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Exposição "Céus Tramados", individual de Melissa Cody
Exposição

Exposição "Céus Tramados", individual de Melissa Cody

Exposição

  • Nome: Exposição "Céus Tramados", individual de Melissa Cody
  • Abertura: 20 de outubro 2023
  • Visitação: até 21 de janeiro 2024

Local

  • Local: MASP — Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand
  • Evento Online: Não
  • Endereço: Avenida Paulista, 1578 – Bela Vista

MASP APRESENTA A PRIMEIRA EXPOSIÇÃO INDIVIDUAL DE MELISSA CODY NA AMÉRICA LATINA


Organizada em parceria com o MoMA PS1, a mostra reúne 26 obras têxteis que mesclam símbolos e padrões tradicionais da tapeçaria navajo com referências pessoais da artista, que vão do mundo pixelado dos computadores às paisagens do Arizona



O MASP — Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand apresenta, de 20 de outubro de 2023 a 21 de janeiro de 2024, a mostra Melissa Cody: céus tramados, que ocupa a galeria localizada no 1o subsolo do museu. Com curadoria de Isabella Rjeille, curadora, MASP, e Ruba Katrib, curadora e diretora de assuntos curatoriais, MoMA PS1, a exposição reúne 26 obras têxteis da artista diné/navajo produzidas a partir de um tradicional tear navajo. Em suas obras, Cody mescla símbolos e padrões históricos da tapeçaria navajo, com referências que vão das paisagens de seu território de origem no estado do Arizona, Estados Unidos, ao universo pop do videogame e da música. Em uma vitrine, também serão exibidas ferramentas utilizadas pela artista na confecção de seus trabalhos têxteis, assim como registros de seu processo, ampliando, assim, o conhecimento acerca dessa prática milenar e seus significados dentro da cosmovisão diné. Organizada pelo MASP e MoMA PS1, a exposição será exibida no MoMA PS1, entre 4 de abril e 2 de setembro de 2024. A mostra tem apoio da Terra Foundation for American Art.


Melissa Cody (No Water Mesa, Nação Navajo, Arizona, Estados Unidos, 1983) cresceu entre a reserva indígena Nação Navajo, no estado do Arizona, e o sul da Califórnia, onde vive atualmente. A artista se define como uma "criança dos anos 1980", tendo crescido tanto sob a influência da cultura navajo quanto do universo pixelado dos primeiros videogames e computadores. Na cosmovisão diné/navajo, a tecelagem é uma tecnologia transmitida às mulheres pela figura sagrada de Na'ashjéii Asdzáá, a Mulher-Aranha, o que as torna centrais para a manutenção de suas comunidades. Herdeira deste conhecimento ancestral, Cody faz parte da quarta geração de artistas de sua família.


Ao longo da história, a tecelagem navajo teve seus símbolos, cores, materiais e técnicas atravessados pelos efeitos das trocas culturais e explorações comerciais, assim como por processos de migrações forçadas. Pelo uso de padrões e cores vibrantes, os trabalhos de Cody são comumente associados ao movimento "Germantown Revival", que nasceu após o trágico episódio conhecido como a "Longa Caminhada" (1863–1866). Com intuito de expulsar os navajo de seu território, militares queimaram suas casas e destruíram rebanhos, forçando-os a migrar do Arizona ao Novo México, para que fossem aprisionados no campo militar de Bosque Redondo, em Fort Sumner, atual Novo México, e obrigados a assimilar à cultura estadunidense. Durante esse processo de migração forçada, as tecelãs criaram estratégias para continuar trabalhando, desfiando cobertores oferecidos por oficiais e incorporando seus fios nas tecelagens. 


A incorporação desse tipo de lã comercial, produzida em Germantown, Pensilvânia, com cores vibrantes obtidas através do tingimento por anilina, abriu novos horizontes de experimentação em meio a uma situação de confinamento. Nesse sentido, essa prática tornou-se fundamental para a sobrevivência e resistência cultural diné/navajo. "A inclusão desse novo elemento foi crucial para a continuidade e inovação de uma tecnologia ancestral, colocando em questão a ficção colonial que insiste em fixar culturas indígenas a uma ideia imutável de 'tradição' associada a um passado idílico", elucida a curadora Isabella Rjeille. 


