

Exposição individual "A vida interior das plantas de interior", de Daniel Jablonski
Exposição
- Nome: Exposição individual "A vida interior das plantas de interior", de Daniel Jablonski
- Abertura: 23 de agosto 2025
- Visitação: até 04 de outubro 2025
Local
- Local: Janaina Torres Galeria
- Evento Online: Não
- Endereço: R. Vitorino Carmilo, 427 - Barra Funda
Janaina Torres Galeria apresenta A vida interior das plantas de interior, exposição inédita do artista visual Daniel Jablonski
Em instalação imersiva, artista transforma galeria em estúdio fotográfico ‘fora do tempo’, com elementos dos séculos 19 a 21, e reflete sobre construção e exportação imagética do Brasil, desde o império até o presente
Desconstruindo os icônicos retratos de Dom Pedro II e de Thereza Cristina em meio à flora pretensamente brasileira, Jablonski reimagina as sessões de pose dos imperadores e convida o público a refletir sobre a construção de uma brasilianidade próxima à natureza
“É a harmonia dessa natureza elaborada como design de produto e de consumo, que o “interior” da paisagem interior de Daniel Jablonski desestabiliza. Não só porque faz uma reconstituição livre do estúdio do fotógrafo oficial da família real, Joaquim José Insley Pacheco, mas sobretudo porque traz os retratos de sua autoria, de D. Pedro II e da Imperatriz consorte Teresa Cristina, esvaziados da presença de seus protagonistas. Diante da miscelânea de plantas que os enquadram, identificadas uma a uma em um ensaio audiovisual que dá título a esta instalação, o que se vê, acima de tudo, é o limbo entre natureza e civilização que o colonialismo forjou na sua invenção da paisagem”.
Giselle Beiguelman
De 23 de agosto a 04 de outubro, a Janaina Torres Galeria apresenta a individual inédita ‘A vida interior das plantas de interior’, do artista visual e pesquisador Daniel Jablonski.
Em formato de instalação, a exposição transforma a galeria em um estúdio fotográfico situado “fora do tempo”, integrando elementos dos séculos 19 ao 21, como tapetes persa, adereços cênicos, equipamentos fotográficos e uma planta estabilizada em laboratório.
A obra toma por objeto deflagrador duas imagens bastante conhecidas, mas pouco estudadas da iconografia do Brasil Império: retratos oficiais de Dom Pedro II e de Thereza Cristina, realizadas pelo portugês Joaquim Insley Pacheco em 1883, em que os monarcas figuram ao centro de elaborados cenários vegetais. Estas imagens, que apontam para a ideia do Brasil como um vasto império florestal, foram desconstruídas e retrabalhadas por Jablonski, inicialmente em 2023, para a ocasião da exposição virtual Espaço mítico natural, parte do CLAC- Círculo Latino-americano de Arte Contemporânea, curado por Charlene Cabral. Agora, em 2025, na Janaína Torres Galeria, o artista dá continuidade (e sobretudo materialidade) à pesquisa que toma a forma de uma grande instalação imersiva, que se confunde com o próprio espaço expositivo.
Em uma pesquisa híbrida realizada com botânicos, engenheiros agrônomos, historiadores e artistas 3D, Daniel Jablonski constatou que, longe de serem representações fiéis da flora brasileira, essas imagens já são uma colagem de plantas ornamentais da época, muitas delas nativas de outros continentes. Esse simulacro florestal é analisado e desconstruído em um conjunto de obras realizadas em distintos suportes (filme, fotografias, materiais documentais e até mesmo uma planta “embalsamada” sobre um bloco de concreto) que compõem a instalação imersiva.
Reimaginando as sessões de pose dos imperadores diante do aparelho, a instalação convida o público a refletir sobre a construção e (a exportação) de uma imagética de brasianilidade. Esta parte da tradição do retrato no Brasil Império, na qual a representação da natureza tem um lugar privilegiado, atravessa a questão da identidade nacional na modernidade industrial e culmina no paisagismo dos “interiores” -- escritórios, halls e shopping centers -- de nossas capitais contemporâneas.
A exposição escancara como, por trás do discurso ecológico do design biofílico e da arquitetura verde, há em realidade uma espécie de biofobia. O maior exemplo disso é a tecnologia chamada nos anos 1970 de “preservação de plantas”, que consiste em estabilizar plantas em laboratório, operação que as mata, mas mantém sua forma exterior, sua aparência intacta, uma tecnologia análoga ao empalhamento de animais. Ao substituirmos a natureza por plantas de interior, muitas vezes mortas-vivas, diz o artista, “acabamos substituindo o próprio sentido da preservação por uma forma de greenwhasing decorativo que vem sendo adotado por empresas, dentro e fora de seus escritórios”. Jablonski acrescenta: “O capitalismo não apenas destrói a natureza. Ele trabalha também para recriá-la em nossos lares, condomínios e centros comerciais, sob a forma verdadeiramente paradoxal de "plantas de interior". Ainda que perfeitamente materiais, essas plantas decorativas não passam de imagens; elas são os fragmentos simbólicos de uma nova natureza criada sob medida para espaços onde a vida seria em tese impossível.", conclui o artista.
Assim, é pela via (aparentemente indireta) do questionamento da função das plantas de interior na contemporaneidade, que Jablonski nos oferece um indício (e acende o pavio) para uma reflexão mais ampla sobre apropriações imagéticas e simbólicas, como por exemplo, as que estão na base da construção de um imaginário nacional. No caso do Brasil, um discurso que tenta diluir o abismo entre o país real e aquele que é contado (ou visto) mundo afora.
