Exposição individual "Eterno Vulnerável", de Castiel Vitorino Brasileiro
Exposição

Exposição individual "Eterno Vulnerável", de Castiel Vitorino Brasileiro

Exposição

  • Nome: Exposição individual "Eterno Vulnerável", de Castiel Vitorino Brasileiro
  • Abertura: 26 de julho 2025
  • Visitação: até 01 de novembro 2025

Local

  • Local: Solar dos Abacaxis | Mercado Central
  • Evento Online: Não
  • Endereço: Rua do Senado, 48 – Centro

"Eterno Vulnerável" reúne 40 obras inéditas de Castiel Vitorino Brasileiro no Solar dos Abacaxis a partir do dia 26 de julho


Com curadoria de Bernardo Mosqueira e Matheus Morani, a exposição gratuita transforma dois andares do instituto carioca em um território sensorial, ativado por práticas de cura, ancestralidade e transmutação numa grande investigação sobre a natureza da Liberdade


 

No dia 26 de julho, o Solar dos Abacaxis inaugura a exposição "Eterno Vulnerável", a primeira grande individual institucional de Castiel Vitorino Brasileiro – uma das mais importantes artistas em atividade no Brasil hoje – reconhecida por propor espaços e procedimentos que entrelaçam arte, espiritualidade e psicologia. Nessa mostra, a artista, que também é escritora e psicóloga clínica, se aprofunda no eixo principal de seu trabalho: o entendimento dos processos de cura como processos de construção da liberdade. "Eu sempre contextualizo minha prática artística com a minha prática e formação em psicologia. Ao me debruçar em questões como liberdade, eu sempre vou pensar de modo clínico, ou seja, de um modo muito pessoal, individual, singular, tentando olhar para a família, para questões coletivas e também, por vezes, culturais", reflete a artista.


Com curadoria de Bernardo Mosqueira e Matheus Morani, a mostra ocupa dois andares da sede do instituto no Mercado Central (Rua do Senado, 48 – Centro do Rio) e reúne 40 obras inéditas e comissionadas, entre pinturas, instalações, esculturas, mosaicos, cerâmicas, desenhos e vídeo. O projeto integra a programação especial que celebra o aniversário de dez anos da instituição, cuja temporada educacional e artística de 2025 e 2026 será inteiramente dedicada ao tema da liberdade.


Com entrada gratuita e visitação até 1º de novembro, a exposição traz para o espaço do Solar estudos sobre temporalidade, transformação, memória, saúde e emancipação — temas centrais na trajetória da artista. "Nessa exposição eu quis trazer uma experiência de celebração, de descanso, de cuidado e de referência à minha própria ancestralidade por meio dos próprios objetos. Ao contrário de outras exposições, onde trabalhei bastante com fotografia, nesta tento trazer essa força para o objeto", conta a artista.


"Eterno Vulnerável" nasce de uma longa relação entre Castiel e o Solar e do profundo alinhamento entre a artista e os princípios da instituição – ambos apostam na arte como experiência viva, na espiritualidade como campo político e criativo, na importância das formas de viver não-normativas e na liberdade como luta cotidiana. Castiel participou de ações marcantes do Solar, como a exposição "D'olho D'água à Foz" na Praia do Arpoador em 2021, do programa público de "Por uma outra ecologia: o que a matéria sabe sobre nós" em 2024 e foi também a autora dos cartazes que anunciavam o programa anual do Solar de 2025, lançado na última edição da ArtRio.


A prática de Castiel Vitorino desenvolve um vocabulário muito próprio que desafia os rótulos convencionais da arte e afirma uma linguagem enraizada em sua subjetividade e ancestralidade. Suas instalações, por exemplo, são chamadas por ela de "espaços perecíveis de liberdade" – territórios temporários onde o corpo e a presença são centrais para experiências de cura e transformação.


