

Exposição coletiva "mulheres.gráfica.política"
Exposição
- Nome: Exposição coletiva "mulheres.gráfica.política"
- Abertura: 10 de maio 2025
- Visitação: até 14 de junho 2025
- Galeria: Galeria Gravura Brasileira
Local
- Local: Galeria Gravura Brasileira
- Evento Online: Não
- Endereço: Rua Ásia, 219, Cerqueira Cesar
A Galeria Gravura Brasileira convida para a abertura da exposição
mulheres.gráfica.política
projeto de Yili Rojas
Nesta exposição apresento posições e iniciativas das quais participo como iniciadora, coordenadora, colaboradora ou integrante. Vejo-me como construtora de pontes transnacionais, com alicerces na gravura, nos feminismos e na política – entendida aqui como ação crítica sobre os temas essenciais da vida comum, especialmente naquilo que toca as que fomos socializadas ou somos lidas como mulheres.
Aprendemos a ser mulheres dentro de parâmetros sociais, históricos, econômicos e culturais que continuamente nos moldam. A maioria de nós cresceu em contextos misóginos, onde religião, mídia, escola e família ensinaram uma visão subalterna do feminino. Mesmo quando julgamos ter superado essas perspectivas, surpreendemo-nos refletindo gestos e valores herdados de gerações anteriores. Desaprender a misoginia internalizada é um passo necessário – entre tantos outros que ainda nos cabem.
Tomamos os círculos da gravura como espaços desse desaprender: lugares onde fortalecemos práticas feministas transnacionais, conectando-nos afetiva e politicamente a outras mulheres. Ateliês como Frauen machen Druck (Mulheres que imprimem e/ou que pressionam politicamente) em Berlim, Matriz no Cariri cearense, e La Linofficine em Marselha são exemplos de como os feminismos se expressam em imagens, colaborações e ações gráficas.
Projetos como o Frauen machen Druck com a Migrantinnen Verein (Associação de Mulheres Migrantes Turcas e Curdas em Berlim) e o Feministisches Palästinensisches Archiv Berlin (Arquivo Feminista Palestino de Berlim) ilustram o compromisso político e artístico com questões urgentes – como reconhecer e honrar a maior diáspora palestina da Europa, silenciada na Alemanha em meio ao genocídio em curso e à criminalização de quem ousa denunciá-lo ou protestar.
Visando o diálogo entre gerações, o projeto Mädchen machen Druck (Meninas que imprimem ou pressionam) publicará em breve o livro multilíngue O Carvalho Dourado, reunindo 16 histórias de resiliência contadas poeticamente por mulheres migrantes para jovens mulheres e meninas. Entre elas, destaca-se a importância da participação feminina na Revolução Sudanesa de 2018, seguida por um golpe militar que arrastou o país a uma crise política e humanitária.
Os encontros presenciais ou virtuais e a construção de projetos coletivos tornam-se espaços de suporte, trocas afetivas e práticas. Em Berlim, mulheres – em sua maioria migrantes e refugiadas – reúnem-se semanalmente no Frauen machen Druck, gravando e tecendo redes de apoio mútuo. No Cariri, o Matriz é um ateliê aberto e um espaço de resistência à exclusão das mulheres na tradição da gravura popular. Dali surgem iniciativas como o Matriz – Festival de Grafias Feministas do Cariri, organizado autonomamente e realizado nestes mesmos dias no Nordeste brasileiro, além de projetos como Pornósgráficas.
A rede se expande através do projeto Mulheres Gráficas, conectando mulheres de diferentes regiões do Brasil e de Berlim em encontros mensais para apresentar trabalhos, propor ações e trocar vivências sobre a presença feminina no campo gráfico. Essas iniciativas se entrelaçam na Red de Redes, conectando práticas de países como México, Egito, Bélgica, França, Turquia, Curdistão, Brasil e Alemanha.
Em Oaxaca, o Taller de Gráfica Siqueiros funciona há cinco anos dentro do presídio feminino de Tanivet. A existência deste ateliê impacta profundamente a vida das detentas, sendo organizado autonomamente por artistas locais, atuantes em outras quatro penitenciárias da região. Uma delas é Haydee Nucamendi, que também promove exposições como Empoderamento Gráfico na galeria La Productora Gráfica del Bosque – referência para quem integra essa rede.
A gravura, com sua potência multiplicadora, torna-se meio de incidência política e empoderamento: visibilização, ocupação de espaços e reconhecimento da força coletiva capaz de impulsionar transformações a médio e longo prazo. O retrato gravado, presente nesta exposição, cria pontes de reconhecimento e solidariedade entre mulheres, desafiando misoginia, racismo e classismo internalizados.
A artista cearense Andrea Sobreira, integrante do Matriz e do projeto Bestias Marginais junto a Carolina Piene, usou o retrato para desenvolver Zugvögel durante sua residência em Berlim – financiada pela venda de gravuras das mulheres em Berlim, numa resposta concreta à necessidade de mobilidade e intercâmbio independente de instâncias institucionais.
Cleiri Cardoso, Zahra Peasey, Hanaa El Degham, Nireuda Longobardi, Nathaly Lavôr e Erivana Darc também integram essa rede. Suas obras e posicionamentos evidenciam que o fazer artístico feminista se constrói tanto dentro quanto fora dos coletivos. Enquanto Cleiri denuncia com delicadeza, em gravuras em metal, a condição feminina, nos fala da quase ausência simbólica de mulheres em eventos gráficos importantes – levantando incômodos necessários sobre estruturas de poder ainda atravessadas por sexismo, racismo e classismo. Zahra homenageia as mulheres da greve dos mineiros de Manchester de 1984 em No Going Back. Hanaa traz à tona temas políticos e sociais dentro e fora das fronteiras do Egito, lembrando-nos das crianças que ainda brincam em Gaza. Já Nireuda, Nathaly e Erivana recontam a gravura popular nordestina a partir de olhares femininos, celebrando lutas e protagonismos historicamente invisibilizados.
texto de Yili Rojas
Programação
14.05 - Apresentação da proposta da exposição
Presentation of the exhibition proposal , Wednesday
Condó Cultural I Rua Mundo Novo, 342, Perdizes, São Paulo
16.05 - Workshop com mulheres atendidas por ONG parceira
Workshop with women assisted by a partner NGO
Pinacoteca I Praça da Luz, 2, Luz, São Paulo
14.06 - Conversa com Mulheres Gráficas, sábado, 14-15h
Conversation with Graphic Women, Saturday, 2-3pm
com as artistas / with artists Cleiri Cardoso, Helena Kanaan e/and Yili Rojas
Galeria Gravura Brasileira I Rua Ásia, 219, Cerqueira Cesar, São Paulo
14.06 - Finissage, sábado, 13-17h / Closing, Saturday, 1pm-5pm
Galeria Gravura Brasileira I Rua Ásia, 219, Cerqueira Cesar, São Paulo
Mais informações / more information:
Serviço
10.05 - Abertura, sábado, 13-17h
Galeria Gravura Brasileira I Rua Ásia, 219, Cerqueira Cesar, São Paulo