Exposição individual “Entre terra e memória”, de Leandro Júnior
Exposição
- Nome: Exposição individual “Entre terra e memória”, de Leandro Júnior
- Abertura: 13 de novembro 2025
- Visitação: até 31 de janeiro 2026
- Galeria: Galeria Aura
Local
- Local: aura
- Evento Online: Não
- Endereço: rua da consolação, 2767, jd. paulista – são paulo, sp
Com texto crítico de Larry Ossei-Mensah, Leandro Júnior realiza sua primeira individual na Aura, trazendo memórias do Vale do Jequitinhonha para São Paulo
A Aura tem o prazer de inaugurar, no dia 13 de novembro, a partir das 18h, a exposição “Entre terra e memória”, a primeira individual de Leandro Júnior na galeria. Acompanhada do texto do curador ganense-americano Larry Ossei-Mensah, a mostra exibe um panorama abrangente da pesquisa pictórica do artista, percorrendo séries significativas, como “Viúvas de Maridos Vivos”, “Vale” e “Lágrimas”, além de obras inéditas e uma escultura. Todas essas diferentes produções são enraizadas em um mesmo lugar: o Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais.
Nas palavras de Ossei-Mensah, nesta exposição “encontramos um artista que recusa a falsa fronteira entre criador e matéria, entre criatividade individual e herança coletiva”. Natural da Chapada do Norte, um pequeno município de apenas 4.500 habitantes, Leandro Júnior traz em sua prática artística a alma e as tradições do Vale. É de lá que ele extrai tanto os materiais com que trabalha, quanto as histórias e experiências vividas que inspiram sua prática. Para além da ressonância simbólica e emocional, há também um engajamento social longínquo com a comunidade local, onde dedica-se ao ensino das artes, compartilhando sua experiência com jovens do Quilombo de Cuba e outras comunidades quilombolas.
“A terra do Vale do Jequitinhonha encontra voz nas mãos de Leandro, e essa voz ressoa muito além de seu ponto de origem. Lembra-nos que a memória vive não apenas em histórias e símbolos, mas na matéria em si — no que tocamos, no que moldamos e no que escolhemos levar adiante.” – Larry Ossei-Mensah
Entre as obras apresentadas, o barro é um elemento constante, presente ora como pigmento, incorporado diretamente às superfícies das telas, ora como representação nas pinturas de paisagens. A matéria argilosa, extraída das encostas do Vale e incorporada às suas produções, conecta diretamente as obras ao seu território de origem. Na série “Casinhas”, por exemplo, o artista devolve à composição o mesmo material que moldava as paredes dos lares que conheceu ainda menino, em suas vivências familiares. Sua pesquisa junto a comunidades quilombolas revelou como o barro vermelho, misturado ao esterco de gado, é utilizado na construção das casas da região, sendo, posteriormente, revestidas com argila branca da comunidade de Tabatinga. Aqui, para além da representação dos espaços, Leandro constrói essas cenas sobre estruturas em forma de caixa, como pequenas arquiteturas, conferindo tridimensionalidade à pintura e ampliando sua presença no espaço expositivo.
Durante o período das chuvas, quando os telhados apresentam goteiras, a água escorre e dissolve o revestimento branco, deixando o vermelho transparecer. “Lágrimas” é o nome que o artista dá à série de pinturas que tem os desenhos dessas paredes como referência. Leandro faz, portanto, da arquitetura doméstica uma analogia à vulnerabilidade; e da pintura um diálogo entre corpo, casa e terra.
As séries “Vale” e “Sertão” introduzem sutilmente a abstração em seu conjunto de trabalhos, trazendo paisagens de poucas variações cromáticas que dissolvem céus em regiões montanhosas e desabitadas. Essas características evoluem na série “Horizonte”, onde, apesar de ainda haver representação, a poeira e o sol retratados confundem horizonte e terra até que o sertão e o céu se tornam indistinguíveis.
Nas séries “Sonho”, “Cabo Verde”, bem como em “Viúvas de maridos vivos”, Leandro captura momentos silenciosos de mulheres, vistas de costas, observando uma paisagem, caminhando ou trabalhando. “Pintar as costas é revelar algo desprotegido, algo profundamente humano”, reflete Ossei-Mensah, ao comentar sobre esses retratos que foram seu primeiro ponto de entrada no trabalho do artista.
A abertura da exposição coincide com um período de destaque internacional da carreira de Leandro. Em maio deste ano, o artista apresentou Viúvas de Maridos Vivos, um curta-documentário baseado em sua série homônima de pinturas, no International Mobile Cinema Showcase, em Cannes. Produzido pela UZ Productions, o filme faz parte do processo de criação do longa-metragem em desenvolvimento, que aprofunda a investigação do artista sobre mulheres rurais cujas vidas são marcadas pela ausência de maridos que migram por longos períodos em busca de trabalho. No próximo dia 15 de novembro, a película também será exibida durante o Pitch Day do DOC NYC, o maior festival de documentários dos Estados Unidos.
Serviço
leandro júnior – entre terra e memória
abertura: 13 de novembro, 18h – 21h
período expositivo: 14.11 – 31.01.26
local: aura | rua da consolação, 2767 – jd. paulista
site: aura.art.br
instagram: @aura.galeria
e-mail: comunicacao@aura.art.br