Evandro Carlos Jardim (São Paulo, 1935) inicia seu trabalho em arte na década de 1950. Freqüenta espaços como o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp) e convive com personagens importantes da história do modernismo da cidade de São Paulo, entre os quais Sérgio Milliet (1898-1966). Em 1953, matricula-se na Escola de Belas Artes de São Paulo, estudando com Joaquim da Rocha Ferreira e Vicente Larocca. Através das bienais, entra em contato com parte da produção moderna internacional. Interessa-se por artistas como Edvard Munch (1863-1944), Oskar Kokoschka (1886-1980) e Giorgio Morandi (1890-1964).
Na época da faculdade, inicia-se em gravura em metal com Francesc Domingo Segura. Em seus primeiros trabalhos, a gravura se assemelha ao desenho. Jardim risca a chapa de cobre com buril e ponta-seca, procurando aprimoramento técnico. Progressivamente, aumentam as zonas gravadas nas chapas. As formas são conquistadas pelo domínio das técnicas da água-tinta e da água-forte. Em suas gravuras dos anos de 1960, o artista relaciona registros técnicos e estéticos diferentes. Vemos figuras mais realistas combinadas com formas geométricas e grafismos gestuais. Na série Interlagos, 1967, mistura grandes formas negras com desenhos manchados da paisagem urbana.
Depois de uma longa experiência como professor no ensino secundário, inicia sua carreira no ensino superior, primeiro na Escola de Belas Artes, em 1970, e posteriormente na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Realiza, em 1973, a individual À Noite, no Quarto de Cima, Cruzeiro do Sul, Lat. Sul 23º32'36", Long. W. Gr. 46º37'59", no Masp, onde apresenta gravuras e objetos tridimensionais em bronze, ferro, alumínio e madeira. Nas gravuras, trabalha com um repertório reduzido de imagens. As mesmas formas aparecem em diferentes trabalhos, com novos significados. Já nesse momento, como em grande parte de sua obra madura, aproveita-se dos diferentes registros gráficos e de gêneros de arte para representar imagens e temas cotidianos. A partir de 1976, realiza estampas detalhistas, onde explora a natureza-morta, o retrato e a paisagem. Na mesma década, Jardim passa a pintar com maior intensidade incentivado por seu marchand, o artista Antônio Maluf (1926-2005).
Na década de 1980, as figuras ganham maior independência. Jardim não ambienta as cenas, nem estabelece relações hierárquicas entre as formas impressas. As figuras não têm vínculo formal, são justapostas. Associam-se pela proximidade no papel e, juntas, costuram narrativas sobre a cidade de São Paulo. Em 1991, exibe a série Figuras Jacentes, na Galeria São Paulo. Ali, a relação entre os elementos é ainda mais rarefeita. O artista distribui as imagens em um papel em branco, manchado e dividido em quadriláteros. As imagens não seguem nenhuma ordem, estabelecendo relações inesperadas umas com as outras.
fonte Itaú Cultural
Por: Galeria Gravura Brasileira