Exposição individual "GRAFISMO EMERGENTE", de Tirry Pataxó
Exposição

Exposição individual "GRAFISMO EMERGENTE", de Tirry Pataxó

Exposição

  • Nome: Exposição individual "GRAFISMO EMERGENTE", de Tirry Pataxó
  • Abertura: 13 de fevereiro 2025
  • Visitação: até 13 de abril 2025

Local

  • Local: Capelinha | Escola de Artes Visuais do Parque Lage
  • Evento Online: Não
  • Endereço: Rua Jardim Botânico, 414

EAV Parque Lage apresenta


‘Grafismo Emergente’, de Tirry Pataxó


Com representação contemporânea de traços geométricos, obras inspiradas na tradição da etnia do artista estão na individual curada por Adriana Nakamuta

Exposição ocupará a Capelinha a partir de 13 de fevereiro, com trabalhos desenvolvidos nos recentes anos de formação na EAV


A Escola de Artes Visuais (EAV) do Parque Lage inaugura, em 13 de fevereiro, às 19h, na Capelinha, a exposição Grafismo Emergente, de Tirry Pataxó. O artista visual carioca, de 34 anos, hoje aluno da EAV, cultiva a prática do desenho desde a infância e começou a fazer artesanato aos 12. A curadoria de Adriana Nakamuta engloba trabalhos que criam uma associação entre arte, história e meio ambiente, produzidos nos dois últimos anos.


"Tirry Pataxó traz para a arte contemporânea a tradição da pintura dos povos originários, unindo grafismos indígenas com a geometria abstrata do modernismo. Isso confere um novo significado para forma e cor na arte produzida atualmente", observa Alberto Saraiva, diretor da EAV Parque Lage.


Filho de pai descendente do povo Potiguara, da Paraíba, e de mãe da etnia Pataxó, da Bahia, Tirry passou a infância expondo artesanato e vendendo as criações de sua família no Calçadão de Copacabana. Em 2022, após anos de embates com a fiscalização municipal, eles migraram para a área verde do Parque Lage onde passaram a expor seus trabalhos, acompanhados por outros indígenas. 


Desde então, artistas e professores que frequentam o cotidiano da Escola comentavam sobre a qualidade do trabalho de Tirry. Em 2023, surgiu o convite por parte do diretor da instituição, Alberto Saraiva, para se candidatar a uma bolsa de estudos na EAV, no programa de formação Imersão em Artes Visuais. “Me disseram que teríamos aulas práticas e teóricas, e isso abriu muito a minha mente, porque eu já vinha trabalhando essa questão de evoluir a representação do grafismo indígena”, lembra Tirry.


Nestes dois anos de cursos na Escola de Artes Visuais, ele encontrou olhos atentos e ouvidos abertos à sua arte e sua história. Os mentores mais presentes foram Alberto Saraiva, que também dá aulas de pintura na instituição, o antropólogo Nathanael Araujo e o artista-professor Marcos Bonisson, que ministraram em parceria o programa de imersão. Outro mestre foi Luiz Pizarro, de quem Tirry foi bolsista-monitor nos cursos de desenho.


De acordo com a tradição indígena, os grafismos estão sempre associados a algum significado espiritual, mental ou físico. Tirry, que tem a prática do desenho e da pintura desde criança, expandiu seu repertório estético através dos estudos na EAV, até chegar a uma arte própria: “Isso nem fui eu que percebi, mas outros amigos e artistas que acompanham o meu trabalho. O diretor (Alberto Saraiva) me falou que o que eu faço hoje é uma arte nova, é algo só meu. Aí comecei a perceber que estava nascendo uma linguagem diferente”, conta Tirry. O artista afirma que esse processo de desdobramento na linguagem dos grafismos também vem sendo praticado por outras etnias brasileiras.


Para Adriana Nakamuta, trata-se de um grafismo que ganha mais feições geométricas e traz alguns padrões identitários indígenas, mas ao mesmo tempo dialoga muito com a arte contemporânea: “Claramente, isso tem a ver com a formação do próprio olhar do Tirry Pataxó que, de alguma forma, vai geometrizando essas imagens”. 


Segundo a curadora, “a EAV está dentro do que talvez seja a maior floresta urbana do mundo. Os visitantes do Parque Lage vivenciam o espaço como um ponto turístico e instagramável, mas param pouco para pensar no quanto a Escola pode contribuir para as discussões de preservação e conscientização crítica ambiental. Me parece que o Tirry tem esse entendimento do que nos interessa em termos de agenda de discussão e reflexão”, pontua Adriana. “Acho que arte e meio ambiente estarão cada vez mais próximos daqui por diante. E acredito que, como indígena, como aluno e alguém que tem uma cultura que parte de premissas muito diferentes das nossas, o Tirry tem uma contribuição importantíssima a compartilhar.”


Outro aspecto ressaltado pela curadora é a permanência da pintura geométrica com novas bases de discussão: “Vejo que a geometria e a abstração seguem presentes na contemporaneidade, mas já não integram as pautas de debates como nos anos de 1960 e 1970. Não é mais uma luta para criação de espaço ou disputa entre figurativo e abstrato. Esse geométrico não é projeto de vanguarda. No caso de Tirry, está na força identitária de construção e delimitação de pertencimento ao universo da arte contemporânea”.


Sobre a EAV Parque Lage


A Escola de Artes Visuais do Parque Lage foi criada em 1975, pelo artista Rubens Gerchman, para substituir o Instituto de Belas Artes (IBA). Seu surgimento acontece em plena Guerra Fria na América Latina, durante o período de forte censura e repressão militar no Brasil. A EAV afirma-se historicamente por seu caráter de vanguarda, como marco da não conformidade às fronteiras e categorias, e propõe regularmente perguntas à sociedade por meio da valorização do pensamento artístico.


Alguns exemplos marcantes da história do Parque Lage são a utilização do palacete como sede do governo da cidade de Alecrim em Terra em Transe, dirigido por Glauber Rocha em 1967; e a exposição “Como Vai Você, Geração 80?”, que reuniu 123 jovens artistas de diferentes tendências na mostra que celebrou a liberdade e o fim do regime militar. O palacete em estilo eclético foi também palco de “Sonhos de uma noite de verão”, clássico shakespeariano, e serviu como locação para “Macunaíma”, de Joaquim Pedro de Andrade.


A EAV está voltada prioritariamente para o campo das artes visuais contemporâneas, com ênfase em seus aspectos interdisciplinares e transversais. Abrange outros campos de expressão artística (música, dança, cinema, teatro) em suas relações com a visualidade. As atividades da EAV contemplam tanto as práticas artísticas como seus fundamentos conceituais.


A instituição configura-se como um centro educacional aberto de formação de artistas e profissionais do campo da arte. Como referência nacional, busca criar mecanismos internos e linhas de atuação externa que permitam um diálogo produtivo com a cidade e com os circuitos de arte nacional e internacional. A EAV integra a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do estado do Rio de Janeiro.



Serviço


GRAFISMO EMERGENTE, de Tirry Pataxó

Curadoria: Adriana Nakamuta

Inauguração: quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025, às 19h

Encerramento: 13 de abril de 2025

Local: Capelinha | Escola de Artes Visuais do Parque Lage

Endereço: Rua Jardim Botânico, 414

Rio de Janeiro | RJ

Tel: (21) 2216-8505

Visitação: de quinta a terça, das 10h às 17h (a exposição não abre às quartas)

Gratuito | aberto ao público | classificação livre

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