

Exposição "CALDER + MIRÓ"
Exposição
- Nome: Exposição "CALDER + MIRÓ"
- Abertura: 19 de agosto 2022
- Visitação: até 20 de novembro 2022
Local
- Local: Instituto Casa Roberto Marinho
- Evento Online: Não
- Endereço: Rua Cosme Velho, 1105 - Rio de Janeiro
A Casa
Roberto Marinho apresenta
Calder +
Miró
Exposição
celebra ligação entre um dos maiores escultores modernos
norte-americanos e um dos mais importantes pintores surrealistas,
evidenciando inúmeros desdobramentos na arte brasileira
Reunindo mais de
150 peças, mostra ocupa toda a área
expositiva do instituto e leva obras monumentais aos jardins
O Instituto Casa Roberto Marinho (ICRM), centro
de referência do modernismo brasileiro, anuncia a exposição Calder
+ Miró a ser aberta no dia 19 de agosto de 2022, sob a curadoria de Max Perlingeiro. Cerca de 150 peças – entre
pinturas, desenhos, gravuras, esculturas, móbiles, stabiles, maquetes,
edições, fotografias, joias e têxteis (sendo alguns inéditos no Brasil) – vão
ocupar os 1.200m² de área expositiva do instituto se estendendo aos jardins,
onde quatro obras monumentais serão instaladas.
A mostra evidencia a
ligação do escultor norte-americano Alexander Calder (1898-1976) e do pintor
espanhol Joan Miró (1893-1983) com o Brasil e os
desdobramentos na cena nacional. Artistas consagrados e influenciados direta
ou indiretamente pelas produções de Calder e Miró, como Abraham Palatnik,
Aluísio Carvão, Arthur Piza, Antonio Bandeira, Franz Weissmann, Hélio Oiticica,
Ione Saldanha, Ivan Serpa, Luiz Sacilotto, Lygia Clark, Mary Vieira, Milton
Dacosta, Mira Schendel, Oscar Niemeyer, Sérvulo Esmeraldo e Waldemar Cordeiro,
também integram a coletiva.
“Esta segunda exposição
internacional realizada pela Casa (em 2019 o instituto apresentou Estrangeiros
na Coleção Roberto Marinho)
resulta da visita de Roberto Irineu Marinho, um dos patronos da Casa, à mostra O tempo completa:
Burle Marx, clássicos e inéditos, que esteve em cartaz até fevereiro deste ano. Entusiasmado com a
beleza do projeto, ele nos propôs a organização da
exposição Calder + Miró, que parte de sua
coleção particular, entre outras colaborações”, revela Lauro Cavalcanti,
diretor da Casa Roberto Marinho.
A cultuada amizade entre um dos maiores escultores modernos norte-americanos e um dos mais relevantes pintores surrealistas
foi, ao longo da última década, apresentada em inúmeras exposições e
publicações. Embora originários de contexto distintos – Miró nasceu
em Barcelona e Calder em Lawton, na Pensilvânia – os dois artistas desenvolvem
uma relação de
amizade e cumplicidade.
Eles se conhecem em
1928, quando Calder vai a Paris e visita o espanhol em sua
casa, em Montmartre, em plena efervescência cultural da capital francesa. Mesmo
depois que Calder retorna aos Estados Unidos e a Segunda Guerra Mundial
dificulta a comunicação, eles permanecem profundamente envolvidos até a morte do escultor em 1976. Temas caros a Miró, sobretudo as
constelações e as formas orgânicas, recorrem no trabalho de Calder e
vice-versa, e a relação de intimidade entre suas obras estabelece uma das
grandes esferas da abstração do século 20.
“Quando se conhecem, em Paris, Calder já tinha a simpatia de críticos,
colecionadores e outros artistas, graças ao seu ‘Circo’ ambulante em miniatura.
Eram duas pessoas muito
díspares, entretanto, segundo o catalão, amigos de alma”, observa
Perlingeiro.
