

Exposição coletiva "A Paisagem que Atravessa o Tempo"
Exposição
- Nome: Exposição coletiva "A Paisagem que Atravessa o Tempo"
- Abertura: 05 de agosto 2025
- Visitação: até 13 de setembro 2025
Local
- Local: Simões de Assis
- Evento Online: Não
- Endereço: Al. Carlos de Carvalho, 2173 A
A Paisagem que Atravessa o Tempo
Alberto da Veiga Guignard | Amadeo Lorenzato
Cícero Dias | Felipe Suzuki | José Pancetti
Lucas Arruda | Lucia Laguna | Miguel Bakun
Nicolau Facchinetti | Sergio Lucena
Thalita Hamaoui | Thiago Rocha Pitta
Quando as primeiras academias de arte surgiram no ocidente em meados do século XVI, as mudanças trazidas pelo advento do Renascimento nos séculos anteriores já haviam se cristalizado. Paradigmas como a perspectiva com ponto de fuga, a representação realista e mimética da natureza e o resgate dos valores clássicos de beleza, simetria e harmonia estabeleceram-se como as bases da formação artística, em um modelo de ensino que se popularizou ao longo dos séculos subsequentes. Ademais, uma certa hierarquização dos suportes já havia se fortalecido, determinando a pintura, a arquitetura e a escultura como meios superiores diante de outras práticas manuais como a cerâmica ou a tapeçaria. No século XVIII, essa divisão ganhou novos termos dentro das Academias: de um lado as “belas artes” e, de outro, os “ofícios”. E o modelo acadêmico, já muito popular pelo continente europeu e começando a se estabelecer fora dele, ainda foi mais longe, estabelecendo também (principalmente na pintura) uma hierarquia de gêneros: os maiores seriam pintura histórica e religiosa, além dos retratos, e os menores a pintura de paisagem, natureza morta, cenas cotidianas...
Foi apenas na virada para o século XIX que a paisagem passou a figurar entre os estilos valorizados dentro dos círculos acadêmicos e fora deles, em grande parte devido ao esforço do pintor francês Pierre-Henri de Valenciennes, que defendia que o gênero encaixava-se na categoria de pintura histórica. Em seguida, com a emergência da arte moderna logo na metade do mesmo século, rapidamente essa hierarquização obsoleta deu lugar a um protagonismo central, e o Monte Saint-Victoire de Cézanne, o Rio Sena de Monet, os ciprestes de Van Gogh e os parques de Manet pavimentaram o caminho para que o gênero não apenas fosse valorizado, mas se tornasse uma linguagem em si mesma.
A exposição A Paisagem que Atravessa o Tempo propõe uma leitura transversal do tema, reunindo artistas brasileiros acadêmicos, modernos e contemporâneos que elaboram cenas marinhas, rurais, montanhosas, florestais, atmosféricas, tropicais, surreais e fantásticas.
As aproximações entre diferentes gerações e origens revela como as visualidades naturais do país – com sua fauna exuberante de incontáveis espécies, suas praias paradisíacas, suas serras sinuosas e vastas extensões agrárias – marcam de maneira singular as perspectivas desses artistas: o encontro entre céu e mar de Lucas Arruda e o encontro entre mar e terra de José Pancetti; as perspectivas a perder de vista de Sergio Lucena; as palmeiras e coqueiros de Cícero Dias e Lucia Laguna; as araucárias de Miguel Bakun; as etéreas cadeias montanhosas populadas por igrejas de Guignard; os microorganismos marítimos de Thiago Rocha Pitta ao lado das espécies botânicas inventadas de Thalita Hamaoui; os campos rústicos de Lorenzato; os firmamentos luminosos de Felipe Suzuki; e as paisagens detalhadas da região serrana do Rio de Janeiro de Nicolau Facchinetti.
