SÃO PAULO
/2020
Sonhos, liberdade e resistência
R$ 8.800,00
Ficha Técnica
Ano: 2020
Pintura
Técnica Mista
Contemporâneo Abstrato
Monocromático
90 cm 120 cm 3 cm
Descrição
Sonhos, liberdade e resistência. Série Utopias e Ruínas, 2021, colagem de jornal, cimento queimado acrílico, chapa de aço corten, fita adesiva de cobre e de tecido sobre tela. Díptico, 120cm x 90cm.
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A cidade e sua gramática. Sua sintaxe de pressa, seu ir-e-vir conectado às linhas de uma organização urbana, seu sistema metroviário; o abismo que se estabelece entre nós. A cidade em seu fluxo contínuo almeja um progresso sem atenção, e é mais uma vez ao revés desse movimento que Marina Rodrigues se lança na série “Utopias e Ruínas”. Uma nova abordagem em seu trabalho, uma espécie de ruptura de continuidade, onde o novo se soma a uma obstinada pesquisa; uma nova camada sobre a sua Tape Art e sua geometrização urbana. Como quem atravessa São Paulo em 2020, e questiona para onde está indo esse fluxo, Marina recolhe o rumor da rua: jornais, revistas antigas e vestígios escritos de nosso tempo passam a incorporar suas telas. Muito mais do que a inserção de um objeto cotidiano, que a uma rápida intuição já nos remete ao cubismo de Picasso e George Braque, a artista convoca a memória, ou mesmo o silenciamento desses objetos, condenados ao perecível, já que mesmo as notícias têm o seu progresso. Se antes falávamos de uma geometria sensível em seu trabalho, hoje já podemos falar de uma espécie de geometria crítica. Crítica, no sentido de que não se abstém de sua potência estética, ao mesmo tempo em que passa a dialogar com novos elementos; e esse diálogo é político, e é conceitual. Seu gesto traduz esse aspecto profundamente existencial: o presente é o tempo de convívio com ecos, a voz que sobra do passado e o rumor incerto do futuro, é o tempo agônico e o único atuante. Marina os sobrepõe, homenageia essa pólis geométrica e convoca a sensibilidade da impermanência. Seu gesto alude ao nosso tempo, os jornais gastos, o imperativo da ordem: um tempo em que toda promessa de utopia só pode ser a arqueologia de nossas ruínas.
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