De acordo com o curador, a exposição contempla dois pontos de contato
fundamentais entre os artistas. Um deles é o Pavilhão Espanhol da Exposição Internacional de 1937, em Paris, onde
Picasso apresenta Guernica: “Para a
ocasião, Miró pinta o mural Le Faucheur (O Ceifador).
Composta por seis painéis que de 5,5m, a obra divide o pavilhão com Fonte de Mercúrio, de Calder, e a celébre pintura de Pablo
Picasso”, diz Max.
A segunda é o Museu da Solidariedade Salvador Allende, no Chile, a grande contribuição de Mario
Pedrosa durante seu exílio naquele país: “Ao longo do governo Allende
(1970-1973), Pedrosa fundou o Comitê Internacional de Solidariedade Artística
para ampliar os contatos com artistas de diversas nacionalidades e garantir
doações. O Museu simbolizou a vocação fraterna do experimento socialista,
angariando obras de artistas movidos pela empatia e união em prol das lutas
contra o imperialismo e a dependência cultural. Neste momento, Calder e Miró,
atendendo a um pedido de Pedrosa, fizeram doações muito importantes”, afirma
Perlingeiro.
Convidado a curar o núcleo de expoentes brasileiros em diálogo com as
obras de Calder e Miró na exposição, Paulo
Venancio Filho comenta: “A abstração para ambos não obedecia a um
programa pré-determinado, estava fundada na intuição e na imaginação e,
portanto, aberta ao instável. As mesmas características que, não por acaso,
vamos encontrar na arte moderna brasileira a partir dos anos 1950 e que
estabelecem nossa contribuição original à abstração geométrica. Podemos dizer
que todos os trabalhos selecionados para esta exposição na Casa Roberto Marinho
pertencem, pelas características plásticas que apresentam, ao contexto
Calder/Miró”, analisa Venancio.
A relação com o Brasil
Alexander Calder
foi apresentado a Mário Pedrosa (1900-1981), escritor, jornalista, crítico de arte e ativista político nos Estados Unidos, em 1944. A partir daí, tornaram-se grandes amigos. No
mesmo ano, outro brasileiro, o arquiteto Henrique Mindlin (1911-1971) conheceu o
artista, tornando-se seu grande divulgador e incentivador no Brasil. Em 1947,
Mindlin visita Calder em seu ateliê e lá conhece Miró.
“Em 1948, Calder
viaja para o Brasil e aqui realiza uma grande exposição no icônico prédio
modernista do Ministério da Educação e Saúde
(atual Edifício Gustavo Capanema), projetado por uma
equipe de então jovens arquitetos formada por Oscar Niemeyer (1907-2012),
Affonso Eduardo Reidy (1909-1964), Jorge Moreira (1904-1992), Carlos Leão
(1906-1983) e Ernani Vasconcelos (1912-1989), sob a coordenação de Lucio Costa
(1902-1998) e orientação de Le Corbusier (1887-1965)”, comenta Perlingeiro.
Posteriormente, em
1959, Calder realizou exposição no Museu de Arte de São Paulo, sendo hóspede,
por mais de um mês, na residência do casal Lina Bo Bardi (1914-1992) e Pietro
Maria Bardi (1900-1999). A partir desta data, o escultor passa a vir
regularmente ao Brasil, realizando inúmeras exposições e mantendo extensa relação com o país.
O segmento “Calder e o Brasil” será apresentado
por Roberta Saraiva Coutinho.
Referência internacional no que tange a obra do escultor norte-americano,
Roberta é autora do livro Calder no
Brasil – crônica de uma amizade, e foi curadora da exposição correlata
apresentada na Pinacoteca do Estado de São Paulo e no Paço Imperial, no Rio de
Janeiro (2006-2007).
“Miró nunca veio ao
Brasil, entretanto, sua amizade com o poeta pernambucano João Cabral de Melo
Neto (1920-1999) é seu elo com nosso país desde que, em 1947, João Cabral chega à
Barcelona como vice-cônsul”, informa o curador. “Miró torna-se amigo do grande
poeta e o recebe, semanalmente, em sua casa-ateliê. Entre os anos de 1948 e
1950, João Cabral escreve o livro Joan
Miró; no ano seguinte, o pintor espanhol realiza uma série composta por
duas xilogravuras e uma estampa exclusivas para esta obra. Publicado em 1950, Joan Miró é lançado em Barcelona”,
revela Perlingeiro.
