Exposição individual "Caçamba", de Meia
Exposição

Exposição individual "Caçamba", de Meia

Exposição

  • Nome: Exposição individual "Caçamba", de Meia
  • Abertura: 16 de maio 2025
  • Visitação: até 21 de junho 2025

Local

  • Local: Galeria Vermelho
  • Evento Online: Não
  • Endereço: Rua Minas Gerais, 350 – Higienópolis

Caçamba 

Meia



De 16 de maio a 21 de junho, a Vermelho apresenta Caçamba, nova exposição individual de Meia, que ocupa os dois andares da galeria com pinturas e esculturas. A mostra dá continuidade à pesquisa do artista sobre a cidade como paisagem em transformação, explorando relações entre materialidade, espaço urbano e memória. A partir de fragmentos coletados em deslocamentos pela cidade, Meia articula imagem e objeto em trabalhos que expandem o campo da pintura, propondo reflexões sobre tempo, circulação e permanência.


Na fachada da Vermelho, os integrantes do ateliê coletivo Lapinha, do qual Meia faz parte, realizam a pintura Bar e Lanches Lapinha, que reproduz o bar que dá nome ao ateliê e funciona como ponto de encontro de seus membros. Durante a abertura, os artistas ativarão a pintura como um bar em funcionamento. Ao longo da exposição, o coletivo também apresenta, no hall de entrada da galeria, trabalhos desenvolvidos a partir de jogos coletivos realizados no ateliê. O Lapinha é formado por Alberto Motta, Antônia Perrone, Frederico Ravioli, Gabriel Ussami, Meia, Pedro Suzuki Ursini e Thiago Haidar.



Meia: Caçamba


Em Caçamba, sua nova exposição na Vermelho, Meia recorre à tradição da pintura não apenas como meio, mas como campo de debate. Seu interesse desloca o foco dos problemas internos da linguagem — como fatura, platitude ou a grade — para questões externas, relacionadas ao corpo que caminha, à cidade em transformação e aos materiais que dela emergem.


Sua prática se ancora na pintura de paisagem, construída a partir de seus deslocamentos urbanos e afetivos, que lhe fornecem tanto matéria simbólica quanto elementos concretos. As grades que estruturam suas obras não se subordinam à racionalidade ou à neutralidade; ao contrário, acolhem a fragmentação e a multiplicidade como princípios compositivos.


A cidade em constante demolição e construção é sua paisagem. Das caçambas que nomeiam sua exposição, Meia extrai os detritos que se tornam os insumos que ativam sua pintura, convivendo com encáustica, óleo, carvão, pastel e bastões oleosos. Nessa sobreposição de materiais acontece seu gesto pictórico, que culmina na criação de imagens de paisagens marcadas por uma temporalidade instável — como vulcões, cemitérios e estradas. São espaços carregados de “pré-potência”, segundo o artista. São lugares liminares, onde tudo pode acontecer a qualquer instante — erupções, encontros, morte e vida.


As pinturas de Meia são pautadas por uma vontade tridimensional. Os elementos que as constituem são carregados de significados que, juntos, compõem ideias ligadas ao tempo, à memória e ao acúmulo cultural. São alegorias, portanto. Meia as define como carros alegóricos que foram achatados. Em Caçamba, essa vontade tridimensional se elabora em um conjunto de três esculturas, uma nova experimentação em sua pesquisa.


Em Múmia (2025), uma grande lápide feita de isopor, madeira e ataduras apresenta um de seus temas mais constantes: o cemitério. Para Meia, esse espaço, tradicionalmente ligado à perda e ao pesar, é, na verdade, um mantenedor da vida, já que algo só morre se é esquecido. Seus cemitérios celebram a vida. “A gente luta contra a morte o tempo todo, mas é falando dela que a vida aparece”, diz Meia.


Em Montanha mágica (2025), um vulcão feito de fibra se assemelha a um bolo de festa coberto de confeitos (que aqui são pedras semipreciosas) e gira sobre sua base, tal como em uma vitrine. O gesto dociliza a potência brutal do vulcão, tornando-o doméstico.


