

Exposição individual "Mecânica dos meios contínuos", de Marcius Galan
Exposição
- Nome: Exposição individual "Mecânica dos meios contínuos", de Marcius Galan
- Abertura: 27 de março 2025
- Visitação: até 10 de maio 2025
Local
- Local: Galeria Luisa Strina
- Evento Online: Não
- Endereço: Rua Padre João Manuel, 755
Marcius Galan tensiona matéria, movimento e equilíbrio em nova exposição na Luisa Strina
O artista apresenta obras que exploram a instabilidade e a permanência dos corpos no espaço
Mecânica dos meios contínuos, individual de Marcius Galan, apresenta um conjunto de obras, a maioria inéditas, que explora o conceito de limite da resistência. São objetos e instalações que, aparentando estar à beira do colapso, continuam a cumprir seus movimentos e funções específicas. O título refere-se a uma área da física dedicada à formulação matemática dos fenômenos relacionados ao movimento e à deformação dos corpos sob a ação de agentes externos.
A extensa e diversa produção de Marcius Galan assimila conceitos e linguagens do cotidiano para reelaborar o espaço, tema central de sua obra. Seus trabalhos integram as coleções de MAM-SP, MAM-RJ, MASP, Pinacoteca de São Paulo, MAC- USP, Museum of Fine Arts Houston, Phoenix Art Museum e Inhotim. Participou de exposições em instituições como Palais de Tokyo, Wexner Center, Guggenheim Bilbao, Museu Serralves, Americas Society, Bienal de São Paulo, Bienal do Mercosul e Bienal das Américas. Foi vencedor do Prêmio PIPA em 2012 e fez residência na Gasworks Londres; e do prêmio Iberê Camargo em 2004 com residência na School of the Art Institute of Chicago.
Mecânica dos meios contínuos terá abertura no dia 27 de março, quinta-feira, das 18h às 21h. Como programa público, uma conversa entre o artista, a curadora e pesquisadora Heloisa Espada, que assina o texto da exposição, e o colecionador e pesquisador Fábio Faisal acontecerá no encerramento da mostra, em 10 de maio, às 11h.
Quanto mais escura é a noite, mais vigorosa é a luz dos vaga-lumes
A primeira obra da mostra é Cinema (2025), que ocupa a sala principal da galeria, completamente às escuras. Um sistema de luz suspenso do teto simula o voo de dois vaga-lumes. Esses pequenos focos luminosos emitem sinais em um código de comunicação que só pode existir na ausência de luz.
Além de explorar a percepção cinética, na qual o cérebro humano interpreta as piscadas de luz como movimento, Cinema presta homenagem a Pier Paolo Pasolini (1922-1975). O cineasta italiano, em carta a um amigo, comparou o desaparecimento dos vaga-lumes à extinção da resistência ao fascismo na Itália. Segundo ele, a luz da propaganda fascista era tão intensa e uniforme que apagava nuances, a poesia e a própria resistência política.
Filmado no deserto, o vídeo Anti-horário (2025) registra um pequeno galho seco que, movido pelo vento, desenha um círculo perfeito na areia. A direção do vento muda constantemente, alterando o sentido do desenho. O som desempenha um papel essencial na obra: cada mudança de direção é pontuada por um ruído, reforçando a percepção da instabilidade do movimento. Infinito (1999), único trabalho pertencente a uma produção anterior do artista, é um tubo de vidro moldado na forma do símbolo do infinito, cujo ciclo contínuo é interrompido por um volume de cera que obstrui sua passagem, rompendo a ideia de continuidade.
A resistência dos materiais
Na Sala 2, os trabalhos lidam com a materialidade de maneira distinta. São obras feitas com pedras, carvão e ferro, nas quais há a intenção de confrontar o peso e a resistência destes materiais. Memória geológica (2025) consiste em duas pedras cortadas por uma linha de aço que se atraem para um ponto comum. A interação entre os vértices das linhas sugere uma força magnética que parece cortar as rochas, que, por sua vez, resistem ao movimento, criando uma tensão entre atração e oposição. Apesar da aparente dinâmica, a obra permanece estática.
De forma semelhante, Força resultante (2025) apresenta uma haste de madeira em uma posição aparentemente impossível, desafiando a gravidade. Uma linha de ferro sugere a manutenção desse equilíbrio ao se aproximar de um prego na parede, sem tocá-lo. A obra captura o instante de instabilidade entre a iminência da queda e um ponto de segurança.
Baixa resolução (2025) é uma grande composição de parede feita com cubos de madeira e carvão. As áreas chamuscadas evocam tanto a vista aérea de uma região devastada por queimadas quanto explosões pixeladas de videogames antigos, congelando um momento de destruição em linguagem básica que remete aos primórdios da representação virtual.
Por fim, Orbital (2025) é uma grande composição de placas pintadas com tinta automotiva preta sobre as quais são dispostas pedras minerais. Esses elementos determinam as órbitas de objetos cortantes que riscam a superfície industrial dos módulos. O atrito entre os materiais desenha padrões geométricos similares aos traços de um compasso, criando um contraste entre a delicadeza das linhas e a agressividade do movimento que as inscreve na superfície. Ao longo da exposição, cada obra aborda o conceito de resistência, explorando a instabilidade dos materiais, a tensão entre equilíbrio e colapso, e a dinâmica entre permanência e efemeridade. Assim como na mecânica dos meios contínuos, os trabalhos investigam a relação entre forças externas e suas consequências sobre corpos físicos, levantando questões sobre fragilidade, persistência e transformação.
