaugurar a nova sede do MAC no 4º Distrito é também, para mim, uma forma de agradecer — à cidade, às instituições e às pessoas que me permitiram realizar, com intensidade e total liberdade, até obras mais difíceis, sem retorno comercial ou de público garantidos. Estou com 65 anos, e sinto que essa exposição é também uma homenagem à minha própria história com Porto Alegre."

 


O MACRS 4D


Instalado em um galpão industrial histórico revitalizado, o MACRS 4D foi concebido como uma plataforma para dialogar com as questões do presente e construir novas narrativas para o futuro da arte contemporânea. Localizado na Rua Comendador Azevedo, nº 256, no bairro Floresta, o edifício preserva a memória arquitetônica ao mesmo tempo em que propõe usos inovadores, em um ambiente imersivo que conecta arte, educação e território.


Com 500 m² voltados ao público — 300 m² destinados exclusivamente a exposições — e áreas para programas educativos e um jardim de esculturas, o museu projeta uma agenda que integra sustentabilidade, inclusão e aproximação com a comunidade.


Por mais de 30 anos, o MACRS, vinculado à Secretaria de Estado da Cultura (Sedac), esteve sediado na Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ). Agora, consolida-se como um museu de duas sedes com uma só missão: preservar e difundir seu acervo, incentivar a produção contemporânea e refletir criticamente sobre o papel da arte na sociedade.


Se na CCMQ o desafio era afirmar a identidade do museu dentro de um centro cultural carregado de significado, no 4º Distrito a proposta é construir novos sentidos e se consolidar como um agente ativo de transformação e pertencimento. A nova sede simboliza, assim, um compromisso renovado com a arte contemporânea, a memória coletiva e o futuro compartilhado.

 


Serviço


MAC RS 4º Distrito


Exposição de abertura: Três Casas – Nuno Ramos

Curadoria: André Severo


Data: 11 de agosto de 2025 às 14h

Visitação: terça a sexta das 12h às 18h - sábado e domingo das 10h às 18h


Rua Comendador Azevedo, nº 256 – Floresta – Porto Alegre

Informações: mac@sedac.rs.gov.br

macrs.rs.gov.br 



Qual a forma que gostaria de assinar
nosso conteúdo?

Artsoul Comunicação Digital LTDA | CNPJ: 29.752.781/0001-52

Escritório: Rua Quatá, 845 - Sala 2, Vila Olímpia, São Paulo, SP, 04546-044