

Exposição individual “A Intimidade da Luz”, de Karin Lambrecht
Exposição
- Nome: Exposição individual “A Intimidade da Luz”, de Karin Lambrecht
- Abertura: 15 de julho 2025
- Visitação: até 09 de agosto 2025
Local
- Local: Nara Roesler
- Evento Online: Não
- Endereço: Rua Redentor, 241, Ipanema
Nara Roesler Rio de Janeiro convida para a exposição
Karin Lambrecht – A Intimidade da Luz
A grande artista, que há oito anos mora na costa sudeste da Inglaterra, mostra um conjunto de 24 obras inéditas, em pintura e aquarela, criadas em 2025 e 2024. Presente em importantes coleções institucionais no Brasil e no exterior, Karin Lambrecht trabalha sozinha em seu ateliê, sem assistentes, em silêncio, e as pinturas atuais – com suas suaves camadas de tinta, sobrepostas uma a uma – “são mais meditativas” e celebram a vida e a natureza, condensando o passado, o presente e o futuro, que ela gosta de “imaginar melhor para a humanidade”. O texto crítico que acompanha a exposição é de Fernanda Lopes.
Nara Roesler Rio de Janeiro tem o prazer de convidar para a abertura da exposição “A Intimidade da Luz”, com 24 obras inéditas da artista Karin Lambrecht, nascida em 1957, em Porto Alegre, e há oito anos residente em Broadstairs, na Ilha de Thanet, costa sudeste da Inglaterra. A abertura será no dia 15 de julho de 2025, das 18h às 21h, e a mostra fica em cartaz até 9 de agosto de 2025. Em 2024, Karin Lambrecht ganhou a individual “Seasons of the Soul” (“Estações da Alma”), no Rothko Museum, em Daugavlpils, Letônia, e ela participa da coletiva “Geometrias”, no Museu de arte de São Paulo (MASP), em cartaz até 3 de agosto.
A pintura “Butterfly” (2025), em pigmentos em resina acrílica sobre lona, e medindo 1,70 metro de altura por 2,05 metros de comprimento, ocupa um lugar central na exposição, acompanhada de uma frase da artista, escrita em vinil na parede: “Pintura vive na intimidade da luz e dorme junto a nós à noite”. Karin Lambrecht usa variados pigmentos em seus trabalhos, muitas vezes acrescidos de outros materiais, como pastel seco, cobre, carvão e recortes de lona. A exposição terá também aquarelas sobre papel, em que a artista adiciona em algumas bordados, cortes, e colagem sobre papel.
Fernanda Lopes escreve que “as obras que Karin Lambrecht apresenta nesta exposição parecem estar murmurando algo”. “Elas estão impregnadas do marulho da Ilha de Thanet, na costa sudeste da Grã-Bretanha, onde a artista reside desde 2017. Também ressoam nessas superfícies camadas, vestígios e memórias de todo o tempo dedicado a cada uma delas no ateliê, e toda a história à qual ela se remete. Aqui, tudo parece estar vivo, tudo parece se mexer. Mesmo que em um movimento de tempo mais lento, quase meditativo”.
“É na intimidade dos encontros que se constituem esses trabalhos, e as mais de quatro décadas de trajetória da artista. A construção do seu território pictórico se dá essencialmente na presença do corpo, estabelecendo uma relação poética, mas também profundamente física. Karin nunca teve assistentes, executando ela mesma toda a rotina de ateliê na preparação e realização de cada obra. Entre o autorretrato e a performance, sua produção é resultado de tudo o que seu corpo tenta, suporta, alcança e consegue executar, testando a todo momento seus limites e incorporando falhas e desgastes”, assinala.
A crítica destaca ainda que as pequenas anotações feitas em carvão vegetal, “algumas vezes ilegíveis ou quase imperceptíveis”, feitas por Karin Lambrecht em suas pinturas,” são como sussurros diluídos entre as camadas de cor que tomam conta da tela”. “Fragmentos de memórias que não sabemos ao certo se resistem na superfície ou se estão se esvaindo nessa espécie de neblina. A palavra, indício da presença e da história do corpo, é tratada aqui como parte da construção da pintura. Não necessariamente precisa ser lida ou compreendida. Na verdade, as palavras de Karin funcionam como um alerta brechtiano. Um ruído para chamar a atenção do espectador, e talvez dela mesma, para a ilusão do plano”.
SEMPRE ACREDITEI NA NATUREZA
Karin Lambrecht se diz otimista quanto ao futuro da humanidade. “Eu fico muito tempo olhando o mar, e em um ano e meio vou fazer 70 anos, então a gente começa a ver a vida de um outro jeito, parece que filtra, sabe?, e as coisas tristes vão ficando para trás”, comenta. Eu sempre acreditei na natureza, que nós somos natureza e que isso é a nossa realidade. A ideia de morte, que volta e meia aparece no meu trabalho, nunca foi no sentido de tristeza, de apocalipse, que é o que o mundo faz, com essa guerra agora, esses governantes horríveis, como se fosse inevitável, mas que podia ter sido evitada. A gente não precisa disso. Justamente ao contrário. A nossa vida é tão curtinha, e se devia fazer tudo para deixar a vida de todo mundo boa e respeitada”, diz. “Sempre tive no meu trabalho essa ideia negativa de progresso, que acho bastante destrutivo, porque as armas de guerra estão conectadas a ele também. É uma falsa ideia de liberdade ou de domínio de melhorar a vida”.
A LUZ EM THANET, E WILLIAM TURNER
Karin Lambrecht diz que o seu trabalho agora é “um elogio à natureza”. “Tento mostrar a baleia, a concha, a areia, o mar, porque o mar fica bem pertinho da minha casa, e depois porque a Inglaterra é tão velha e antiga, tem um toque fantasmagórico. Quando eu vou para a praia, à tardinha, no inverno, tem muito limo, muita alga. Não é que nem no Brasil, em que a areia é quentinha. Aqueles penhascos são altos, têm limo, e são brancos”.
