Ricardo Takamura
BIOGRAFIA
Fotógrafo autoral baseado em São José dos Campos – SP, manifesta em suas fotografias de paisagens noturnas realidades quase que surreais, que estão ocultas aos nossos olhos. Desde cedo se relacionou com a arte, ainda jovem começou a pintar e a esculpir em madeira, apaixonado por luz, dedicou-se por um tempo a criação de esculturas com luz e luminárias. Quando começou a se dedicar à fotografia, trouxe toda a inspiração e conhecimento que adquiriu na arte. O seu trabalho se relaciona de perto com a fotografia cinematográfica, buscando congelar momentos como se fossem um único frame de um filme parado no tempo, transmitindo sensibilidade e emoção. Atualmente vem se dedicando a difícil tarefa de aproximar a fotografia contemporânea com o seu trabalho de fotografia noturna e natureza, criando séries que se conectam com a fotografia encenada, e remetem a cenários de filmes de ficção científica.
DECLARAÇÃO DO ARTISTA
A minha relação com a minha fotografia remete a minha infância. Eu cresci em um sítio em uma área de transição entre a cidade e a zona rural, próximo à cidade, e ao mesmo tempo longe de tudo.
Quando criança eu me apaixonei por cinema, filmes e contos de ficção científica, e essa vivência em uma zona parcialmente rural e a paixão por contos de ficção científica me despertaram uma interesse pelo desconhecido.
Com frequência eu me aventurava nas pequenas matas no entorno da minha casa durante a noite. O mistério da noite me encantava e ao mesmo tempo me despertava um medo do desconhecido, o que a noite escondia?
Ao mesmo tempo fui me encantando por um céu que ainda era estrelado no entorno da minha casa, com o tempo a cidade foi crescendo e as luzes tomaram conta do céu, e as estrelas foram desaparecendo.
Eu cresci com uma Kodak Instamax e uma Polaroid que estava sempre sem filme, os preços eram proibitivos na época. Com o tempo fui tomando conta de uma câmera da família, mas a fotografia que sempre me despertou uma paixão acabou ficando de lado e eu fui me dedicando a outras artes.
Por algum tempo me voltei para a pintura com acrílico e logo comecei a me interessar por esculturas em madeira. A luz que sempre foi presente na minha vida, quando criança eu tinha milhares de lanternas comigo o tempo todo, se transformou em uma paixão por modelar a luz, e comecei a desenhar luminárias esculpidas em madeira e ferro.
Por um bom tempo eu me dediquei à pintura e à escultura, sem pretensões de transformar a arte em um meio de vida, e acabei deixando a fotografia de lado, foi só com a chegada das primeiras câmeras digitais que eu comecei a me interessar novamente pela fotografia.
Livre dos gastos exorbitantes com filmes fotográficos, comecei a experimentar novos processos, as câmeras digitais agora me permitiam ver uma luz que estava além dos meus olhos. E me encantou que esta luz tão tênue e suave pudesse ser moldada e através dela eu poderia mostrar um mundo imaginário que era só meu.
E assim a fotografia se uniu com a minha antiga paixão por cinema e contos de ficção científica, e cada vez mais me interessei em contar histórias dentro das minhas fotografias. Ao mesmo tempo, quase sempre as histórias que eu estava contando eram sobre nada, quase como se elas estivessem retratando um vazio poético, uma pausa ou um respiro entre uma ação e outra em um filme.
Esta pausa tem um nome na cultura oriental, “Ma”, que significa pausa (ou intervalo) em japonês, e fala sobre a importância do vazio. Hoje muito da minha obra fala sobre este vazio, um momento de paz em um mundo imaginário, transitando entre a fotografia encenada e a cinematográfica.
Por: Ricardo Takamura