"O título 'Eterno Vulnerável' fala da própria natureza da liberdade, sobre a importância de entendermos que ela está sempre frágil, em risco, que nunca está garantida. Ela é objeto de um esforço constante – para ser alcançada, sustentada, imaginada", afirma o curador Bernardo Mosqueira. "Ao mesmo tempo, o título é também uma afirmação do poder da vulnerabilidade, do que podemos aprender com a sabedoria dos sentimentos para sermos mais livres."


No térreo da exposição, o público é recebido por uma instalação imersiva em que um ambiente é formado por quatro grandes tecidos tingidos com pigmentos naturais trazidos de uma residência no Marrocos, aos quais foram adicionados brilhos, escritos, rezas, costuras, e desenhos. No centro do espaço formado pelos tecidos, sobre um chão de terra, são exibidas esculturas de barro que evocam ninhos, casas e cabaças, com cores e formas que fazem referência ao Cosmograma Bakongo – símbolo bantu que remonta aos ciclos de vida, morte, ancestralidade e metamorfose. A instalação é composta por luzes, cores e aromas, conjugando um território de acolhimento e transformação. 


Ainda nas paredes do térreo, podemos encontrar grandes pinturas elaboradas a partir dos processos do "Método Elementar", um ritual coletivo de escuta e cura que a artista desenvolveu em sua atuação clínica e artística, que também será realizada como parte da programação pública desta mostra na instituição. "O método elementar costura tudo, porque é o encontro com o que é elementar pra gente, ou seja, a respiração. Neste processo, são realizadas meditações guiadas e também desenvolvemos várias pinturas e desenhos durante essa prática. E essas pinturas vão estar na exposição como um registro desse processo coletivo de cura", resume Castiel.


No fundo do primeiro andar, encontramos também o vídeo inédito "Abre Alas" (2025) – editado a partir de imagens realizadas na residência no Marrocos no ano de 2023 – projetado diante de uma arena circular que receberá rodas de conversa, práticas de cura e ações educativas conduzidas pela própria artista e outras convidadas.


"Castiel é uma das artistas mais importantes em atividade no Brasil hoje e, sem dúvida, uma das mais singulares de sua geração. Ela tem uma linguagem muito própria, uma prática radicalmente genuína. Ao mesmo tempo que é um trabalho cheio de segredos e recusas, é uma prática também muito generosa, que tem o coletivo como origem e destino.", afirma Mosqueira. "Sua obra tem no centro processos de cura que nascem do entrelaçamento entre arte, espiritualidade e política, não no lugar das táticas, da intencionalidade e racionalidade da macropolítica, mas de algo muito maior que é a potência do namoro sincero e humilde com o Mistério. Essa é a maior individual que o Solar já realizou. Poder realiza-la neste momento em que celebramos nossos 10 anos é um privilégio para a gente, além de um sinal de um enorme alinhamento."


"Castiel compartilha com o Solar o desejo de nos movermos para além das categorias de conhecimento convencionais, para, assim, construirmos uma real transformação nas formas de vivemos juntos, de pensar, sentir, imaginar e construir juntos. Em sua exposição, a artista convida a todas as pessoas para um espaço meditativo e acolhedor de cura, por meio de obras e de encontros que evocam a comunhão e a escuta do que é mais primordial e elementar para as existências — como o ar, a água, a terra, o abandono e o amor.", diz Matheus Morani, que assina a curadoria com Mosqueira.


No andar superior, a exposição mergulha em camadas mais íntimas. Uma grande estrutura piramidal exibe uma série de esculturas feitas de dormentes de madeira parcialmente cobertos por mosaicos de espelhos e ladrilhos. Nas paredes, pinturas e desenhos de diferentes escalas, incluindo obras realizadas por ou em parceria com a avó da artista, representando especialmente ecologias, memórias de plantas e paisagens da infância.


A relação entre o feminino e a ancestralidade na família de Castiel é muito importante nesta mostra que espelha tão intimamente a subjetividade da artista. Ainda que muito vibrante e alegre, a exposição reverbera também ausências e silêncios — especialmente considerando o marco simbólico dos 15 anos do desaparecimento da mãe de Castiel, referência que perpassa afetivamente toda a exposição. A série de obras em tecido que abre a exposição é chamada "Ingrid" (2025), nomeada em homenagem à mãe da artista.