Broadstairs, onde Karin mora, dista apenas quatro quilômetros de Margate, no estuário do Tâmisa, que William Turner (1775 - 1851), o grande pintor inglês, frequentou desde sua infância. Uma vez ele declarou: “Os céus sobre Thanet são os mais belos de toda a Europa”.
Karin Lambrecht diz que “realmente a luz do lugar é muito famosa, por causa de Turner”. Da casa dela até Margate “dá para ir a pé, é o caminho dos penhascos”, ela conta. E acrescenta que sempre se comove quando vê "The Fighting Temeraire" (1838) na National Gallery, em Londres, a mais famosa pintura de Turner: “É uma fragata sendo rebocada pelo Rio Tâmisa, o sol é meio alaranjado, e o barquinho que reboca é a vapor. Ela tem muitas leituras, e eu acho que é supercoerente, porque é a chegada do abandono, quase uma profecia. Essa época, a era industrial, com a chegada da poluição. Aquilo me tocou muito. Mas eu sou otimista”.
“O Brasil tem essa terra vermelha e laranja colorida. E o céu brasileiro é muito azul, e eu acho que aquilo me impregnou. Eu sempre achei que a combinação azul e vermelho é perfeita e equilibrada, me deixa calma”, a artista comenta sobre o uso do azul e do vermelho em seu trabalho. E diz que estar em uma paisagem diferente “está sendo um desafio”. “A terra é totalmente bege, marronzinha, e a areia é também bege, e são grãos maiores, um cascalhozinho, mesmo tendo muito vento, eles não colam uns nos outros como a areia no Brasil. Então, tem uma outra combinação de cores aqui bem diferente, e acho que isso tudo já começou a entrar em mim”. Ela arremata: “Acho que a influência interna, espiritual e racional, misturada com as capacidades físicas do meu corpo, influenciam também o meu momento”.
KARIN LAMBRECHT
Karin Lambrecht nasceu em 1957, em Porto Alegre, e sua produção – em pintura, desenho, gravura e escultura – demonstra uma multifacetada preocupação com as relações entre arte e vida, compreendida em sentido abrangente: trata-se de vida natural, vida cultural e vida interior. No início da carreira, Lambrecht repensou a tela e a forma de pintar – elimina o chassi, costura tecidos, usa retalhos chamuscados. A abstração gestual, característica da Geração 80 que integrou, é mote central. Suas obras habitam um espaço entre pintura e escultura, dialogam com a arte povera e com Joseph Beuys (1921-1986), são políticas, mas também materiais. Os volumes pesam como corpos, as delimitações ou negações do espaço dialogam com a escala que seus trabalhos assumem. A partir da década de 1990, a artista inclui materiais orgânicos em suas telas, como terra e sangue, o que determinou, em alguma medida, o repertório cromático que aparece então. Além do sangue animal, são elementos recorrentes em seu trabalho as formas cruciformes e as referências ao corpo, índices de diferentes níveis de identificação do espectador com a obra.
Desde 2017, Karin Lambrecht vive e trabalha em Broadstairs, na Inglaterra. Algumas de suas exposições individuais incluem: “Seasons of the Soul, no Rothko” Museum (2024), em Daugavpils, Letônia; “Karin Lambrecht – Entre nós uma passagem”, no Instituto Tomie Ohtake (2018), em São Paulo; “Karin Lambrecht – Assim assim”, no Oi Futuro (2017), no Rio de Janeiro; “Nem eu, nem tu: Nós”, no Espaço Cultural Santander (2017), em Porto Alegre; “Pintura e desenho”, no Instituto Ling (2015), em Porto Alegre.
Participou das 18ª, 19ª e 25ª edições da Bienal de São Paulo (1985, 1987 e 2002); da "Bienal Brasil Século XX", na Fundação Bienal de São Paulo, em 1994; e das 5ª e 10ª Bienal do Mercosul, Porto Alegre (2005 e 2016).
Exposições coletivas nos últimos anos com obras de Karin Lambrecht: “Geometrias”, no Museu de arte de São Paulo (MASP), em cartaz até 3 de agosto de 2025; “Acervo em transformação: Doações recentes”, no MASP, 2021, em São Paulo; “Alegria – A natureza-morta nas coleções MAM Rio”, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, 2019; “Tempos sensíveis – Acervo MAC/PR”, no Museu Oscar Niemeyer (MON), 2018, Curitiba; “Clube da gravura: 30 anos, no Museu de Arte Moderna de São Paulo” (MAM-SP, 2016; “O espirito de cada época”, no Instituto Figueiredo Ferraz, 2015, em Ribeirão Preto, São Paulo.
Sua obra está presente em importantes coleções institucionais como: Fundação Patrícia Phelps de Cisneros, Nova York, Estados Unidos; Ludwig Forum fur Internationale Kunst, Aachen, Alemanha; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio); Pinacoteca do Estado de São Paulo; Museu de Arte de São Paulo (MASP), São Paulo; Instituto Itaú Cultural; Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro; Goethe-Institut, MAC-RS e Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS), em Porto Alegre, entre outras.
Serviço
Exposição “Karin Lambrecht – A Intimidade da Luz”
Abertura: 15 de julho de 2025, das 18h às 21h
Até: 9 de agosto de 2025
Entrada gratuita
Nara Roesler
Rua Redentor, 241, Ipanema, Rio de Janeiro, CEP 22421-030
Segunda a sexta, das 10h às 18h
Sábado, das 11h às 15h
Telefone: 21 3591 0052
info@nararoesler.art