Na tapeçaria navajo, a cor, os padrões, os símbolos e materiais carregam significados com os quais Cody trabalha para tecer novas narrativas diante do tear. Como indica a tradição, cada tapeçaria é concebida diretamente no tear, sem nenhum desenho prévio. Por meio de um habilidoso uso das cores, formas e combinações, Cody cria obras de pequenas, médias e grandes dimensões, desafiando a própria mídia e criando ilusões óticas de tridimensionalidade. Como afirma a curadora Ruba Katrib, "a enorme habilidade necessária para conferir simetria e variação à peça finalizada não pode ser subestimada. A confiança na memória e nas combinações matemáticas é fundamental para essa prática, destacando o fato de que a tecelagem é uma tecnologia que também levou à criação de nossa era digital à qual Cody reage nos temas de sua obra". 


A obra Germantown Sampler [Amostra de Germantown] (2011) é exemplar da maneira como a artista pensa o diálogo entre as cores e formas na escrita desse texto. No trabalho, a tradicional forma do diamante serrilhado tem seus tons claros de verde, azul e rosa gradualmente mesclados com cores vibrantes, como o vermelho, o laranja e o marrom (uma referência ao uso das cores vibrantes da lã de Germantown na história Navajo, bem como uma alusão ao papel da criatividade na resistência ao apagamento colonial). Há também uma invasão de linhas pretas e cinza, que criam um efeito glitch sobre o padrão ancestral, acrescentando mais uma camada a essa história: a influência do universo digital na produção têxtil de Cody.


Já na obra Navajo Transcendent [Navajo transcendente] (2014), a artista traz outro aspecto de sua cultura para reflexão, propondo uma ruptura com as formas coloniais de leitura da produção diné/navajo ao resgatar o whirling log [tronco que gira], um símbolo diné milenar e sagrado associado à cura, à criação do povo e a sua relação com o espiritual que, após a Segunda Guerra Mundial, passou a ser erroneamente confundido com uma suástica, desaparecendo das tapeçarias navajo comercializadas nos Estados Unidos como um meio de evitar qualquer associação equivocada com a Alemanha nazista. Rjeille explica que "nessa peça, um símbolo comumente representado por um desenho plano ganha volume, como que rompendo com a bidimensionalidade da própria mídia e saltando em direção ao espectador".


Cody também é conhecida por suas tecelagens de grandes proporções, como a monumental The Three Rivers [Os três rios] (2021), produzida durante a pandemia da Covid-19 e dividida em quatro partes. Nessa obra, a artista traduz a experiência vivida por ela durante esse episódio de nossa história recente. Já na obra Into the Depths, She Rappels [Para dentro das profundezas, ela faz rapel] (2023), Cody traz uma referência à história da Mulher-Aranha, com vibrantes cores que remetem ao arco-íris.


O título da exposição Céus tramados se inspira no trabalho intitulado Under Cover of Webbed Skies [Sob o manto de céus tramados] (2021), uma obra que conjuga a relação entre a história da tecelagem, seu território ancestral e a transmissão dos conhecimentos da Mulher-Aranha entre gerações. A obra pode ser dividida em dois planos, como uma paisagem: o céu, representado pelos tons de azul e verde na parte superior, e a terra, representada pelas formas triangulares em roxo, rosa e laranja, que se assemelham a uma montanha. No centro da obra, há um quadrado com três formas que lembram ampulhetas, símbolo que representa a Mulher-Aranha e que, ao ser reproduzido como um padrão geométrico, remete à trama acinzentada de uma teia que enreda o céu nessa obra. As três ampulhetas no centro fazem referência a Cody e à geração de tecelãs que virão depois dela, como suas filhas ou filhos e possíveis netas e netos. A artista posiciona as ampulhetas no topo das formas triangulares, que, por sua vez, simbolizam uma das montanhas sagradas do território ancestral de Cody. A Mulher-Aranha habita o cume dessa montanha, reforçando o vínculo entre a prática artística e o território, bem como a importância de reconhecê-lo e respeitá-lo como terra indígena.


"Céus tramados foi o título escolhido, portanto, para a primeira exposição de Cody na América Latina, pois o céu é um elemento comum a todos os territórios, que ultrapassa fronteiras geográficas e políticas. Como um grande manto azul que paira sobre todos os seres que vivem abaixo dele, os céus tramados de Cody se estenderiam para além de Dinetáh, a terra ancestral do povo diné/navajo, conectando em sua trama diferentes possibilidades de narrativas e modos de viver, entrelaçando cosmologias, territórios e sujeitos na criação, preservação e reivindicação de memórias e histórias, fazeres e saberes", pontua Isabella Rjeille. 


Em diálogo com a missão de ser um museu diverso, inclusivo e plural, a mostra é acompanhada de ações de acessibilidade. São elas: um caderno de textos e legendas com fonte ampliada e cinco faixas de conteúdo audiovisual acessível, em desenho universal – audiodescrição, interpretação em libras e legendagem. O conteúdo pode ser acessado através de QR Code, estando a faixa introdutória também disponível na exposição, em tela e fone de ouvido fixados ao lado do texto de parede.