Como é o caso em muitos dos projetos do artista, o título ‘A vida interior das plantas de interior’ é uma apropriação literária. Trata-se aqui de um empréstimo direto de um livro de 2013 do escritor argentino Patrício Pron, com o qual a exposição não partilha outras afinidades, formais ou temáticas.
Mais sobre Daniel Jablonski
Em seus trabalhos, Jablonski conjuga teoria e prática, examinando a forma como nossas identidades individuais são atravessadas pelos discursos sociais. Interrogando sua própria experiência à luz de diferentes hipóteses e teorias, Jablonski aspira a produzir obras de arte que possam funcionar como verdadeiros "estudos de caso" em primeira pessoa.
Em ‘A vida interior das plantas de interior’, ao interrogar as plantas que constroem a imagem de um certo Brasil, Jablonski interroga também à si mesmo. Brasileiro-francês, nascido em 1985 e vivendo e trabalhando entre o Brasil (São Paulo, Rio de Janeiro) e a França (Paris) , ele se interessa sobre a forma como sua imagem é percebida e projetada em ambos os contextos, e defende a impossibilidade de se definir qualquer indivíduo por um discurso de tipo “nacional".
Atua como artista visual, professor e pesquisador independente. Graduado em Filosofia pela PUC-RJ, obteve os títulos de mestre em Filosofia Contemporânea e em História e Política dos Museus e do Patrimônio, respectivamente, na Sorbonne - Panthéon e no Institut National de l’Histoire de l’Art, ambos em Paris, tendo sido ainda aluno visitante no Programa Critical and Curatorial Studies da Columbia University, Nova York. Complementou sua formação no Programa de Artistas da Universidad Torcuato di Tella, em Buenos Aires, sob orientação de Jorge Macchi. Sua produção se declina em obras de natureza múltipla, indo da instalação à performance, passando pela fotografia, objeto, som e escrita. Suas exposições , tanto individuais como coletivas já tiveram sede no Brasil, França, Itália, Colômbia, Suíça, Argentina, Canadá, notadamente no Instituto Tomie Ohtake, no Centro Cultural São Paulo e no Paço das Artes (SP), no Espaço Cultural do BNDES (RJ), na Fundação Iberê Camargo (RS), bem como na Universidad Torcuato Di Tella (Buenos Aires), na Fundación ArtNexus (Bogotá), na Fondazione Antonio Ratti (Como) e na Fonderie Darling (Montreal). Entre 2017 e 2021 coordenou e lecionou o curso 'Histórias da arte: moderna e contemporânea' no MASP - Museu de Arte de São Paulo. Na França foi premiado com bolsa da Terra Foundation for American Art (Giverny) e duas residências na Cité internationale des Arts (Paris); no Canadá foi laureado com o Prêmio de residência Fonderie Darling, do Conseil des Arts de Montreal e, em São Paulo, recebeu o 1º lugar no Prêmio Kayssá de Residência Artística, na SP-Arte 2018. Além disso, recebeu diversas indicações ao longo de sua trajetória, como para o Prêmio de Residência Delfina Foundation (2020), em Londres; para o Prêmio PIPA (em 2017 e 2019); e o Grants & Commissions Program, Cisneros Fontanals Art Foundation (2016), na cidade Miami, nos EUA. Atualmente, está no terceiro ano de um prestigioso programa de doutorado para artistas na École Nationale Supérieure d’Arts Paris-Cergy, orientado pela especialista em literatura Chantal Lapeyre (CYU) e a artista visual Carla Zaccagnini (Royal Danish Academy of Fine Arts).
Janaina Torres Galeria
Fundada em 2016, a Janaina Torres Galeria aposta em um programa curatorial que reflete um contexto cultural amplo, em que a experiência estética se alinha a questões geográficas, políticas e sociais. A galeria difunde seus artistas com responsabilidade e comprometimento para que eles tenham seu legado reconhecido e respaldado pelas mais respeitadas instituições. A partir de sua missão de educar, aproximar e conectar artistas, curadores, colecionadores e amantes da arte, busca garantir um acesso verdadeiro dos mais diversos públicos a uma produção artística brasileira contundente e vibrante. São representados pela Galeria os artistas Andrey Guaianá Zignnatto, Antonio Oloxedê, Daniel Jablonski, Feco Hamburger, Guilherme Santos da Silva, Helena Martins-Costa, Heleno Bernardi, Jeane Terra, Kika Levy, Kitty Paranaguá, Laíza Ferreira, Liene Bosquê, Luciana Magno, Marga Ledora, Osvaldo Carvalho, Pedro David, Pedro Moraleida e Sandra Mazzini.
Ficha Técnica (simplificada)
Concepção: Daniel Jablonski
Pesquisa: Daniel Jablonski & Natália Marchiori
Imagens e animação 3D: Pedro Sena
Identificação botânica: Fernando Cheflera & Lis Pereira
Produção : Camila Goulart
Serviço
Exposição individual A vida interior das plantas de interior, de Daniel Jablonski
Vernissage: 23 de agosto, das 14 às 18h, com a presença do artista
Período de visitação: De 23 de agosto a 04 de outubro
Dias e horários de visitação: Terça a sexta, das 10h às 18h e sábados, das 10h às 16h.
Local: Janaina Torres Galeria
Endereço: R. Vitorino Carmilo, 427 - Barra Funda, São Paulo - SP, 01153-000
Grátis
Faixa etária: livre
Possui acessibilidade para cadeirantes
Assessoria de Imprensa
Locomotiva Cultural | Nany Gottardi