Cada região, do nordeste ao sul do Brasil; cada bioma, da caatinga à mata atlântica e cerrado; e cada clima (tropical, tropical de altitude, subtropical e semiárido) surgem nas obras reunidas nesta mostra de maneira lírica e alegórica, em variados momentos do dia, em diferentes estações do ano, atravessando 3 séculos por meio de olhares familiares, comprometidos e implicados nessas diversas paisagens. As pinturas apresentadas aqui nos permitem percorrer todos esses lugares, atmosferas, passagens, instantes, períodos, condições, transmitindo estados de ser e estar e nos transportando a habitar cada paisagem retratada em diálogo com nossas paisagens de memória, vistas e vividas.
Julia Lima
Conheça os artistas
Alberto da Veiga Guignard (Nova Friburgo, Brasil, 1896 - Belo Horizonte, Brasil, 1962) é considerado um dos maiores nomes do modernismo brasileiro do século XX, sendo influência para outros artistas e tendo sido estudado por diversos pesquisadores. Em 1907 mudou-se para a Europa e em 1915 ingressou na Real Academia de Belas-Artes em Munique. Em 1924, retornou brevemente ao Rio de Janeiro, participando da 31ª Exposição Geral de Belas-Artes. No mesmo ano, seguiu com seus estudos artísticos em Florença. Em 1929, expôs no 40º Salão dos Independentes, no Grand Palais, em Paris, e retornou ao Brasil, se fixando no Rio de Janeiro.
Entre 1940 e 1942 viveu num hotel em Itatiaia, onde pintou a paisagem local, dedicando- se também à decoração de peças e cômodos do hotel. A convite do então prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek, transferiu-se para a cidade no ano de 1944 e passou a lecionar em um curso livre de desenho e pintura na Escola de Belas Artes, também conhecida por Escola do Parque. Frequentaram a escola artistas como Amilcar de Castro, Farnese de Andrade e Lygia Clark. Permaneceu à frente da escola até 1962, quando, em sua homenagem, passou a se chamar Escola Guignard. Em 1962, a Fundação Guignard adquiriu uma casa em Ouro Preto para abrigar o artista e posteriormente se tornou um museu a ele dedicado, inaugurado em 1987. Participou de exposições nacionais e internacionais, tais como: 18ª Bienal de São Paulo (1985) e 24ª Bienal de São Paulo (1998); “Latin American artists of the twentieth century” (1992), Sevilha; Centre Georges Pompidou, Paris; Kunsthalle Cologne, Colônia; e MoMA, Nova York. Em 2000, o Museu Nacional de Belas-Artes, Rio de Janeiro, e o MASP - Museu de Arte de São Paulo apresentaram a retrospectiva do artista, intitulada “O humanismo lírico de Guignard” (2000).
Amadeo Luciano Lorenzato (Belo Horizonte, Brasil, 1900 - Belo Horizonte, Brasil, 1995) foi um pintor e escultor brasileiro, conhecido por um conjunto de obras que percorrem temas como a natureza, a paisagem urbana, naturezas mortas, retratos e cenas cotidianas. Seus primeiros trabalhos datam da década de 1940, período em que retornou ao Brasil após ter vivido cerca de trinta anos em diferentes cidades europeias, tendo estudado na Reale Accademia delle Arti, na Itália. O uso de texturas, produzidas com o auxílio de instrumentos adaptados do trabalho na construção civil, conferem movimento e vibração às suas composições. O artista utilizou tintas minerais, que aplicava após uma camada de alvaiade, substância geralmente utilizada em pinturas de exteriores, que tornam as cores mais vivas e luminosas.
Suas obras integram o acervo de diferentes museus e coleções públicas, como da Fundação Clóvis Salgado e do Museu de Arte da Pampulha, em Belo Horizonte; da Universidade Federal de Viçosa; da Pinacoteca de São Paulo e do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand – MASP, do Museo del Barrio, em Nova York, entre outras.