Em Saneamento (2025), uma representação de um cano de esgoto jorrando um líquido vermelho é feita de pneu e papelão pintado. Embora lembre um tubo utilizado para conduzir os resíduos líquidos e sólidos produzidos em residências, comércios ou indústrias até a rede de esgoto, o trabalho alude a um transbordar de sangue, como se o líquido circulasse por ele — mais uma vez, o sinal da vida. Os esgotos também fazem parte do sistema de saneamento básico e compõem o conjunto de medidas higiênicas que preservam ou restabelecem as condições ambientais saudáveis para uma região e para a vida humana.


Assim, as esculturas de Meia operam entre a anedota e o carnavalesco, mobilizando exagero, crítica e humor como formas de tensionar o espaço público e seus símbolos.


No segundo andar, Meia mostra três séries de pinturas.


Na série Megazord (2024–2025), sete pinturas representam cada um dos Power Rangers por meio de suas cores emblemáticas.


Power Rangers é uma série de TV dos anos 1990 que acompanha um grupo de adolescentes que se transformam em guerreiros para proteger a Terra. Cada herói tem uma cor atribuída ao seu personagem, representando seus traços de personalidade e seu papel dentro da equipe. Os heróis pilotam Zords — máquinas inspiradas em criaturas pré-históricas — que se combinam para formar o poderoso Megazord, símbolo da força coletiva.


A série faz parte da paisagem da infância dos anos 1990, que Meia resgata como maneira de pensar o aspecto modular de suas pinturas. Da mesma maneira que os heróis se juntam para formar o robô Megazord, suas pinturas são feitas por partes encaixadas e são imaginadas como módulos de uma paisagem maior. Além disso, Meia vê conexões entre seu fazer e a opção estética da série, que junta o tosco, o kitsch, o lúdico e o camp como soluções criativas de baixo orçamento. Assim como a série, as pinturas de Meia operam entre o ingênuo, o absurdo, o intrincado e o virtuoso, construindo um universo onde a precariedade técnica vira estilo próprio.


Em 1º Rei e 2º Rei (ambas de 2024), Meia se apoia nas tensões entre o público e o privado do universo da realeza para refletir sobre a relação entre distância e proximidade em suas pinturas. Tal como as instituições monárquicas, que de longe exibem um poder simbólico ancorado na distinção, autoridade, tradição e espetáculo, mas que de perto revelam conflitos familiares, escândalos e abusos, suas obras também se transformam conforme o ponto de vista. Ao longe, as pinturas são aprazíveis e estruturadas harmonicamente em meticulosos estudos de cor e composição. De perto, a realidade material de seus elementos construtivos se torna mais presente e revela o conflito entre os materiais nobres e vulgares que o artista utiliza.


Esse jogo de dualidades — o perto e o longe, a morte e a vida, o nobre e o vulgar, o virtuoso e o tosco — pauta toda a produção de Meia. Em Dez chaves de Salomão (2024–2025), a dualidade se manifesta na união entre imagem e texto. Meia elaborou dez trabalhos em encáustica, nos quais propõe dez feitiços sugeridos pela combinação dos elementos presentes nas obras.


Clavícula de Salomão (ou Chaves de Salomão), em que Meia se baseia, é um grimório — um manual de magia com instruções para rituais, encantamentos e invocações — atribuído ao Rei Salomão, conhecido por sua sabedoria e domínio sobre o mundo espiritual. De origem medieval, o texto reúne práticas de magia cerimonial, como a criação de talismãs, fórmulas de proteção e comandos direcionados a forças invisíveis.


O trabalho de Meia se organiza como um livro planificado na parede: cada encáustica ocupa uma página dupla aberta. Embora tenha pensado em magias específicas para cada imagem, o artista afirma que o feitiço é definido por quem vê, a partir de sua relação com as imagens. Essa abertura pauta sua obra, sustentada na impermanência e nos sentidos não verbais que suas articulações visuais podem provocar.



SERVIÇO


Meia: Caçamba


Lapinha: Bar e Lanches Lapinha


ABERTURA 16 de maio – 19_22h

De 16 de maio a 21 de junho de 2025

LOCAL: Galeria Vermelho

De segunda-feira a sexta-feira das 10h às 19h e aos sábados das 11h às 17h.

Rua Minas Gerais, 350 _ Higienópolis 01244-010 _ São Paulo, SP

tel.: +55 11 3138 1520

galeriavermelho.com.br

Mais informações: gabriel@galeriavermelho.com.br 


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