

Exposição individual "Hêmba", de Edgar Kanaykô Xakriabá
Exposição
- Nome: Exposição individual "Hêmba", de Edgar Kanaykô Xakriabá
- Abertura: 25 de outubro 2025
- Visitação: até 15 de dezembro 2025
Local
- Local: Solar Fábio Prado
- Evento Online: Não
- Endereço: Av. Brig. Faria Lima, 2705 - Jardim Paulistano, São Paulo - SP
Exposição gratuita em São Paulo mostra a força da fotografia indígena na primeira exposição individual de Edgar Kanaykô Xakriabá
A exposição Hêmba reúne mais de uma década de produção visual do fotógrafo e antropólogo indígena, marcada pela ancestralidade, resistência e força poética
São Paulo recebe a primeira exposição individual do fotógrafo e antropólogo indígena Edgar Kanaykô Xakriabá, intitulada Hêmba, palavra que em Akwẽ significa "alma e espírito".
A mostra gratuita ocupa três salas do Solar Fábio Prado, na Faria Lima, a partir do dia 25 de outubro até 15 de dezembro.
Com um conjunto de imagens que atravessa o tempo e as fronteiras entre humano e não humano, visível e invisível, política e poética. A curadoria é de Fabiana Bruno e Eder Chiodetto.
O percurso expositivo está organizado em três núcleos: Território, Cosmologia e Resistência. Embora ele funcione como eixos curatoriais, não pretendem isolar os temas. Ao contrário: o espaço foi concebido como um corpo interligado, um organismo vivo que reflete o pensamento indígena sobre a inseparabilidade dos mundos.
Um dos trabalhos mais simbólicos, segundo Edgar, é a fotografia do pajé Vicente Xakriabá em canto e dança: "Foi ele quem me conduziu com sua sabedoria a pensar os conceitos do Hêmba, da imagem, da alma. Essa fotografia é um instante de um gesto daqueles que fazem dançar as imagens dos mundos humanos e não humanos."
"Não existem necessariamente essas divisões para os povos indígenas. O espaço expositivo permitirá que as salas sejam percorridas internamente, o que faz alusão entre esses temas nos mundos indígenas", explica a curadora Fabiana Bruno.
Edgar Xakriabá, que aprendeu a fotografar em sua própria aldeia, construiu um trabalho autoral que funde arte, ancestralidade e ciência em uma prática visual que desafia os limites da linguagem fotográfica ocidental.
"A fotografia é um meio de luta para fazer ver, com outro olhar, aquilo que o povo indígena é", afirma Edgar. Seu trabalho, que também é fundamentado por sua formação em Antropologia Visual, propõe uma revisão urgente da história da fotografia brasileira.
As imagens apresentadas na exposição, a maioria oriundas do fotolivro Hêmba, publicado em 2023 pela Fotô Editorial, e outras inéditas, são emanações de um imaginário cósmico e territorial: sementes, troncos, céu, lua, estrelas, fogo, água, animais.
"São imagens que subvertem a função estrita de um discurso. "São sobreposição de memórias longínquas, alianças sagradas com terra, floresta, astros e corpos. É outra forma de existência", diz Fabiana Bruno.
A fotografia de Edgar funde o documental ao poético, do etnográfico ao experimental. "Costumo dizer que não me apego a um estilo justamente para não ficar preso a um. O estilo do meu trabalho é 'estilo território'", explica a curadora.
São mais de dez anos de produção, com imagens feitas em rituais, cotidianos, deslocamentos e paisagens da vida Xakriabá. Para ele, o território é o eixo central de sua obra: "A terra é mãe, e é da luta pela garantia do território que toda a cultura e cosmologia de um povo se sustenta. Sem território, os outros temas não podem coexistir."
A exposição também propõe um mergulho sensorial. "O still, o movimento, a palavra, a imagem, os símbolos, a língua, os artefatos, tudo está integrado no projeto curatorial criando uma espécie de constelação pela qual os visitantes irão orbitar", revela Eder Chiodetto. "A circularidade será uma marca do projeto. Edgar sempre nos lembra que os ciclos vitais acontecem em elipses."
Ao abrir espaço para um artista indígena falar de dentro de sua aldeia, com a câmera nas mãos e a memória nos olhos, Hêmba não apenas ocupa um território simbólico dentro da fotografia brasileira, ela o ressignifica. "A exposição é uma forma de retomar e demarcar um território que historicamente foi negado, mas sempre foi dos povos indígenas", afirma Edgar.
A mostra é realizada com recursos do ProAC Expresso Direto e reafirma a potência da arte indígena como linguagem viva, insurgente e ancestral.
Hêmba será gratuita e aberta ao público de 25 de outubro a 15 de dezembro no Solar Fábio Prado, que fica na Avenida Brigadeiro Faria Lima, 2705, Jardim Paulistano, em São Paulo.
Serviço
Exposição Hêmba – Edgar Kanaykô Xakriabá
Datas: de 25 de outubro a 15 de dezembro de 2025
Entrada gratuita
Local: Solar Fábio Prado
Endereço: Av. Brig. Faria Lima, 2705 - Jardim Paulistano, São Paulo - SP, 01452-000
Curadoria: Fabiana Bruno e Eder Chiodetto
Realização: ProAC e Fotô Editorial