Exposição individual "Ventar o tempo", de Bruno Lyfe
Exposição

Exposição individual "Ventar o tempo", de Bruno Lyfe

Exposição

  • Nome: Exposição individual "Ventar o tempo", de Bruno Lyfe
  • Abertura: 28 de maio 2025
  • Visitação: até 05 de julho 2025

Local

  • Local: Anita Schwartz Galeria de Arte
  • Evento Online: Não
  • Endereço: R. José Roberto Macedo Soares, 30 – Gávea

Ventar o tempo, de Bruno Lyfe


Mostra reúne 12 pinturas inéditas do artista carioca produzidas em 2025


Trabalhos questionam protagonismos e subvertem a história a partir de símbolos coloniais e memórias invisibilizadas



No dia 28 de maio de 2025, às 19h, a Anita Schwartz Galeria de Arte inaugura Ventar o tempo, primeira exposição individual do carioca Bruno Lyfe no espaço. A mostra reúne 12 pinturas inéditas, produzidas neste ano, em que o artista tensiona a memória como território simbólico e político, subvertendo referências da história para reescrever narrativas silenciadas. “Esse projeto busca o encontro com a autoimagem e a reescrita de nossas histórias, abrangendo um legado imagético que desejamos conjurar", resume Lyfe.


“Bruno Lyfe destacou-se entre os mais de 700 artistas brasileiros e estrangeiros inscritos na edição 2024 do GAS, projeto realizado pela galeria com a intenção de promover novas vozes da arte contemporânea. Seu trabalho conquistou reconhecimento internacional, com aquisição pelo Pérez Art Museum Miami, e representa com força poética e rigor formal as narrativas periféricas brasileiras. É um artista que projeta o futuro”, afirma Anita Schwartz.


A dinâmica da memória, a pintura equestre e a azulejaria barroca portuguesa são os três eixos da atual pesquisa do artista, que pautam o conjunto de pinturas selecionado para a exposição. As obras exploram um repertório iconográfico com narrativas de vida e corpos sub-representados no decorrer de uma história da arte eurocentrada e embranquecida. “Minha obra será uma reconquista da imagem, um mecanismo de recomposição que promove paridade e reconhecimento identitário, abrangendo diversos fenótipos e dando voz a histórias que precisam ser contadas", afirma.


“O Bruno tem uma maneira muito particular de produzir e pintar, que dialoga profundamente com sua geração, com o momento político nas artes visuais e com artistas que vieram antes dele e ajudaram a constituir o que entendemos como história da arte brasileira. É uma geração comprometida com a revisão das narrativas históricas", comenta a pesquisadora, artista e professora Lorraine Mendes, atual curadora da Pinacoteca de São Paulo, que assina o texto crítico da exposição.


Aos 34 anos, Bruno Lyfe desenvolve uma produção marcada pelo uso expressivo da cor e pela construção de composições densas e fragmentadas. Em suas pinturas, camadas de tinta e imagens sobrepostas criam uma espécie de colagem – resultado de um processo criativo que parte de uma intensa coleta de referências visuais, especialmente de um arquivo pessoal de fotografias do cotidiano. “Gosto de montar as imagens como quem organiza fragmentos de memória e realidade”, afirma o artista. “O dia a dia no ateliê é muito sobre experimentar, ajustar e escutar o que a pintura pede. É onde consigo, de forma concentrada, transformar vivências em pintura”.


Essas vivências aparecem com força na obra de Lyfe, nascido e criado em Ramos, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Elementos presentes no cotidiano do subúrbio carioca — como caixas d’água, cadeiras de plástico e cobogós (tijolos vazados) — ganham protagonismo como símbolos de uma cultura visual frequentemente marginalizada. A valorização da estética periférica também se manifesta na paleta vibrante de suas telas, influenciada pelo grafite, linguagem que marcou o seu início nas artes, em 2009, e funcionou como primeira escola. Mais tarde, Lyfe aprofundou sua formação acadêmica em pintura na Escola de Belas Artes da UFRJ e no Parque Lage, ampliando seu repertório técnico e conceitual, e consolidando uma linguagem capaz de transitar pelo circuito institucional e pelo mercado de arte.


Ventar o tempo amplia o seu percurso ao reunir 12 trabalhos que reafirmam sua pintura como instrumento de disputa simbólica no campo da história da arte. Ao incorporar referências como o gênero equestre e os azulejos barrocos portugueses — ícones da tradição colonial — o artista desloca símbolos de poder para novas leituras. “Subverter essas referências é ressignificar símbolos e reivindicar espaços para narrativas que sempre existiram, mas foram historicamente silenciadas”, afirma.


Entre os destaques da exposição está a obra Em silêncio sentindo o que não foi dito (180 x 135 cm), inspirada na estátua equestre de D. Pedro I, instalada na Praça Tiradentes, no centro do Rio. Primeiro monumento público do país, foi erguido em um momento de crise do Império como tentativa de reafirmação de poder. O que chama a atenção de Lyfe, no entanto, não é a figura central, mas os elementos quase invisíveis da base: alegorias dos povos originários associadas aos principais rios do Brasil, que seguem à margem da narrativa oficial.


