Exposição "Fragmentos em Revoada", de Coletivo MUDA
Exposição
- Nome: Exposição "Fragmentos em Revoada", de Coletivo MUDA
- Abertura: 15 de novembro 2025
- Visitação: até 17 de dezembro 2025
- Galeria: Gaby Indio Da Costa Arte Contemporânea
Local
- Local: Galeria Gaby Indio da Costa
- Evento Online: Não
- Endereço: Estr. da Gávea, 712 - São Conrado, Rio de Janeiro - RJ
FRAGMENTOS EM REVOADA
Consagrado como um coletivo cuja certidão de nascimento está na rua, o MUDA não deixou de experimentar outros trânsitos ao longo de sua trajetória, os quais não se reduzem à transposição do trabalho urbano para o espaço asséptico da galeria. Em Fragmentos em Revoada, o grupo articula novas imagens com temas e práticas que o acompanham desde o início. Talvez este momento atual, quando o grupo completa 15 anos de existência, possa ser lido como um capítulo anterior ao primeiro, retomando as inquietações iniciais em torno do desejo de intervir na cidade, pensada como um imenso laboratório — o que levou os arquitetos Diego Uribbe, Duke Capellão e Rodrigo Kalache e os designers Bruna Vieira e João Tolentino a se unirem.
O ponto de partida, o graffiti, logo foi desviado para a construção de uma poética própria: em vez de direcionar o jato de tinta sobre o muro, o grupo passou a inserir o azulejo como intermediário, construindo uma nova pele para a cidade. Essa escolha carrega consigo a longa história da técnica — desde o Egito Antigo, passando pelos mouros até chegar aos portugueses, que a destinaram a servir como ferramenta de aculturação, entre outras funções. Ela tornou-se símbolo da arquitetura colonial e, mais tarde, do modernismo de Brasília. O MUDA reinterpreta essa memória ao se apropriar do azulejo menos para revestir e mais para criar fendas no cimento urbano. Suas composições não narram heroísmos nem decoram fachadas: provocam reflexões sobre como se constrói um espaço — o que o define, o que o transforma.
A visualidade gráfica de seus trabalhos resgata a tradição muralista brasileira — Athos Bulcão, Alfredo Volpi, Paulo Werneck —, combina o aspecto duro da técnica à leveza do abstracionismo e reelabora o azulejo como objeto desfuncionalizado e contemporâneo. Em Fragmentos em Revoada, encena a própria dinâmica do grupo, que parece habitar dois tempos, com a mesma tônica de obras que sempre nascem da fricção com o espaço. O coletivo transforma o rígido em maleável: as dobradiças tornam o azulejo quase frágil, criam esquinas e volumes, convertendo o plano em tridimensional.
Os módulos estão separados, rompidos, como fragmentos urbanos — no limite entre a desintegração e a recomposição poéticas. Neste novo ato, o Coletivo MUDA substitui a composição pela decomposição. O que era unidade torna-se experiência. O trabalho deixa de estar apenas na obra e se expande para o contexto. O visitante torna-se pedestre — a tridimensionalidade das obras depende de seu deslocamento. A galeria limpa e fechada se mistura à rua caótica, recebendo seu movimento particular: uma coreografia improvisada entre a ordem e a desordem.
Christiane Laclau
curadora
Serviço
FRAGMENTOS EM REVOADA
Coletivo MUDA
curadoria Christiane Laclau
15.11 a 17.12.25