Jadir Joao Egideo
Jadir João Egídio
Jadir João Egídio nasceu em Divinópolis, MG, em 1931, e entre outras ocupações singelas, foi amansador de cavalos, peão e batedor de manteiga, até poder comprar uma carroça e tornar-se entregador de mercadorias.
A vida ia seguindo seu curso até que em 1968, ao completar a descida por uma estradinha rural que circundava um grande morro, foi acometido por um mau pressentimento: avistou um tenebroso caminhão que iniciava o percurso descendente e sentiu que corria perigo. Manobrou rápido: encostou o mais que pôde a carroça e o cavalo no barranco, mas foi inútil. Foram arrastados, morto o animal e Jadir seriamente ferido, principalmente nas costas, tormento do qual nunca mais se recuperaria de todo.
Seguiu-se um período de sofrimento e penúria. Mas, duro na queda, Jadir recomeçou a vida produzindo arreios e chicotes.
Certa vez reparou num galho que sua esposa Cecília trouxe para queimar no fogão de lenha e teve vontade de pegar o canivete e entalhar. E viu surgir algo que o deixou muito admirado. O primeiro freguês a quem mostrou a peça logo a quis comprar e ofereceu um valor muitas vezes superior aos utensílios que Jadir costumava produzir.
Alegre com a descoberta, e muito católico, logo Jadir estava entalhando santos e cenas da Bíblia, seu tema até hoje. Começava assim, a partir de um momento de desamparo e dor, uma carreira marcada por importantes participações. Dentre elas algumas com curadoria de Emanoel Araújo, como “Negras Memórias, Memórias de Negros”, “Brasileiros, Brasileiras” e a Mostra do Redescobrimento “Brasil 500 Anos”.
Uma das características fundamentais da obra desse escultor reside no fato de suas raízes não se situarem no Barroco, como quase todos os outros artistas de inspiração bíblica atuantes no Brasil. Jadir João Egidio é anterior. Ele emerge das fontes iniciais da iconografia cristã, do românico e do gótico arcaico.
Como pode alguém de seu extrato social, que não lê, não consulta livros nem sabe coisa alguma sobre museus e história da Arte, provir de uma raiz assim?
Esse é um dos muitos e misteriosos encantos da arte popular do Brasil.
Por: Galeria Brasiliana