

Exposição individual “Tem índio me espiando, dizia o meu pai”, de Josely Carvalho
Exposição
- Nome: Exposição individual “Tem índio me espiando, dizia o meu pai”, de Josely Carvalho
- Abertura: 08 de maio 2025
- Visitação: até 21 de junho 2025
Local
- Local: Cavalo
- Evento Online: Não
- Endereço: Rua Sorocaba, 51 — Botafogo
"Tem índio me espiando, dizia o meu pai"
Josely Carvalho
No dia 8 de maio, a Cavalo inaugura “Tem índio me espiando, dizia o meu pai”, individual de Josely Carvalho, com curadoria de Dária Jaremtchuk. As obras refletem o processo da artista na atualização da memória do povo originário Xetá, último grupo indígena isolado do estado do Paraná a ter contato significativo com a sociedade nacional. Sua ligação com a história Xetá, que remonta à infância, é marcada pela lembrança da frase que dá título à exposição: “tem índio me espiando”, palavras ditas por seu pai, cafeicultor na Serra dos Dourados: “ele falava baixo, como quem revela um segredo antigo, um mistério que vinha da mata fechada. Eu imaginava homens silenciosos, camuflados entre as folhas, sentados nos galhos mais altos das árvores, observando tudo sem fazer barulho”, rememora a artista.
Entre artefatos recuperados e histórias contadas em casa, Josely encontrou suas raízes familiares entrelaçadas à trajetória de um povo que resiste à violência do colonialismo. O desaparecimento da paisagem neotropical, terra indígena originária devastada para o plantio do café, reacendeu na artista a urgência em retomar sua pesquisa sobre o genocídio dos Xetá.
Foi durante a ditadura militar — quando se considerava o povo Xetá extinto desde a década de 1950 — que Josely, já vivendo em Nova York, deu início a um projeto de busca por arquivos esquecidos. Ao descobrir sobreviventes do genocídio que davam então corpo às suas imagens de infância, a artista percebeu como a alteridade negada desses olhares da mata era constitutiva de seu próprio lugar no mundo. Desde o princípio, sua obra se configurou como um gesto quase instintivo de reparação, ao lançar luz sobre uma história atravessada pelo apagamento e pela resistência. Após tantos anos, a artista apresenta na galeria Cavalo uma nova versão da instalação “Xetá”, com a incorporação de uma pesquisa acerca da situação atual do grupo e da luta pela sua terra originária, ao lado dos antropólogos Edilene Coffaci de Lima, Rafael Pacheco Marinho e Julio Xetá. Como escreve a própria artista: “hoje, minha arte e o ativismo Xetá se misturam. Os Xetá reconstituem suas narrativas e histórias, lutam pelo reconhecimento de sua existência e pela demarcação das suas terras na Serra dos Dourados, contra qualquer Marco temporal. Eu tenho lutado pelo lugar que vai além do meu corpo, aquele ninho devorado pelas iraras”
A exposição revela aspectos sensoriais e sensíveis presentes no complexo percurso Xetá, exibindo também depoimentos, gravuras, vídeos e um trabalho olfativo. Ao borrar as fronteiras entre o pessoal e o coletivo, Josely parte de sua conexão de longa data com o apagamento indígena para refletir sobre a profunda desterritorialização vivida tanto pelos oito sobreviventes da etnia, quanto pela própria artista, ao deixar o Brasil no ano de 1964.
Serviço
Título: “Tem índio me espiando, dizia o meu pai”
Artista: Josely Carvalho
Curadoria: Dária Jaremtchuk
Abertura: 08 maio 2025, às 18h - Período da exposição: 08 maio - 21 junho 2025
Horário de funcionamento: terça a sexta-feira, de 12h às 19h e sábados, de 13h às 17h
Local: Cavalo — Rua Sorocaba, 51 — Botafogo, Rio de Janeiro, RJ
Apoio Olfativo: Givaudan do Brasil & NoAr