

Exposição "Graças a Dedos" | Pablo Lobato"
Exposição
- Nome: Exposição "Graças a Dedos" | Pablo Lobato"
- Abertura: 16 de outubro 2021
- Visitação: até
Local
- Local: Luciana Brito Galeria - Avenida Nove de Julho 5162
- Evento Online: Não
“Graças a Dedos - Pablo Lobato”
Interior e exterior, frente e verso, opacidade e transparência, peso e leveza, estabilidade e instabilidade, vida e morte são atributos em aliança, sensivelmente mais próximos do que na dualidade em que parecem existir. “Graças a Dedos”, título da terceira exposição individual de Pablo Lobato na Luciana Brito Galeria, é um trocadilho que aponta para a coexistência entre o sagrado e o profano, anunciando gestos que desarmam distâncias. Assim, como num entendimento do Zen Budismo, para o artista “lavar uma tigela não é algo distante da experiência mística, podemos estar com as mãos no mundo não para o controlar melhor, mas para aprender a colaborar com as forças disponíveis. O olhar em profundidade, sem ignorar as superfícies, permite que as coisas nos iluminem”.
O apreço às mais diversas materialidades, muitas vezes ordinárias, há tempos orienta a pesquisa de Pablo Lobato. O desejo de “fazer ver” presente em seu trabalho provoca um despertar sensível e uma liberação de sentidos. Um dos procedimentos adotados pelo artista é o corte, a inserção de fissuras, o gesto de separar para unir. Como um desdobramento de suas pesquisas anteriores, a mostra “Graças a Dedos” reúne 14 obras inéditas, instaladas no espaço da galeria como um corpo uníssono. Aspectos da fotografia, da pintura, do desenho e da escultura estão inseparavelmente presentes. Tudo parece ressoar numa relação colaborativa entre materiais, linguagens, espaços e tempos.
Da série “Muda”, desenvolvida desde 2014, são apresentadas sete obras inéditas. No processo de feitura do trabalho, Pablo Lobato parte da observação, percebe os volumes, linhas, cores e superfícies de pêssegos, melões, ameixas, mamões, maracujás, nectarinas, uvas e cerejas. As anatomias das frutas sugerem o próximo gesto: o artista as penetra com as mãos e retira suas sementes. Com os corpos eviscerados, começa a se definir uma composição a ser fotografada. Nas obras atuais da série há “mais frutas, num ambiente menos cirúrgico do que nas versões anteriores. Elas parecem estar mais à vontade, aquecidas... se aproximam e se tocam”. As sementes in natura, lavadas e desidratadas, são dispostas no espaço entre vidro e impressão. A inserção das sementes atribui um caráter único às composições e subverte algo próprio desta linguagem, a reprodutibilidade. O gesto sensível do artista e, por que não, sensual, rompe, separa, reposiciona e oferece novas relações entre as matérias envolvidas, tornando o suporte (papel, madeira e vidro) não menos importantes no arranjo geral dos elementos.
Moshi é um tipo de tecido de fibra natural confeccionado à mão, lentamente, por mulheres sul-coreanas. O artista conheceu esse material durante sua residência no país em 2016 e desde então passou a utilizá-lo, como podemos ver na série “Versus” (2020-2021), apresentada pela primeira vez. Pablo Lobato escolhe e pinta duas tiras de moshi, depois desenha os cortes com golpes de um martelo arredondado, que libera as formas no tecido. As tiras são sobrepostas e evidenciam textura, transparência e cor. Essa ação funciona como um abrir de janelas, permitindo o desprender do verso, antes oculto. Como pinturas-relevo, os “Versus” #1, #2, #3, #4 e #5 são instalados na galeria por meio de um dispositivo transparente que produz uma flutuação, permitindo o envolvimento da parede e da luz no jogo da percepção.
A cesárea minimamente invasiva, técnica realizada com o bisturi e com os dedos, através da atenção à natureza dos tecidos do corpo, promove uma melhor e mais rápida recuperação das mães recém operadas. Essa analogia é usada por Pablo para tratar de um certo modo de cortar, que em seus trabalhos evoca uma energia feminina por meio dos gestos menos impositivos e mais acolhedores, gerando linhas orgânicas e aberturas. Assim também acontece com a série “Ah!” (2021), onde a simplicidade e a complexidade formais andam juntas. Um fio de cobre encapado por plástico verde recebe um rasgo longitudinal, desprendendo o feixe de metal rosado de sua haste. A separação dos elementos díspares reformula o objeto, que agora se mostra numa tridimensionalidade autônoma e viva. Suspensa e instalada por um único ponto, a escultura ganha movimento.