A série de totens intitulada "Não Dá Pra Não Pensar em Você" (2025) também parte dessa ferida aberta e elabora, de maneira ritualística, uma memória coletiva e pessoal. São 15 esculturas construídas com mosaicos sobre dormentes de madeira, cada uma pesando cerca de 50 quilos — um peso simbólico que carrega os anos de ausência, luto e reinvenção. Cada totem corresponde a um ano do desaparecimento de sua mãe, tornando-se marcador do tempo e da presença dessa ausência na vida e na obra de Castiel. O título da série, extraído do primeiro verso de uma canção de Sandy e Junior (Não dá pra não pensar, 2008), evoca a recorrência do pensamento e da saudade como forma de existência. 


"Não tem como falar sobre liberdade sem falar sobre a minha relação com a minha mãe, que está desaparecida há 15 anos. Ela desapareceu em 2009, e desde então isso se tornou uma ausência que marca tudo. A música de Sandy e Júnior que inspirou o nome da obra me atravessa há anos, porque desde que ela desapareceu eu sinto que estou sempre pensando nela. É um trabalho sobre memória, saudade e cura, mas também sobre a forma como a ausência pode ser presença. Esses totens são como marcadores de tempo, de afeto e de resistência. Falar da minha mãe é falar da minha liberdade, porque a minha história passa por ela, pelo sumiço dela, e pela forma como sigo vivendo e me transformando a partir disso", reflete a artista.


Para Castiel, a liberdade está diretamente conectada à recusa das categorias sociais impostas. Quando afirma que "a transmutação é um desígnio inevitável", a artista reivindica uma opacidade radical diante de definições que a limitam – gesto de recusa que é também um gesto de cuidado, de sobrevivência e de imaginação de outros futuros possíveis. Ao abrigar "Eterno Vulnerável", o Solar dos Abacaxis reafirma seu compromisso com práticas artísticas que interrogam o mundo, reencantam a vida e lutam pelo cuidado e pela liberdade em suas múltiplas dimensões.


Nascida em Vitória, no Espírito Santo, Castiel Vitorino vive entre São Paulo, Rio de Janeiro e sua cidade natal. Já participou de exposições em instituições como a Pinacoteca de São Paulo, o MASP, o MAR, o MAM Rio, o Inhotim e as Bienais de São Paulo e Berlim, além de ter tido uma exposição individual no Hessel Museum, no estado de NY. "Eterno Vulnerável" representa um ponto de inflexão em sua trajetória: um momento de expansão artística e simbólica, com um projeto comissionado em sua totalidade e concebido para dialogar com o espaço do Solar.


A exposição integra também o programa educativo do Solar, com ações voltadas a escolas, grupos e coletivos. "Eterno Vulnerável" é, acima de tudo, um convite à presença: à escuta do corpo, da memória, da espiritualidade e da liberdade – essa matéria instável que habita cada uma e cada um de nós.


O Solar dos Abacaxis tem Patrocínio Master do Instituto Cultural Vale e Patrocínio Prata do Mattos Filho, via Lei Federal de Incentivo à Cultura. O Programa Educativo tem Patrocínio Ouro do BTG Pactual, via Lei Municipal de Incentivo à Cultura.



SERVIÇO


Exposição "Eterno Vulnerável" – Castiel Vitorino

Curadoria: Bernardo Mosqueira e Matheus Morani


Abertura: 26 de julho de 2025

Encerramento: 1 de novembro de 2025


Visitação: quarta a sábado, das 10h às 18h


Local: Solar dos Abacaxis | Mercado Central – Rua do Senado, 48 – Centro, Rio de Janeiro


Entrada gratuita


Mais informações: contato@solardosabacaxis.art.br https://www.instagram.com/solardosabacaxis/ 

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