

Exposição coletiva "Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira"
Exposição
- Nome: Exposição coletiva "Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira"
- Abertura: 11 de abril 2025
- Visitação: até 31 de agosto 2025
Local
- Local: Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (MUNCAB)
- Evento Online: Não
- Endereço: Rua das Vassouras, 25, Centro Histórico
Expografia de Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira propõe jornada imersiva no MUNCAB
Com curadoria de Deri Andrade e expografia assinada por Matheus Cherem, exposição realizada pelo CCBB em parceria com o MUNCAB transforma a visita em uma experiência sensível e simbólica no centro de Salvador
Salvador, 18 de agosto de 2025 - Em cartaz no Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (MUNCAB), em Salvador, até o final de agosto, a exposição Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira, em parceria com o CCBB Salvador, propõe mais que uma reunião de obras de 69 artistas negros do Brasil. A mostra convida o público a vivenciar a arte como travessia: um percurso sensível guiado pela expografia, que transforma o espaço do museu em um grande labirinto de encontros, memórias e possibilidades.
Assinada pelo arquiteto e cientista social Matheus Cherem, com produção técnica de Vinícius Andrade e Vitória Mazzaro, a expografia da mostra foi desenhada para dialogar com cada prédio por onde passou. Nos centros culturais Banco do Brasil de São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, a proposta foi ocupar simbolicamente edifícios marcados por elementos da arquitetura colonial ou por referências clássicas. Em Salvador, esse gesto muda de natureza. "No MUNCAB, não é preciso tensionar o espaço. Ele já é preto. Aqui, a expografia entra com o conforto de quem está em casa. É um projeto que parte do pertencimento", afirma Cherem.
A disposição das obras segue uma estrutura já testada em outras capitais, mas ganha novos sentidos na capital baiana. A entrada da mostra é marcada por símbolos fortes: faixas vermelhas da artista Massuelen Cristina com o título Saravá todos os Exus, lambes de Àlex Igbó e o assentamento de Exu, posicionado logo no início do percurso. "Essa conjunção inaugura o ambiente da exposição, sinaliza as energias e os caminhos que serão abertos. É uma forma de afirmar que o que está por vir é conduzido por forças que nos atravessam culturalmente", pontua o curador Deri Andrade.
No térreo, a montagem se estrutura como um corredor contínuo, onde o público caminha lateralmente às obras, descobrindo-as à medida que avança. "Cada eixo é como um ato. O visitante é levado a enxergar uma história aos poucos. Não é um salão com obras distribuídas em parede branca, é um percurso que orienta, provoca e acolhe. A expografia cria um roteiro, mas convida o público a experimentar variações", explica Matheus Cherem.
Ao subir para o primeiro andar, a lógica muda: salas interligadas permitem novas dinâmicas de circulação, com visadas cruzadas entre as obras e conexões mais íntimas entre os eixos curatoriais. O visitante é estimulado a virar, desviar, atravessar. "É um labirinto que não confunde, guia. Um convite a se perder com direção", define Cherem.
A expografia rompe com os padrões do mercado de arte ao rejeitar o modelo do cubo branco. Em seu lugar, emerge uma espacialidade afetiva e crítica, onde o corpo do visitante é parte ativa da narrativa. Cada eixo curatorial da exposição: Tornar-se, Linguagens, Cosmovisão, Orum e Cotidianos é marcado por uma cor e por uma obra comissionada que sintetiza os temas tratados, além de sempre iniciarem com os artistas homenageados, Arthur Timótheo da Costa, Rubem Valentim, Maria Auxiliadora, Mestre Didi e Lita Cerqueira.
Um dos espaços mais emblemáticos é a sala do Projeto Afro, plataforma de pesquisa criada por Deri Andrade e base conceitual da exposição. No MUNCAB, ela ganha sua versão mais ampla: escura, silenciosa e equipada com livros, paineis de informações e tablets para acesso à base de dados. "Essa sala é um ponto de reencontro. O Projeto Afro nasceu para mapear artistas negros e agora retorna à Bahia com força simbólica. É como voltar para casa com uma bagagem que precisa ser compartilhada", afirma o curador.