Cícero Dias (Escada, Brasil, 1907 – Paris, França, 2003) foi um dos maiores nomes da arte moderna brasileira. Protagonista de uma rica e extensa trajetória na história da arte, com quase oito décadas de produção, sua trajetória foi pontuada sempre pelo pioneirismo e ideias vanguardistas. No início de sua carreira, desenvolveu trabalhos de cunho surrealista, com especial destaque para aquarelas fantásticas criadas entre o Recife e o Rio de Janeiro. Incentivado por Di Cavalcanti a viajar para França, onde integrou a Escola de Paris, junto a Braque, Léger, Matisse e Picasso. Já nos anos 1940, começou a pintar telas rigorosamente geométricas em um esforço rumo à abstração. Na década de 1950 teve intensa participação em mostras internacionais, entre elas: XXV, XXVI e 60ª Bienal Internacional de Veneza; 1ª Bienal Internacional de São Paulo e no Salão de Maio no Musée d´Art Moderne de Paris. Cícero Dias transitou por diversas vertentes, influenciando seus pares e se deixando influenciar por estas vivências, construindo uma poética diversificada e extremamente singular.
Possui trabalhos em importantes coleções como Centre Georges Pompidou, Paris; Museum of Fine Arts, Houston; Musée André Malraux, Le Havre; Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia, Madri; Fundação Cisneros, Caracas; Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires; Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro; entre outras.
Felipe Suzuki (São Paulo, Brasil, 1985) mora e trabalha em São Paulo. Passou pela Faculdade Belas Artes de São Paulo e Miami Ad School. Sua poética explora a pintura como um meio de traduzir memórias e emoções, utilizando naturezas-mortas, paisagens e composições que, muitas vezes, orientam-se à abstração. Com uma abordagem que privilegia a sugestão acima da completude, Suzuki cria composições que evocam uma atmosfera de neblina e transitoriedade. Suas obras remetem uma qualidade etérea, conectando-se à memória de maneira delicada e atemporal, criando um diálogo entre o visível e o intangível. Desenvolve uma produção a partir de um rigor técnico, em que a manipulação dos pigmentos se fundamenta em uma paleta reduzida de tons que possibilitam texturas construídas a cada camada.
Realizou a exposição individual “E se a lua for embora, o céu entenderá” (2025), Simões de Assis, São Paulo, e “Sensações do ordinário” (2022), Bianca Boeckel Galeria, São Paulo. Participou de exposições coletivas como “ABERTO3” (2024), curadoria de Filipe Assis, Claudia M. Salles e Kiki Mazzucchelli, Casa-Ateliê Tomie Ohtake, São Paulo; “Alado” (2024), Galeria Refresco, Rio de Janeiro; “Pequenos Formatos” (2024), Silvia Cintra + Box 4, Rio de Janeiro; “Salão de Belas Artes de Piracicaba” (2018), Pinacoteca Municipal, Piracicaba; “Confluir” (2015), Verve Galeria, São Paulo; Mostra 3M de Arte (2010), Centro Histórico Mackenzie, São Paulo.
Giuseppe Gianinni Pancetti (Campinas, Brasil, 1902 - Rio de Janeiro, Brasil, 1958) mais conhecido como José Pancetti, foi um pintor e também marinheiro, profissão que influenciou profundamente sua prática pictórica, sendo as paisagens marinhas realizadas ao ar livre as mais recorrentes em sua produção. Sua paleta cromática era equilibrada, demonstrando uma imensidão da natureza, e uma pequeneza da humanidade, remetendo a estados emocionais profundos.
Pintor autodidata, em 1933 passou a frequentar um ateliê livre no Rio de Janeiro, o Núcleo Bernardelli, onde conheceu Milton Dacosta, Bustamante Sá e Bruno Lechowski, que influenciaram seu pensamento composicional. Em 1934, viajou a bordo do navio-escola Almirante Saldanha à Inglaterra, Portugal, Espanha e França, onde teve contato com diversos museus. Na década de 1930, o artista participou de salões e exposições, entrando no circuito artístico da época. Em 1946 deixou a Marinha e em 1955 realizou uma individual no MAM Rio de Janeiro. Destaca-se a participação na 25ª Bienal de Veneza (1950) e em duas edições da Bienal de São Paulo (1951 e 1955). A obra de Pancetti integra importantes coleções institucionais, entre as quais do MoMa, Estados Unidos; Museu Nacional de Belas Artes, Brasil; MAM São Paulo, Brasil; Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo – MAC USP, Brasil; Museu da Chácara do Céu, Brasil; MAM Rio de Janeiro, Brasil; e Instituto Casa Roberto Marinho, Brasil.
