Mario Baptista
“A fotografia ampliou a visão das massas”, na opinião certeira da fotógrafa e historiadora franco-alemã Gisèle Freund, e se tornou o mais poderoso e difundido instrumento de descrição e interpretação plástica do mundo visível.
Assim que as câmeras se tornaram mais leves, surgiu um novo personagem, aquele que anda por aí de olhar atento, colhendo momentos. Na tradição europeia, ficou conhecido como fotógrafo flâneur, um pouco romântico, combinando rigor e maravilhamento. Do lado norte-americano, o street photographer abordou de forma incisiva e contundente a cultura urbana, construindo um modelo reproduzido mundo afora.
Mário Baptista bebeu nessa fonte, mas faz um caminho próprio que vai além do simples registro de um acaso interessante. Na sua obra, a subjetividade parece ter sido acessada por um detalhe do mundo visível, como se um canal invisível ligasse a cena enfocada ao âmago do fotógrafo. Com perfeito domínio da técnica e, sobretudo, da cor, seu olhar desentoca, ressignifica, provoca epifanias plásticas.
Ao perambular pelas ruas, são os próprios caminhos de si que Mário Baptista percorre. (Milton Guran)
Fotógrafo e empresário, formado pela ESPM, com especialização na Harvard Business School e Gestão Estratégica e Inovação na Wharton Business School.
Em 2019 Mario começou a concretizar o sonho de uma vida inteira, de se tornar um fotógrafo "profissional”, e o mercado de arte parece ter gostado desta decisão, sendo que desde então tem sido premiado em alguns concursos internacionais. Fez sua primeira mostra em 2021, intitulada "Cidade Errante" sob curadoria do crítico Eder Chiodetto, e teve a oportunidade de expor seu trabalho em algumas revistas do segmento e em renomadas feiras de arte, como uma mostra individual na Art Sampa e o prêmio de segundo colocado no festival FotoDoc, ambas em 2022.
Mario Baptista molda sua percepção diante da paisagem urbana e humana da capital paulista, que é uma temática recorrente em suas fotos. Sem alterar a essência do que acontece em cena, atua como se estivesse espionando por uma fechadura. Busca registrar o que pensa sobre a vida no outro e busca o outro em si, estabelecendo uma conexão. No momento do clique, é inquietação versus reflexão. Procura a espontaneidade de momentos, revelando a singularidade de cada indivíduo provocando reflexões sobre algumas questões sociais.
Por fim, desenha com a sombra e não com a luz, sendo que, para ele, esta última é poesia que se transforma em ferramenta para esculpir a cidade.
Por: Mario Baptista