Exposição individual "Rahj al-ġār", de Dora Longo Bahia
Exposição

Exposição individual "Rahj al-ġār", de Dora Longo Bahia

Exposição

  • Nome: Exposição individual "Rahj al-ġār", de Dora Longo Bahia
  • Abertura: 21 de março 2025
  • Visitação: até 03 de maio 2025

Local

  • Local: Galeria Vermelho
  • Evento Online: Não
  • Endereço: Rua Minas Gerais, 350 – Higienópolis

Dora Longo Bahia: Rahj al-ġār



Em Rahj al-ġār, Dora Longo Bahia se refere às Pinturas Desfiguradas de Asger Jorn (1914-1973). O pintor dinamarquês, fundador do COBRA e membro da Internacional Situacionista, procurava atacar a superficialidade imagética do espetáculo capitalista, trabalhando por cima de pinturas e reproduções encontradas em brechós ou cartões-postais, com uma irreverência destinada a desarmar e reimaginar sua tradição.


Longo Bahia cobriu uma série de suas pinturas produzidas entre os anos 1980 e 2000 com novas camadas de tintas, imagens e significados. Longo Bahia, como Jorn, em suas Desfigurações, não trata a imagem original como um resgate de memória, mas como um elemento plástico a ser transformado. Suas intervenções não apenas alteram a aparência da obra, mas redefinem seu significado, fazendo com que a imagem anterior permaneça como base estrutural e semântica. O movimento não apenas transforma visualmente os suportes, mas também mantém ou ressignifica seus conteúdos, fazendo com que a relação entre o original e a intervenção gere novos sentidos.


Esse vandalismo estratégico de que a artista faz uso refere-se à tática situacionista do détournement (desvio) — o roubo de uma imagem preexistente para subverter seu significado original. Ao modificar ou construir sobre imagens já existentes, Longo Bahia também presta homenagem a si mesma, ainda que de forma sarcástica. 


Ela copia imagens de artistas que admira e que considera radicais sobre as suas. O uso não é referencial, e ela chega a dizer que não importa muito saber de quem é essa ou aquela imagem, já que seu uso é direcionado às suas vontades, não à mera reprodução. "Eu estou atualizando meu trabalho”, diz ela.


Essa atualização contextual que Dora Longo Bahia faz sobre sua própria obra tem muitas camadas de ação: a reação violenta e visceral como resposta política aos eventos globais, a referência a rejeição ao Espetáculo da Internacional Situacionista e uma discussão sobre o próprio meio da pintura.


Suas novas pinturas negam a pureza do meio: não são planas, não enfatizam os processos técnicos e a materialidade, não rejeitam a figuração e, sobretudo, negam a ideia de progressão. Suas Desfigurações achatam o tempo do fazer entre Doras separadas por 30 ou 40 anos. 


Dora Longo Bahia vê sua obra como uma produção que não é estática, que pode ser desconstruída e questionada.


Além das pinturas, Longo Bahia inclui 9 vídeos na exposição. Em 2021, convidada pela curadora Cecilia Fajardo-Hill para falar em uma série de encontros da Princeton University (EUA), iniciou uma prática em vídeo baseada na sobreposição de múltiplas camadas de vídeos como recurso para uma apresentação sobre sua carreira artística. A partir disso, Dora radicalizou o procedimento e passou a desenvolver vídeos para palestras, simpósios e residências que se baseiam na colagem e sobreposição de textos e imagens roubados de diversos autores. Ao modo do détournement, o uso desse material não cita os autores, mas sequestra os materiais para construir novos discursos. 


Dora também mostra um conjunto de panos usados para limpar seus pincéis. Cada um deles, imbuído de qualidades pictóricas acidentais e muito tempo de trabalho, traz pintado o nome de um pigmento vermelho, cor fundamental na obra da artista. Um deles traz o nome realgar, o título da exposição que Dora transliterou para Rahj al-ġār. O pigmento vermelho-alaranjado é altamente tóxico, já que é composto principalmente por sulfeto de arsênio. O realgar foi utilizado na produção artística desde a Antiguidade e é usado na produção de fogos de artifício. A adaptação do nome para o título aproxima a palavra de sua origem árabe.


A exposição traz um pouco do espaço do ateliê para a montagem. Dora vai cobrir as paredes, o chão e um mobiliário central – com um sofá e uma televisão que mostra dois dos vídeos – com o mesmo plástico que usa para cobrir as paredes enquanto pinta para colher os rastros dessas pinturas. O aspecto, além de ateliê, fica também entre uma cena de crime e uma casa coberta para ser pintada ou abandonada.


Na entrada da exposição está um desenho feito por Dora quando criança, nos anos 1960. A imagem mostra uma cidade urbana, com trânsito caótico, acidentes, prédios, uma igreja, uma escola e uma pesada chuva rabiscada por cima do desenho, de onde emerge a palavra Brasil. Esse trabalho não foi atualizado.



Serviço


Dora Longo Bahia: Rahj al-ġār

ABERTURA 21 de março – 19_22h

De 21 de março a 03 de maio de 2025

LOCAL: Galeria Vermelho

De segunda-feira a sexta-feira das 10h às 19h e aos sábados das 11h às 17h.

Rua Minas Gerais, 350 _ Higienópolis 01244-010 _ São Paulo, SP

tel.: +55 11 3138 1520

galeriavermelho.com.br 

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