Exposição "Alma de Borracha" de  Marcos Pereira de Almeida
Exposição

Exposição "Alma de Borracha" de Marcos Pereira de Almeida

Exposição

  • Nome: Exposição "Alma de Borracha" de Marcos Pereira de Almeida
  • Abertura: 10 de outubro 2023
  • Visitação: até 04 de novembro 2023

Local

  • Local: Galeria Tato
  • Evento Online: Não
  • Endereço: R. Barra Funda 893. Barra Funda. São Paulo

ALMA DE BORRACHA



O céu de São Paulo varia do azul depois da chuva ao esmaecido dos dias intensamente ensolarados, chega ao marrom avermelhado lindo e letal da poluição que se avista do alto, da janela do avião, até o esbranquiçado indefinido dos dias nublados ao preto ameaçador das nuvens baixas e gordas que chegam cuspindo raios. Mas o chão, que pertence inteiramente a nós, tem a cor do asfalto, betume preto profundo que vai passando para o cinza grafite na medida em que vai sendo calcinado pelo sol, lavado pela chuva e progressivamente emborrachado pelo contato abrasivo com os pneus de carros, bicicletas, ônibus, caminhões, que não cessa nunca e, não bastasse, durante a madrugada, estilhaçando o cristal do silêncio, vem as carretas de rodas gigantescas, responsáveis pelo transporte de objetos pesados, arrastando-se morosamente pelas avenidas mais largas.


A borracha, extraída da natureza ou produzida artificialmente, é, no ponto de vista de Marcos Pereira de Almeida, e segundo a maior parte dos trabalhos que compõem sua exposição, a matéria essencial da cidade, direta e indiretamente, parte de sua carne e de sua alma, um de seus signos mais fortes. Como discordar dele?


Parte da produção recente de Marcos decorre do cinza que corre nas ruas, transborda para as calçadas, sobe pelos postes, pilares, viadutos e paralelepípedos postos em pé até alturas vertiginosas. De acordo com o nosso artista, a onipresença do cinza, só podia mesmo atrair as cores e os grafismos intensos de grafiteiros e pichadores. Afinal, é preciso acordar os edifícios espectrais registrados em imagens fotográficas, vibrar emoção em suas fachadas que fingem o rigor de uma página de um caderno de matemática.


A outra parte dessa produção vai ao âmago da questão: a borracha proveniente de pneus descartados e triturados em diferentes gramaturas, comprada em centros de reciclagem. Some-se as visões horrendas dos monturos de pneus velhos, os lixões sem vida que eles constituem, e entende-se porque são inúmeras e crescentes as aplicações desse material, seu avanço as entranhas do corpo da cidade, enredando-se em algumas de suas dimensões mais sutis. O artista vale-se desse material opaco, quase indestrutível, que exala o cheiro típico da cidade, para fazer pinturas e esculturas. Utiliza velhas lonas de caminhão pintadas com tintas vivas e ácidas, industriais, é claro, aplicadas com rolos, sobre as quais compõe camadas de grão escuro em formatos regulares, círculos, quadrados e retângulos. Um conjunto assemelha-se a um horizonte cortado, uma sugestão que a terra jaz sufocada por uma montanha desse material infértil. Há, por fim, os objetos de borracha, cujos fragmentos são aglutinados em cubos e paralelepípedos e arranjados ao lado em volumes igualmente regulares, mas pequenos e exageradamente coloridos. E por isso, porque são vívidos, ainda resistem à ação do preto, essa cor que sorve todas as outras, que devora todas as luzes.


Agnaldo Farias



Serviço:


Alma de Borracha

Marcos Pereira de Almeida

curadoria Agnaldo Farias

Abertura 10/10 terça das 17h às 22h

Período expositivo 11/10 a 04/11/2023

Quarta a sábado das 13h às 17h


Galeria Tato

R. Barra Funda 893. Barra Funda. São Paulo - SP.

www.galeriatato.com @galeriatato tato@galeriatato.com



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