Lucas Arruda (1983, São Paulo, Brasil) se concentra com obstinação num tema bem definido no cânone da história da arte para abordar complexos estados mentais contemporâneos. Sua pesquisa se desenvolve fundamentalmente em torno da manifestação da paisagem, pensando e experimentando nossa capacidade de viver pela mediação da luz e do olhar. Por meio de uma poderosa e coesa série de pinturas a óleo, e também de projeções de slides e instalações de luz, suas paisagens existem no ponto de tensão entre abstração e figuração, entre aparição e vazio.
Seu trabalho está em importantes coleções como Albright-Knox Art Gallery, Art Institute of Chicago, Boros Collection, Buffalo AKG Art Museum, Centre Pompidou, Foundation Beyeler, Fondazione Sandretto Re Rebaudengo, Hirshhorn Museum and Sculpture Garden, House of Liechtenstein Royal Family, Liechtenstein Institute of Contemporary Art (ICA), J. Paul Getty Collection, K11 Art Foundation, Kunstmuseum Dan Haad, Long Museum, M Woods Museum, Moderna Museet, Museo Jumex, Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP), Museum of Fine Arts Boston, Ludwig Pérez Art Museum, Pinacoteca de São Paulo, Pinaut Collection, Pond Society Rockbund Art Museum, Rubell Museum, Solomon R. Guggenheim Museum, Stedlijik, Museum Tate Modern, Thyssen-Bornemisza Art Contemporary, X Museum.
Lucia Laguna (Campos dos Goytacazes, Brasil, 1941) é uma das pintoras contemporâneas mais relevantes no Brasil. Em sua poética, elementos reconhecíveis – folhagem, mobiliário, comida, animais – convivem com linhas e cores justapostas, em gestos calculados que compõem paisagens e interiores em planos fraturados. As formas que preenchem suas telas parecem incompletas, nascendo do acúmulo e do apagamento de camadas de tinta. Como as vistas suburbanas cariocas que a artista encontra da janela de seu ateliê em São Francisco Xavier, na zona norte do Rio de Janeiro, suas telas são permeadas por um impulso construtivo que faz amplo uso de ângulos e linhas retas, associadas por ela às linhas viárias da cidade. Suas formas espraiam-se em uma arquitetura fluente, entre interferências espontâneas e rasuras como terrenos baldios surgindo nos campos de cor.
Suas exposições individuais incluem Life is Only Possible Reinvented, Sadie Coles, Londres, Reino Unido (2022); Se Hace Camino al Andar, Carpintaria, Rio de Janeiro, Brasil (2021); Lucia Laguna, Fortes D’Aloia & Gabriel, São Paulo, Brasil (2020); Lucia Laguna: Vizinhança, MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, São Paulo, Brasil (2018); Nem Pássaro ou Inseto, Folha, Bolha e Galho… Nada escapa à Armadilha do Olhar, Galerie Karsten Greve, Paris, France (2018). Laguna participou das coletivas Direito à forma, Galeria Fonte, Instituto Inhotim, Brumadinho, Brasil (2024); Dos brasis: arte e pensamento negro, SESC Belenzinho, São Paulo, Brasil (2023); Crônicas Cariocas, MAR – Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, Brasil (2022) e da 30ª Bienal de São Paulo – A iminência das poéticas, Fundação Bienal de São Paulo, São Paulo, Brasil (2012). Laguna tem obras em importantes coleções públicas, entre elas o Centro Cultural São Paulo, São Paulo, Brasil; Coleção Banco Itaú, São Paulo, Brasil; MAM – Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro, Brasil; MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo, Brasil; MAR – Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, Brasil; MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, São Paulo, Brasil e Museu Nacional de Brasília, Brasília, Brasil.