Melissa Cody: céus tramados integra a programação anual do MASP dedicada às Histórias indígenas. Este ano a programação também inclui mostras de Carmézia Emiliano, MAHKU, Paul Gauguin, Sheroanawe Hakihiiwe, além do comodato MASP Landmann de cerâmicas e metais pré-colombianos e a grande coletiva Histórias indígenas.


SOBRE MELISSA CODY


Melissa Cody é uma artista têxtil navajo/diné nascida em 1983, em No Water Mesa, Nação Navajo, no Arizona, Estados Unidos. Atualmente vive e trabalha em Long Beach, Califórnia. O trabalho da artista integrou exposições coletivas em diversos museus e galerias, como Stark Museum of Art (2014, Orange, Texas); Museum of Contemporary Native Arts, Institute of American Indian Arts (2017–2018, Santa Fe); Ingham Chapman Gallery, University of New Mexico (2018, Albuquerque); Navajo Nation Museum (2018, Window Rock); SITE (2018–2019, Santa Fe); MASS Gallery (2019, Austin); Heard Museum (2019, Phoenix); Exploratorium (2019, São Francisco); Museum of Northern Arizona (2019, Flagstaff); Rebecca Camacho Presents (2019, São Francisco); National Gallery of Canada (2019–2020, Ottawa); Heard Museum (2019–2022, Phoenix); Crystal Bridges Museum of American Art (2021, Bentonville) e Barnes Foundation (2022, Philadelphia). Em 2017, a artista realizou a exposição individual Future Tradition: Melissa Cody, no Houston Center for Contemporary Craft, em Houston. Seu trabalho faz parte da coleção dos museus Minneapolis Institute of Arts e Stark Museum of Art.


CATÁLOGO


Acompanhando a exposição, será publicado um catálogo com volumes em português e inglês, com a reprodução de obras da artista e ensaios inéditos de Isabella Rjeille, Ruba Katrib, Jennifer Denetdale e Ann Lane Hedlund. O livro, com edições em capa dura, é organizado por Isabella Rjeille e tem design do Estúdio Margem.



SERVIÇO


Melissa Cody: Céus tramados é organizada pelo MASP e pelo MoMA PS1. A exposição tem curadoria de Isabella Rjeille, curadora, MASP e Ruba Katrib, curadora e diretora de assuntos curatoriais, MoMA PS1

1o subsolo (galeria)

20.10.2023 — 21.1.2024

MASP — Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand

Avenida Paulista, 1578 – Bela Vista 

01310-200 São Paulo, SP

Telefone: (11) 3149-5959

Horários: terça grátis Bradesco, das 10h às 20h (entrada até as 19h); quarta a domingo, das 10h às 18h (entrada até as 17h); fechado às segundas


Agendamento on-line obrigatório pelo link masp.org.br/ingressos

Ingressos: R$ 60 (entrada); R$ 30 (meia-entrada)

www.masp.org.br 

facebook.com/maspmuseu 

twitter.com/maspmuseu 

instagram.com/masp


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Sala de vídeo: Glicéria Tupinambá e Alexandre Mortágua


20.10—3.12.2023

2° subsolo

Curadoria: Renata Tupinambá, curadora-adjunta de arte indígena, MASP


Glicéria Tupinambá é artista, ativista e educadora indígena da aldeia Serra do Padeiro, localizada na Terra Indígena Tupinambá de Olivença, no sul da Bahia. Aos 39 anos, participa intensamente da vida política e religiosa dos Tupinambá, envolvendo-se, sobretudo, em questões relacionadas à educação, à organização produtiva da aldeia, serviços sociais e direitos das mulheres. Foi indicada ao prêmio Pipa 2022 e voz ativa na ONU pelos direitos dos povos indígenas.


Alexandre Mortágua é diretor, produtor e roteirista, e aborda questões sociais em suas produções. Produz filmes para a FILMES D'O BAILE desde 2015, nos quais dirigiu longas, curtas, videoclipes e videoclipes em colaboração com artistas brasileiros e internacionais. Dirigiu o longa Todos Nós cinco milhões, sobre abandono paterno no Brasil, e em maio de 2022 lançou o livro de autoficção de contos Aqui, agora, todo mundo.


Para a Sala de vídeo, Glicéria Tupinambá e Alexandre Mortágua apresentam Quando o manto fala e o que o manto diz (2023). O filme registra o processo de Glicéria Tupinambá em reconectar-se com os saberes adormecidos de sua aldeia. O manto tupinambá ganha uma nova voz pelas mãos da artista da Serra do Padeiro.



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