A montagem também provoca diálogos entre gerações. Na mesma sala, a obra de Emanoel Araújo, artista e curador que participou da fundação do MUNCAB, é colocada frente a frente com a bandeira vermelha de Mulambo, artista jovem e em plena atividade. "Esse encontro entre tempos e trajetórias é parte do gesto curatorial. A mostra não fala apenas de passado ou presente, ela tensiona o que está por vir", resume Deri.
SOBRE CCBB Salvador
O Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) é uma rede de espaços culturais gerida e mantida pelo Banco do Brasil, com o objetivo de ampliar a conexão dos brasileiros com a cultura e valorizar a produção cultural nacional. Presente no Rio de Janeiro, Brasília, São Paulo e Belo Horizonte, está em processo de instalação de sua nova unidade em Salvador. Na capital baiana, passa a ocupar o Palácio da Aclamação, histórico edifício do início do século passado e que, durante mais de cinquenta anos, foi residência oficial dos governadores da Bahia. Mesmo antes de iniciar suas atividades no Palácio da Aclamação, o CCBB já está presente na cidade de Salvador. Nesse contexto, promove em parceria com o Muncab, a exposição Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira, um projeto que reafirma nossas origens e ancestralidade, suas narrativas e símbolos, a decolonização, dentre outras questões que oferecem caminhos para compreender a construção contemporânea de identidades e a contribuição da população negra na formação do Brasil.
SOBRE MUNCAB
O Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira - MUNCAB é um importante centro de preservação e difusão das artes visuais negras e das culturas afro-brasileira, diaspórica e africana nas Américas e, tem um papel fundamental no diálogo e intercâmbio entre países africanos e o Brasil. É gerido pela Sociedade Amigos da Cultura Afro-Brasileira – AMAFRO, uma instituição de direito privado sem fins lucrativos, reconhecida como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), fundada em 15 de março de 2002.
SOBRE PROJETO AFRO / TATU CULT
Projeto Afro é uma plataforma afro-brasileira de mapeamento e difusão de artistas negros/as/es. O projeto deseja ampliar e visibilizar a produção artística de autoria negra no Brasil, apresentando sua multiplicidade, seus inter-relacionamentos e sua abrangência. Um espaço de descoberta e ressignificação.
A iniciativa se entende como um manifesto em defesa da igualdade racial, quando observados os dados sociais que ainda mostram o negro à margem do processo social. O Projeto Afro expressa o protagonismo negro para além dos limites territoriais, refletindo sobre os processos históricos hegemônicos que validaram o sistema de arte no país. Propomos um novo olhar para as narrativas a partir da colaboração e da troca.
Fruto de uma pesquisa que compreende mais de seis anos – e que segue em curso –, o conteúdo reunido convida cada visitante a navegar por diferentes aspectos dessa produção: mapa interativo, perfis de artistas, artigos colaborativos e entrevistas, escritos acadêmicos, sugestões de eventos. Toda uma pesquisa sistematizada em um local dedicado à expressão.
A Tatu Cult é uma consultoria de inteligência cultural dedicada a promover impacto positivo, fortalecendo a cultura e a economia criativa como instrumentos de transformação estrutural. Guiados por valores de ética, transparência, equidade, interseccionalidade, justiça social e climática, tem como missão viabilizar projetos que valorizem o bem-viver, a diversidade, o acesso e a dignidade dos territórios através da cultura. Reconhecida como Empresa-filha da Unicamp desde seu início em 2020, realiza seminários, concursos, qualificações, palestras e exposições, como as "Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira", em parceria com o Projeto Afro. Com um time diverso de especialistas, gera valor para a cultura, fortalece parcerias e impulsiona mudanças reais na sociedade.
Serviço
Exposição: "Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira"
Período da exposição: até dia 31/08/2025
Visitação: Terça a domingo, das 10h às 17h (com entrada até às 16h30)
Local: Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (MUNCAB) – Rua das Vassouras, 25, Centro Histórico, Salvador
Entrada: os ingressos para visitar o MUNCAB se encontram disponíveis online ou na bilheteria do museu -
Valores: R$20 (inteira) e R$10 (meia)