“Essa pintura tem um significado especial para mim, porque sintetiza bem o que essa mostra representa — especialmente a reflexão sobre a dinâmica da memória”, afirma o artista. “Ao trazer essas figuras indígenas para o centro da cena, busquei deslocar o foco da narrativa de poder e questionar como certos corpos e histórias são relegados ao plano de fundo. É uma obra sobre reverter hierarquias visuais e pensar quem são os verdadeiros protagonistas quando falamos de território e memória”.


Esse gesto de inversão aparece também em Cavalgar contra a história para não sumir com ela (220x160 cm) e Eu sou a volta por cima (177x135 cm), em que meninos negros montados a cavalo ocupam o lugar antes reservado a heróis da história oficial. Nos trabalhos Ponte entre o chão e o céu (180x180 cm), A margem não alcança o que salta (250x180cm), Seguimos brincando (180x135 cm) e no díptico Anjos e dança (180 x 180 cm, executado em acrílica e óleo sobre madeira recortada), os corpos infantis dançam, brincam e, eventualmente, voam. O movimento dos corpos também está presente na obra Estamos aqui, como quem guarda o que ainda resta (180x135 cm), em que mulheres em trajes de baiana avançam no mar, em direção às caravelas portuguesas.


Sob os ecos da repercussão gerada pela integração da obra da série Look Mom, I Can Fly ao projeto arquitetônico da casa da cantora Anitta, Ventar o tempo marca um desdobramento relevante na carreira de Lyfe. “É um momento importante, pois representa uma nova etapa na minha trajetória, com a oportunidade de apresentar um corpo de obras mais amplo e consolidado”, comentou o artista em entrevista à Casa Vogue, em fevereiro deste ano.



Sobre Bruno Lyfe


Bruno Lyfe (Rio de Janeiro, 1991) vive e trabalha em Ramos, bairro do subúrbio do Rio de Janeiro. Seu primeiro contato com o campo das artes ocorreu no final da adolescência, quando foi introduzido ao graffiti. Esse encontro inicial despertou seu interesse e o levou a buscar qualificação e aprofundamento no universo artístico. Frequentou os cursos de Concepção e Fundamentação na EAV do Parque Lage entre 2012 e 2013. Posteriormente, formou-se em Pintura pela Escola de Belas Artes da UFRJ em 2018 e, em 2023, concluiu sua formação na Elã, escola livre de Artes do Galpão Bela Maré.


Sua prática artística possui uma linguagem plástica marcada pela imposição da linha e da forma, combinada a intensos cromatismos, sobreposições e justaposições de elementos. Esses recursos criam uma multiplicidade de acontecimentos em que figura e fundo se transbordam, resultando em obras que evocam uma estética de colagem. As composições de Bruno são cuidadosamente planejadas, editadas e fragmentadas, construídas por meio de camadas, enquadramentos e acúmulos.


A figuração ocupa o centro de sua prática artística, sendo o ponto de partida para suas explorações visuais. Bruno Lyfe tateia questões figurativas, trabalhando na edição e construção de imagens que elaboram cenários complexos e figuras que mimetizam o espaço. Suas cenas, frequentemente situadas no limiar entre o corriqueiro e o irreal, revelam uma sofisticação técnica ímpar. Esse domínio se manifesta na construção imagética detalhada, com uma paleta de cores vibrante que dialoga com o estilo Pop, mas que finca suas raízes retóricas na periferia onde vive e na história que o molda.


Seu trabalho é uma narrativa visual que reflete tanto as vivências do cotidiano quanto as nuances de sua experiência no subúrbio carioca, ressignificando elementos locais em produções que equilibram sensibilidade artística e profundidade simbólica.



Sobre a Anita Schwartz Galeria de Arte


Desde meados dos anos 80, Anita Schwartz participa ativamente na construção e consolidação da carreira de artistas com produções atemporais, apoiando no desenvolvimento profissional e na projeção e reconhecimento de suas poéticas, através de parcerias com galerias, museus e instituições culturais internacionais e da participação nas principais feiras de arte contemporânea.


Em 1998 Anita Schwartz inaugura a galeria de arte contemporânea que levará seu nome. No ano de 2008, é transferida para novo espaço com projeto assinado pelo escritório Cadas Arquitetura, tornando-se a galeria pioneira no Brasil com edifício sede especialmente planejado. Com aproximadamente 700 metros quadrados de área distribuídos em três andares, oferece salão principal de 110 metros quadrados e pé direito de 7,2 m para receber grandes mostras, instalações e projetos especiais. No segundo andar, uma sala de exposições de 60 metros quadrados e terraço com um container destinado a videoinstalações, que comporta até 20 espectadores.



Serviço


VENTAR O TEMPO, de Bruno Lyfe


Abertura: 28 de maio de 2025, às 19h

Encerramento: 05 de julho de 2025


Anita Schwartz Galeria de Arte

R. José Roberto Macedo Soares, 30 – Gávea

Rio de Janeiro | RJ

Tel: (21) 2540-6446 | (21) 99603-0435


Website: https://www.anitaschwartz.com.br/

Instagram: @galeria_anitaschwartz

Visitação: segunda a sexta, das 10h às 19h; sábado, das 12h às 18h

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