

Exposição " Anomalia da solidão" de José Bento
Exposição
- Nome: Exposição " Anomalia da solidão" de José Bento
- Abertura: 01 de abril 2023
- Visitação: até 06 de maio 2023
Local
- Local: Millan
- Evento Online: Não
- Endereço: Rua Fradique Coutinho, 1430 Vila Madalena, São Paulo
José Bento inaugura "Anomalia da solidão", sua nova exposição individual na Millan
Com instalações e esculturas produzidas em tipos diferentes de madeira, o artista reflete sobre o tempo cíclico da natureza e as relações entre colonialismo e mudanças climáticas.
Intitulada Anomalia da solidão, a nova individual de José Bento (1962, Salvador, BA), fica em cartaz de 1º de abril a 6 de maio na Millan e sucede Todos os olhos, realizada na galeria em 2018.
A mostra transforma o espaço expositivo por completo ao revestir todo o piso com serragem de árvores da mata atlântica, onde o artista apresenta "uma floresta" de suas reconhecidas esculturas de árvores, além de duas grandes instalações, uma no início e outra no fim do percurso da mostra. O conjunto de obras em exposição soma mais de seis toneladas de madeira.
Pica Pau, a primeira instalação vista pelo público, é formada por dois troncos gigantescos – "resgatados" pelo artista depois da queda da árvore. Dentro deles foram esculpidas tocas que se transformam em cabines de vídeo onde o visitante pode se acomodar para assistir a vídeos de pica-paus construindo um ninho e alimentando seus filhotes gravados pelo artista em sua casa, em Nova Lima, MG.
Com curadoria de Ricardo Sardenberg, que trabalha com Bento há 20 anos, o título da exposição é tomado de outra obra constituída por um tronco encontrado pelo artista. Abandonada solitária em um terreno transformado em pasto, a Peroba Rosa desenvolveu anomalias semelhantes a tumores em seu tronco. O fenômeno, chamado de "anomalia de solidão", corresponde aos últimos esforços de sobrevivência da árvore depois de ter sido subitamente isolada de sua família, conforme explica o artista.
Levado para dentro do espaço expositivo, o remanescente desta arvore traz à tona reflexões sobre como vidas não-humanas também estabelecem relações e formas de comunicação. Pensamento que perpassa a vida e o trabalho de José Bento que, além de exímio escultor, ressalta as semelhanças entre nós e os seres vegetais e é capaz de detalhar as características de cada madeira utilizada. A relação ética do artista com o meio-ambiente – e as denúncias que faz contra o desmatamento desenfreado – são visíveis pelas autorizações e relatórios de origem das madeiras emitidos pelos órgãos de fiscalização que o artista fez questão de expor ao lado das obras.
Se em seu momento inicial a exposição apresenta imagens do início da vida, ela é encerrada com Navio Tumbeiro, um monolito esculpido em madeira preta, potencializado pela referência corpórea de um caixão, disposto sobre uma maca hospitalar, numa sala totalmente escura. A obra evidencia as ligações entre a invasão colonial com o extrativismo e com o atual cenário de crise ambiental, ou ainda, com a perspectiva de que o planeta seguirá seu curso mesmo com a extinção da humanidade.
Serviço
Exposição
José Bento: Anomalia da Solidão
Abertura: 1º de abril, das 11h às 15h
Visitação: 1º de abril a 6 de maio de 2023
Seg. a sex., das 10h às 19h
Sáb., das 11h às 15h
Millan
Rua Fradique Coutinho, 1430
Vila Madalena, São Paulo
Sobre o artista
1962, Salvador, BA. Vive e trabalha em Belo Horizonte, MG.
Os trabalhos de José Bento superam os limites formais da escultura. O artista cria diálogos com a arquitetura por meio de silenciosas intervenções, de construções e desconstruções de objetos, instalações interativas, fotografias, performances e vídeos, utilizando principalmente materiais como a madeira — comumente oriunda de demolições —, a porcelana e o vidro.
Em sua primeira exposição individual, em 1989, no Paço das Artes de Belo Horizonte, o artista inaugura a discussão da relação entre os planos bi e tridimensionais a partir de maquetes e objetos construídos com palitos de picolé. Em 1992, recebe o Prêmio Brasília de Artes Plásticas, no 12° Salão Nacional de Artes Plásticas, no Rio de Janeiro. A obra Chão, site-specific cujo material, oriundo de reformas e de demolições, sobrepõe-se a camadas de molas e simula uma experiência de instabilidade ao caminhar, foi apresentada na 32ª Bienal de São Paulo, ocupando uma área de 627 m2 do Pavilhão da Bienal. Em 2018, apresentou sua primeira exposição individual na Millan, Todos os olhos.
Sobre a Millan
Fundada em 1986, a Millan se consolidou como referência nacional por fomentar a potência de cada artista, posicioná-lo dentro do mercado internacional e apoiar sua participação em grandes exposições.
A galeria trabalha com artistas em ativa produção, incluindo Alex Červený, Ana Prata, Henrique Oliveira, José Damasceno, Miguel Rio Branco, Rodrigo Andrade, Paulo Pasta, Peter Halley e Tatiana Blass, bem como espólios consolidados como de Tunga, Jaider Esbell e Feliciano Centurión.
Os sócios André Millan e Socorro de Andrade Lima dividem a direção do espaço com João Marcelo Andrade, Hena Lee e Camila Siqueira.
A Millan acaba de ganhar um terceiro espaço expositivo, também na rua Fradique Coutinho.