Já o segmento “Miró e o Brasil – João Cabral de
Melo Neto” será apresentado por Valeria
Lamego, organizadora e editora dos livros Joan Miró e João Cabral de
Melo Neto, e da fotobiografia de Melo Neto de autoria do poeta Eucanaãn
Ferraz.
A sala “Miró e os poetas” é também organizada
por Lamego, que comenta: “A partir de 1928, quando inaugurou sua série de
pinturas-poemas, Miró leva a fusão entre poesia e sonho para além do livro e
para além da tela, introduzindo a imaginação poética em seu próprio fazer. Ele
dizia que não há diferença alguma entre a pintura e a poesia. Nesta sala, são exibidas seis obras gráficas
do artista catalão, quatro das quais em colaboração com grandes poetas, como o
romeno Tristan Tzara, os franceses René Crevel e Paul Éluard, e o pernambucano
João Cabral”, adianta Valéria.
Para melhor compreensão do público, a curadoria
incluiu pequenas animações destas raras edições na integra, que serão exibidas na
mostra ao lado dos álbuns originais.
O projeto Calder + Miró, na
Casa Roberto Marinho, contempla um ciclo de conversas com artistas e críticos,
projeção de filmes e documentários, e um extenso programa educativo e
interativo criado pela equipe de Educação do ICRM com a colaboração
de Fernando Cesar Sant’Anna. Completa o projeto um catálogo com ensaios e
textos críticos pensados especialmente para a exposição.
Sobre a Casa Roberto
Marinho
A
Casa Roberto Marinho foi aberta ao público como instituto cultural sem fins
lucrativos em 28 de abril de 2018, no Cosme Velho, Zona Sul do Rio de Janeiro.
A instituição foi integralmente criada com recursos próprios da família, de forma
independente, sem qualquer incentivo ou uso lei de isenção fiscal. Concebida
para promover o conhecimento através da arte e da educação, tornou-se um centro
ativo de referência e pesquisa em modernismo brasileiro, sob a direção do
arquiteto, antropólogo e curador Lauro Cavalcanti.
O acervo reunido ao longo de seis décadas pelo
jornalista Roberto Marinho (1904-2003) é especializado em modernismo brasileiro
dos anos 1930 e 1940, e abstração informal da década de 1950. O belo conjunto
de cerca de 1.400 peças cadastradas – entre pinturas,
esculturas, gravuras, objetos e desenhos – também recebeu trabalhos de
estrangeiros, como Marc Chagall (1887-1985) e Salvador Dali (1904-1989).
Com
mais de 1.200m² de área expositiva, o projeto conta com sala de cinema (com
acessibilidade), além de cafeteria e livraria especializada em publicações de
arte. O jardim, orginalmente projetado por Burle
Marx com
espécies da flora tropical, é um prolongamento da Floresta da Tijuca.
SERVIÇO:
CALDER + MIRÓ
Curadoria:
Max Perligeiro
Curadoria
do núcleo de artistas brasileiros: Paulo Venancio Filho
Abertura
pública: 19 de agosto de 2022, às 12h
Encerramento:
20 de novembro de 2022
Instituto
Casa Roberto Marinho
Rua Cosme Velho, 1105 - Rio de Janeiro
Tel: (21) 3298-9449
Visitação: terça a domingo, das 12h às 18h
(entrada até às 17h15)
(Aos sábados, domingos e feriados, a Casa Roberto Marinho abre a área
verde e a cafeteria a partir das 9h.)
Ingressos:
R$ 10 (inteira) / R$ 5 (meia entrada)
Às quartas-feiras,
a entrada é franca.
Aos domingos, “ingresso família” a R$
10 para grupos de quatro pessoas.