

Exposição "De Fiori: Um artista no exílio"
Exposição
- Nome: Exposição "De Fiori: Um artista no exílio"
- Abertura: 18 de agosto 2025
- Visitação: até 04 de outubro 2025
Local
- Local: Galeria Paulo Kuczynski
- Evento Online: Não
- Endereço: Alameda Lorena, 1661
Galeria Paulo Kuczynski apresenta coleção de esculturas e pinturas de Ernesto de Fiori
Obras pertenciam ao colecionador Ernesto Wolf e sua esposa, Liuba, adquiridas ao longo de 60 anos. Serão expostos pinturas, esculturas e desenhos do período em que o artista viveu no Brasil
A galeria Paulo Kuczynski tem o prazer de apresentar as obras de um renomado artista do modernismo europeu: o pintor, escultor e desenhista italiano-alemão Ernesto de Fiori. A exposição De Fiori: Um artista no exílio será aberta dia 16 de agosto, às 11h, com cerca de 35 obras, entre pinturas, esculturas e desenhos dentre as mais significativas realizadas durante o período em que o artista viveu no Brasil.
Ernesto de Fiori elevou sua voz contra os horrores da guerra. Se engajou na Primeira Guerra Mundial, em 1915, e atuou como correspondente de um jornal italiano. Com a expansão do nazifascismo ao longo das décadas de 1920 e 1930, atingindo seu auge no Reich Alemão, o artista repudia veementemente o regime e, em 1936, é obrigado a abandonar a Alemanha Nazista, e se refugia no Brasil, com intenção de seguir para os Estados Unidos. Mas acabou permanecendo em terras brasileiras até sua morte, em 1945, período em que concentrou sua produção artística mais na pintura do que na escultura. Em suas obras, destacam-se contrastes criados por técnicas variadas, como pinceladas rápidas ou diluídas em solvente, e o uso de instrumentos dentados, entre outras.
"É um prazer poder apresentar esta mostra de Fiori, cujo núcleo vem da coleção de Ernesto Wolf, trazendo as mais significativas pinturas de seu período no Brasil. Artista que abandonou as altas rodas intelectuais e artísticas de Berlim e que, aqui, livre da sociedade opressora do nacional-socialismo, mesmo na tristeza do exílio, reinventou-se na pintura — notadamente nas cores e na liberdade de suas pinceladas. Como dizia Benjamin Steiner, de Fiori pintava com a gestualidade de um samurai em luta", destaca Paulo Kuczynski.
Na Europa, Ernesto de Fiori foi conhecido principalmente por suas esculturas, enquanto no Brasil tornou-se mais reconhecido como pintor. Sua escultura se caracterizava por certa sobriedade e contenção formal, sendo essencialmente clássica e voltada ao cânone e à tradição europeia. Em contraste, sua pintura oferecia um espaço de liberdade, experimentação e contemplação.
Dentre as esculturas executadas por Ernesto de Fiori, destacam-se as primeiras realizadas no Brasil: retratos de Menotti del Picchia, Francisco Matarazzo e Greta Garbo, esta última, fez de memória. Tanto na Europa como no Brasil, suas esculturas foram se tornando fiéis à forma humana, adquirindo certo vínculo expressionista, como A Banhista (1917), figura feminina, em pé, em postura que expressa tranquilidade e sentimento. Na década de 1920, em Berlim, realiza seus primeiros retratos, como a cabeça da bailarina Carina Ari (1922). Modela três versões de Adão (1920), uma figura masculina que caminhando se volta para trás em cumprimento, com a mão direita levantada. Realiza, ainda, a série do Homem em Marcha, o busto de Marlene Dietrich (1929), O Fugitivo (1936), entre outras obras.
O tema central de suas esculturas é sempre o corpo humano, sugerindo movimento ou estático, executado em áspero modelado, com forte carga psicológica.
Uma de suas obras destacadas - Homem Andando (1921) – com mais de dois metros de altura estará presente na exposição, assim como uma das versões de Adão, e O atleta em repouso (1938). Dentre as pinturas, poderão ser vistas as telas Família (1942), telas da série São Jorge e o dragão (1942), paisagens e figuras humanas retratadas com a maestria reflexiva sobre cada tema abordado pelo artista, como ele próprio definia.
"Eu pinto batalhas não porque seja louco por guerra, mas porque o tema das batalhas empresta à pintura uma bela vivacidade que representa, ao mesmo tempo, com eficiência, a violência das ideias, que muitas vezes sabem ferir mais mortalmente do que as armas (...) Essas batalhas não são batalhas históricas, são as da eterna guerra entre a luz e a sombra, entre a perversidade e a bondade, entre a coragem e a perfídia, entre o espírito e a matéria.", explicava Ernesto de Fiori.
Da mesma forma, justificou sua série sobre São Jorge e o dragão: "Se eu pinto São Jorge espetando a lança na garganta do dragão, eu quero, antes de tudo, simbolizar a luta, a eterna luta, que se trava desde que o mundo é mundo, entre o bem e o mal. (...) A vida não tem sido outra coisa senão isso: a luta entre o bem e o mal."
Ernesto de Fiori morreu em 24 de abril de 1945, vítima de cirrose hepática, decorrente de um câncer no fígado — apenas quinze dias antes do armistício que pôs fim a cinco anos de conflito no continente europeu.
Sobre o artista
Ernesto de Fiori nasceu em 1884 em Roma-Itália. Aos 19 anos, mudou-se para Munique-Alemanha, e estudou desenho com Gabriel von Hackl (1843-1926) na Königliche Akademie der Bildenden Künste [Real Academia de Belas Artes]. Viveu em Paris entre 1911 e 1914, onde frequentou o meio artístico e intelectual, e iniciou suas primeiras esculturas. Aos 52 anos, foi considerado pela crítica europeia como um dos mais importantes escultores modernos, com obras em museus, espaços públicos e coleções notáveis. Seu estúdio foi bombardeado na Primeira Guerra Mundial, e muitas obras foram destruídas ou danificadas. Parte da produção ainda pode ser vista em museus na Áustria, Itália e Alemanha. A partir de 1936 passa a viver em São Paulo, onde, além da arte, cultivou sua paixão pela vela. Escreveu artigos para jornais das colônias alemã e italiana e, mais tarde, para O Estado de S. Paulo. Participou do Programa de Integração das Artes do Ministério da Educação e Saúde (MES) e modelou uma série de esculturas, recusadas por não atender às exigências oficiais. Participou dos Salões de Maio, e da Família Artística Paulista; realizou exposição individual na Galeria Casa e Jardim e no salão do edifício Itá, em São Paulo.
Serviço
Exposição: De Fiori: Um artista no exílio
Local: Galeria Paulo Kuczynski
Endereço: Alameda Lorena, 1661
Abertura: 16 de agosto – 11h às 16h
Período expositivo: 18 de agosto a 04 de outubro
Horários de visitação: Segunda a sexta: das 10h às 18h | sábados: das 11h às 15h
Entrada gratuita
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