Miguel Bakun (Mallet, Brasil, 1909 - Curitiba, Brasil, 1963) era filho de imigrantes eslavos do sul do Paraná. Na juventude, alistou-se como aprendiz naval, antes de se transferir e formar-se como grumete no Rio de Janeiro. Lá, fez seus primeiros esboços a lápis, desenhos de observação, retratos, caricaturas e paisagens – assim como seu colega de classe José Pancetti. Sofreu um acidente em 1930 e deixou a Marinha, mudando-se para Curitiba. Apesar de não ter treinamento formal em Belas Artes, Bakun montou um estúdio caseiro que mantinha com seus ganhos como fotógrafo itinerante de rua com câmera de caixa. Durante seu período mais prolífico, na década de 1950, Bakun pintou retratos, naturezas-mortas, marinhas e, principalmente, paisagens, além de murais.
Suas peças do final dos anos 1950 apresentavam alusões animistas nas quais figuras alegóricas se misturavam aos contornos da paisagem. Na época em que surgiu como artista, a pintura acadêmica foi gradualmente modernizando seu repertório e sua expressividade assertiva parecia deslocada – era muito experimental ou subjetiva. Ao mesmo tempo, a abstração geométrica despontava no país, e o artista se sentia deslocado em ambas as tendências. Bakun foi gravemente afetado por sua situação econômica precária e foi tratado de uma depressão severa. Suicidou- se em 14 de fevereiro de 1963. Sua obra integra importantes acervos particulares e institucionais do Brasil, como a Pinacoteca do Estado de São Paulo e o Museu de Arte Contemporânea do Paraná.
Nicolò Agostino Facchinetti (Treviso, Itália 1824 - Rio de Janeiro, Brasil, 1900) mais conhecido como Nicolau Faccinetti foi pintor, desenhista, cenógrafo e professor italiano, radicado no Brasil. Estudou na Escola de Desenho de Bassano e na Academia de Veneza, tendo sido premiado pela Regia Accademia di Belle Arti, em Veneza, em 1842 e 1843. No ano de 1849 mudou-se para o Brasil e se estabeleceu no Rio de Janeiro. Durante esse período, se dedicou ao ensino do desenho e paralelamente trabalhou com cenografia. A partir da metade da década de 1860, sua poética se orientou para a feitura de paisagens, gênero que o consagrou. Eram inspiradas nas regiões serranas do Rio de Janeiro, de Minas Gerais e nas fazendas de café do Vale do Paraíba em São Paulo. Suas composições evocavam um senso de grandeza à paisagem, retratando um Brasil extenso e romântico, contrastante com construções e pequenas figuras. Em estudos acerca de sua produção, se destaca a atenção à construção pictórica da luminosidade.
Em sua prática, viajava para estudar as características regionais e registrava em desenhos sobre papel, que depois eram transpostos para o óleo sobre tela. Entre 1850 e 1900, participou de edições da Exposição Geral de Belas Artes, com menção honrosa em 1864 e medalha de prata em 1865. Possui obras em relevantes instituições como Museu Nacional de Belas Artes (MNBA) e Museu Histórico Nacional, entre outras.
Sergio Lucena (João Pessoa, Brasil, 1963), interessado por assuntos diversos, estudou física e psicologia e, nos anos 80, incentivado pelo artista Flávio Tavares, passou a se dedicar à pintura. Inicialmente, seu trabalho pictórico representava seres inventados e fantasiosos, muito influenciado pelos personagens folclóricos do seu entorno no Nordeste. Já em 2003, ao mudar-se para São Paulo, começou a desenvolver uma investigação profunda sobre luz e cor, afastando-se da figuração. Sensível às forças da natureza, suas pinturas são erguidas sobre milhares de camadas de tinta, e sugerem um horizonte a perder de vista, ou campos de gradação tonal sutil e complexa que convidam à contemplação da imensidão. Nos últimos anos, vem retomando com frequência os temas da cultura popular do interior, resgatando as memórias da infância no sertão da Paraíba, e combinando essas memórias ao extenso repertório cromático que construiu nos últimos 20 anos.