Na obra “Paralelas” (2021), bronze e madeira apresentam, de forma silenciosa, a noção de impermanência. O tronco de pinus, ao passar pelo corte preciso do maquinário das indústrias, é retificado em longos e finos paralelepípedos para serem vendidos como “quadrados”. Há anos, Pablo Lobato garimpa peças em prateleiras de lojas, mas sempre buscando aquelas que, sob o efeito do tempo, encontram-se retorcidas. Uma dessas peças foi escolhida como modelo de “desobediência” ao corte reto, copiada e fundida em bronze. Lado a lado, fixadas na parede, bronze e madeira se espelham. A oscilação da umidade do ar movimenta as fibras da madeira, que se alongam e se retraem. Na paridade com o bronze, o ir e vir, quase invisíveis, revelam-se ao olhar.
Pablo Lobato
1976, Bom Despacho, MG. Vive e trabalha em Belo Horizonte
A pesquisa de Pablo Lobato não se restringe a uma única linguagem ou meio, operando de maneira colaborativa de acordo com cada material, situação ou contexto. Dessa forma, a articulação de seus trabalhos está mais preocupada no despertar sensorial que em qualquer regra de controle. Sua formação em artes, cinema e fotografia coloca-o numa posição híbrida de experimentação das potencialidades do “fazer ver” e de cada evento sugerido, promovendo um forte diálogo entre as narrativas do cinema, da fotografia, do vídeo e das artes visuais.
Graduado em arte pela PUC-MG, com especialização em cinema e fotografia, Pablo Lobato é um dos criadores da Teia – Centro de Pesquisa Audiovisual, em Belo Horizonte. Já recebeu mais de vinte prêmios por sua produção cinematográfica, como o Prêmio Aquisição no VI Festival É Tudo Verdade, pelo documentário Mira, em 2001. Em 2006, dirigiu o longa
metragem Acidente, premiado na categoria Melhor Documentário Ibero-Americano em Guadalajara, México. Foi selecionado pelo projeto Bolsa Pampulha, em 2008, e pelo John Simon Guggenheim Foundation, Nova York, em 2008-2009. Em 2009-2010, foi contemplado com o Prêmio Marcantonio Vilaça, Funarte. Suas obras já foram apresentadas em mostras individuais, como a ocorrida no Museu de Arte do Rio de Janeiro, MAR-RJ (2016). Entre as mostras coletivas, destacam-se as realizadas em espaços consagrados, como Espaço Cultural Porto Seguro, São Paulo (2019); Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte (2018); Itaú Cultural, São Paulo (2017); 5a Bienal de Curitiba (2015); 10a Bienal do Mercosul, Porto Alegre (2015); 2a Bienal de Montevideo, Uruguai (2014); Festival Sesc_Videobrasil, São Paulo (2013); Centro Cultural Banco do Brasil, CCBB-RJ (2013); Panorama da Arte Brasileira, MAM-SP (2011); Museum of Modern Art, MoMA-NY, EUA (2009); Museo Tamayo Arte Contemporáneo, México (2009); Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, Madri, Espanha (2008). Suas obras integram importantes coleções públicas e privadas como: Fundação Joaquim Nabuco; Fondation Hippocrène, Paris, França; MACBA – Museu d’Art Contemporani de Barcelona, Espanha; Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte; Museu de Arte do Rio de Janeiro; Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro; Sharjah Art Foundation, Sharjah, Emirados Árabes Unidos.
"Graças a Dedos" | Pablo Lobato
abertura: 16 de Outubro de 2021 das 12:00h às 17:00h
local: Luciana Brito Galeria – Av. Nove de Julho, 5162
website: www.lucianabritogaleria.com.br
horários: Segunda (11h às 18h) - terça à sexta (10h às 19h) - sábado (11h às 17h).
informações: Daniel Marchezini
WhatsApp: (11) 97357-6363
e-mail: daniel@lucianabritogaleria.cpm.br