Exposição coletiva "Qualquer figura além da nossa visão diária"

Pluralidade da arte capixaba contemporânea é destaque em exposição na OMA Galeria

Abertura: 02 de agosto de 2025 | OMA Galeria, São Paulo | Em cartaz até 30 de agosto

A OMA Galeria apresenta, a partir do dia 02 de agosto, a exposição qualquer figura além da nossa visão diária, com curadoria de Nicolas Soares. Reunindo obras de onze artistas capixabas, a mostra propõe uma reflexão sobre as formas de ver, sentir e resistir a partir de experiências que emergem das margens – territoriais, sociais e simbólicas – e mesmo do próprio sistema da arte.

Apesar do recorte geográfico em comum, o que une essas produções não é um território físico, mas um conjunto de questões: o corpo negro, a memória, a desigualdade urbana, o racismo ambiental, a espiritualidade e a potência das formas ordinárias de existência. As discussões e linguagens vão além da estética e se colocam como ferramentas de subversões, visualidades e reconstruções de narrativas íntimas e sociais.

Em Antianatomia Negra, Luciano Feijão desafia as representações coloniais do corpo negro, propondo uma nova topografia simbólica onde o corpo resiste e afirma sua reexistência. Já Ana Luzes, com Haja Luz, desloca a ideia de criação – como gênesis – para as periferias urbanas, transformando-as em epicentros da cultura e da vida.

Um retrato sensível no território da favela e na complexidade do corpo periférico no trabalho de Handerson Chic, revela um corpo negro que se afirma na cidade, reivindicando espaço e confrontando as barreiras históricas e sociais que o limitam. A crítica à segregação urbana aparece nas obras de Renato Ren, como no tríptico Vila Esperança e TAJ Home Resort, que confrontam o Sonho da Casa Própria com a realidade excludente das cidades brasileiras. Com olhar sensível ao território, Sereia Tóxicadenuncia os impactos da gentrificação sobre comunidades tradicionais em uma poética visual que percorre uma cartografia afetiva.

Outros destaques incluem os "vitrais laicos" de Natanael Souza, feitos de fragmentos memória e identidade e as esculturas de Kyria Oliveira, que evocam vida e renascimento em meio à aridez do Antropoceno. Também participam da mostra Barbara Carnielli, Liliana Sanches, Bruno Zorzal e Maria Ramos Gazel, com obras que tratam de vínculos familiares, do íntimo, afetos e formas de viver.

qualquer figura além da nossa visão diária questiona as formas visuais naturalizadas que organizam o mundo e nossa experiência nele. Ao reunir artistas que propõem outras formas de representação, a exposição desestabiliza as imagens autorizadas, expondo os mecanismos simbólicos que definem quem pode aparecer, de que forma e sob quais sentidos. 

Nesse gesto, não se trata apenas de produzir novas imagens, mas de rever o estatuto da própria imagem – aquilo que atravessa nosso imaginário, regula nossas ações e modela nossas crenças. Em um tempo em que a visualidade é campo de disputa política, o exercício proposto é de recobrar o mundo onde as imagens de controle atuam, para que ali também se possa cogitar outras formas de emancipação.

A mostra faz parte de uma série de iniciativas da OMA para dar visibilidade à arte contemporânea de fora do eixo SP – RJ. No ano passado, a galeria apresentou Vórtex, coletiva com mais de 40 obras de artistas cearenses e curadoria de Lucas Dilacerda. "Esse movimento tem muito a ver com a origem da própria OMA, que surgiu em São Bernardo do Campo, no Grande ABC. Buscamos trazer artistas e curadores com narrativas e experiências de mundo diversas, enriquecendo o circuito da arte, que ainda é muito focado em São Paulo e Rio", diz o galerista Thomaz Pacheco.

Qualquer figura além da nossa visão diária fica em cartaz até 30 de agosto.

Serviço

Exposição: Qualquer figura além da nossa visão diária

Curadoria: Nicolas Soares

Abertura: 02 de agosto de 2025

Período expositivo: até 30 de agosto de 2025

Local: OMA Galeria – Rua França Pinto, 1100 – Vila Mariana - São Paulo, SP

Entrada gratuita