Possui obras em acervos no Brasil e nos EUA: Museu Nacional da República, Brasília - DF; Instituto Inhotim; Museu Afro Brasil Emanoel Araújo; Museu Oscar Niemeyer; Museu do Estado de Pernambuco; Fundação Espaço Cultural - FUNESC, João Pessoa; Pinacoteca do Estado da Paraíba; Museu de Arte Contemporânea de Santa Catarina; Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul; Museu de Arte Contemporânea de Sorocaba, São Paulo; Brazilian American Cultural Institute, Washington - DC; e Microsoft Art Collection, Seattle, EUA.
Thalita Hamaoui (São Paulo, Brasil, 1981), artista visual brasileira, vem desenvolvendo uma linguagem própria no campo da pintura, fazendo diversas referências figurativas e abstratas convergirem em uma natureza fabulosa — tanto por sua grandiosidade, em paletas complexas e composições vibrantes, quanto por seu caráter ficcional ou onírico. Utilizando técnicas como óleo e bastão oleoso sobre tela, a artista constrói superfícies densas e vibrantes, onde cada elemento parece em transição, refletindo um universo em metamorfose contínua. De acordo com a artista, cada pintura, independente de sua escala e formato da tela, representa um instante no fluxo movediço e pulsante de uma paisagem intocada por seres humanos ou animais. Esses lugares fantásticos são dominados pelas flores, montanhas, plantas e uma atmosfera em que o ar ou a água perturbam a certeza da gravidade para abrir-se em camadas flutuantes de vida e movimento.
A artista conta com exposições individuais realizadas desde 2017, com destaque para “Nascer da Terra” (2025), Marianne Boesky Gallery, New York; “A terra e o devaneio da vontade” (2023), Museu de Arte Contemporânea do Paraná, Curitiba; e “Gaia: seu corpo, sua carne, seu sopro” (2023), Simões de Assis, São Paulo. Participou de inúmeras mostras coletivas em museus e galerias no Brasil e no exterior. Seus trabalhos se encontram em coleções públicas e privadas, incluindo: Museu Oscar Niemeyer (MON), Museu Nacional de Belas Artes (MNBA) e Coleção Ricardo Britto.
Thiago Rocha Pitta (Tiradentes, Brasil, 1980) possui uma pesquisa ancorada na investigação de elementos do domínio natural, de escala macro ou microcósmica. Suas obras têm no cerne a ideia de entropia e sugerem uma temporalidade dilatada, como aquela própria das transformações da natureza, constituindo, assim, situações silenciosas e, por vezes, surreais. Por meio de linguagens como vídeo, fotografia, escultura, intervenções públicas, além de aquarela e afresco, o artista ora realiza trabalhos nos quais as intempéries e ações orgânicas e geológicas agem como “co autoras”, ora aproxima imagens para criar narrativas que sobrepõem temporalidades, apontando a permanência do etos extrativista de acontecimentos históricos e atuais. A relação simbiótica entre as esculturas e instalações de Rocha Pitta com a natureza e a paisagem se dá de forma plena na Fundação Abismo, localizada em Petrópolis, em uma região de Mata Atlântica, onde ele vive e mantém seu ateliê.
Thiago Rocha Pitta iniciou sua produção artística em 2000, depois de se mudar para o Rio de Janeiro e frequentar cursos de arte, filosofia e estética na UFRJ e na EAV Parque Lage. Recebeu o Prêmio Marcantonio Vilaça em 2005 e o Prêmio Open Your Mind, na Suíça, em 2009. Em 2014, participou do programa de residência artística Circulating AiR, na Noruega. Suas obras integram coleções institucionais como as do MoMA, Nova York; Colección Jumex, Cidade do México; MAM, São Paulo; MAM, Rio de Janeiro; Instituto Inhotim, Brumadinho; ThyssenKrupp, Viena; e Hara Museum, Tóquio.
Serviço
A Paisagem que Atravessa o Tempo
Alberto da Veiga Guignard | Amadeo Lorenzato
Cícero Dias | Felipe Suzuki | José Pancetti
Lucas Arruda | Lucia Laguna | Miguel Bakun
Nicolau Facchinetti | Sergio Lucena
Thalita Hamaoui | Thiago Rocha Pitta
abertura
05 de agosto, terça-feira, 18h às 21h
05.08 - 13.09.2025
Curitiba
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