Sobre o artista
A extensa e diversa produção de Marcius Galan se desenvolve por meio de instalações, esculturas, desenhos, vídeo e fotografia. Sua prática assimila conceitos e linguagens do cotidiano para reelaborar o espaço, tema central de sua obra. Para tanto, Galan realiza um aprofundamento sobre as características e naturezas de cada material trabalhado, combinando-os ou colocando-os em atrito. Seus trabalhos são capazes de desafiar a certeza e a aparente estabilidade dos objetos, confundindo a percepção e criando um espaço aberto à interpretação.
Formado em Educação Artística pela Fundação Armando Álvares Penteado, Marcius Galan vive e trabalha em São Paulo. Sua obra, fortemente fundamentada na experiência urbana do cotidiano, dialoga, ainda, com alguns momentos de inflexão da história da arte do século XX, com centralidade para as discussões trazidas pelo neoconcretismo brasileiro e pela arte norte-americana dos anos 1950 e 1960. Desde 2000, é representado pela Galeria Luisa Strina, onde realizou exposições individuais como Fervor (2020), Planta/Corte (2015), Imóvel/Instável (2011), Área comum (2008), Arquipélago (2005), Fundo falso (2004) e Projeto outdoor (1996).
Dentre suas exposições individuais recentes estão: Gravidade, Museu de Arte Contemporânea — MAC-USP, São Paulo (2022); Pintura de emergência, Museu de Arte Moderna de São Paulo — MAM-SP (2022); They endured, Gregor Podnar, Berlim, Alemanha (2020); Seção: prisma fumê, Pinacoteca de São Paulo (2019); Instrumentos de Precisão, Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto, SP (2018); Mará-obi, Capela do Morumbi, São Paulo (2018); Line Weight, Gregor Podnar, Berlim, Alemanha (2017); Penetra, Fundação Ema Klabin, São Paulo (2017); Arquitecturas del Desarraigo, Ideobox Artspace, Miami, EUA (2014); Diagrama, NC-Arte, Bogotá, Colômbia (2013); Geometric Progression, White Cube, Londres, Reino Unido (2013); entre outras.
Integrou a 8a Bienal do Mercosul: ensaios de geopoética (2011) e a 29a Bienal de São Paulo: há sempre um copo de mar para um homem navegar (2010). Dentre suas participações em exposições coletivas, destacam-se: Janelas - Une exposition d'art postal, Musée d'Art Moderne et Contemporain de Saint-Étienne, França (2022); Obscura luz, Galeria Luisa Strina, São Paulo (2022); A máquina do mundo: Arte e indústria no Brasil 1901–2021, Pinacoteca de São Paulo (2021); Zona da Mata, Museu de Arte Moderna de São Paulo — MAM-SP e Museu de Arte Contemporânea de São Paulo — MAC-USP (2021), Stories of Abstraction: Contemporary Latin American Art in the Global Context, Phoenix Art Museum (2020); Plural Domains – Selected work from the CIFO Collection, Bienal de Cuenca, Museo de la Ciudad, Cuenca, Equador (2018); Avenida Paulista, MASP, São Paulo (2017); Art and Space, Guggenheim Bilbao, Espanha (2017); De lo espiritual en el arte, Museo de Arte Moderno de Medellín, Colômbia (2016); Brazil, Beleza?! Contemporary Brazilian Sculpture, Museum Beelden aan Zee, Haia, Holanda (2016); Empty House, Luhring Augustine, Nova York, EUA (2015); Inside, Palais de Tokyo, Paris, França (2014); Cruzamentos: Contemporary Art in Brazil, Wexner Center for the Arts, Columbus, EUA (2014); 30x Bienal, Bienal de São Paulo (2013); Blind Field, Kannert Art Museum e Kinkead Pavillion, Illinois, EUA (2013); entre outras.
Galan foi contemplado por prêmios e bolsas, tais como o Prêmio PIPA em 2012; o Cifo – Cisneros Fontanals Commission Prize em 2009; e a Bolsa Iberê Camargo — Visiting Artists Program (Art Institute of Chicago, EUA) em 2004. Seus trabalhos figuram em coleções nacionais e internacionais de destaque: MASP, São Paulo; Pinacoteca de São Paulo; Museu de Arte Moderna de São Paulo — MAM-SP; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro — MAM Rio; Museum of Fine Arts Houston, EUA; Museo Jumex, Cidade do México, México; Instituto Inhotim, Brumadinho, MG; Cifo Cisneros Fontanals, Miami, EUA; Zabludowicz Collection, Londres, Reino Unido; Phoenix Art Museum, EUA; entre outras.
Serviço
Marcius Galan: Mecânica dos meios contínuos
Abertura: 27 de março, quinta-feira, das 18h às 21h
Visitação até 10 de maio de 2025
Programa público: conversa entre o artista, a curadora e pesquisadora Heloisa
Espada, que assina o texto da exposição, e o colecionador e pesquisador Fábio
Faisal: 10 de maio, sábado, às 11h.
Horários: segunda a sexta, das 10h às 19h, sábado, das 10h às 17h
Luisa Strina
Rua Padre João Manuel, 755, São Paulo